Ao cair da noite dessa segunda-feira, 12, o reitor Angelo Antoniolli participou da inauguração do Memorial da Democracia, no campus de São Cristóvão. Ao lado de Fernando Sá, professor que idealizou o memorial, ele falou sobre a importância do projeto como um resgate da memória de um período histórico do Brasil. "Com essa praça estamos recuperando a memória do nosso povo. Estamos começando um processo de recuperação e valorização do processo democrático. Agora a comunidade sergipana precisa se apropriar desse espaço", afirmou.
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Em seu discurso, o reitor falou ainda sobre a importância do dia para a história da Universidade Federal de Sergipe. "Hoje é um dia especial para a universidade porque não estamos inaugurando apenas uma praça, mas um lugar que traz a memória de um povo que para se fortalecer e buscar sua dignidade, precisa conhecer sua História".
O espaço, que fica localizado na área central do campus, ganhou um projeto elaborado pelos arquitetos César Henrique Matos e Silva, Júlio Santana e Cléo Maia, da Divisão de Projetos da UFS (Dipro/ Infraufs).
Idealização do memorial
Personagem vivo da luta pela redemocratização do país após o golpe de 1964, que instaurou a ditadura militar no Brasil, Fernando Sá, professor do Departamento de História (DHI), se diz orgulhoso de inaugurar um espaço de convivência que evoca o espírito democrático. "Essa praça tem o papel de trazer para as novas gerações a importância da consolidação, manutenção e luta democrática", afirmou.
O professor conta que a ideia do projeto surgiu de um incômodo frente a uma vertente das manifestações que ocorreram no Brasil em 2014, cujos ideais aludiam e olhavam com nostalgia o período da ditadura militar. "Em 1984 nós lutávamos por uma democracia e era tempo de refletir. Cinquenta anos depois do golpe de 64, tínhamos uma movimentação na sociedade que voltava-se a esse passado com uma leitura simpática à ditadura. Aquilo me incomodou profundamente porque a democracia deve ser o valor universal das sociedades".
Segundo o professor, a proposta do projeto vai além da estética do espaço. "Nós entendemos que esse memorial só vai ter sentido para a comunidade se proporcionar também a produção do conhecimento. Queremos abrir um laboratório de memória, verdade e justiça e implementar novas pesquisas sobre Arte, História e memórias das ditaduras que vivemos", disse.
Projeto urbanístico
Um dos arquitetos responsável pelo projeto foi Júlio Santana, da Dipro/Infraufs. Ele conta que a complexidade conceitual do memorial tem muito a ver com a semântica proposta para o espaço.
"Por ser um memorial tínhamos o desafio de colocar essas frases que rodeiam a praça e pensar em cada mobiliário para ter uma semântica forte e um apelo visual agradável. Os painéis de concreto criam uma semântica espacial que faz com que os visitantes tenham interessem em percorrer esses caminhos", afirmou. "A ideia é fazer justamente um passeio, uma viagem reflexiva dentro do espaço da praça para que se possa entender um pouco da História e memória da democracia e apreciar o espaço também de maneira contemplativa".
Júlio ainda disse que a equipe que trabalhou no projeto ficou surpresa após a conclusão das obras, pois perceberam que era uma demanda reprimida da comunidade universitária. "A apropriação foi imediata e muito boa. É isso que nos deixa feliz pois atingimos nosso objetivo, não só de enfatizar a questão da democracia, mas também de ser um espaço agradável de contemplação pra comunidade acadêmica de integração e de vivência".
Reocupação do espaço
O Memorial da Democracia é agora um espaço de convivência e sociabilidade dos estudantes e funcionários da UFS. O estudante de Ciências Contábeis Rhuan Nunes ingressou na instituição em 2008 e está em sua segunda graduação. Ele passou por todo o processo de reorganização do espaço.
"Eu acho que esse espaço agrega bem mais que o antigo, em questão de conforto e bem-estar visual. Agora me sinto mais à vontade para vim estudar aqui, sentar na grama com meus amigos", afirmou.
Mas mais do que um espaço de convivência, o memorial também é um marco na história de Marcélio Bonfim. Convidado para discursar no evento, Marcélio não conhece a ditadura pelos livros, mas pela vivência. Durante sua fala, ele pontuou a necessidade de uma comissão capaz de investigar os abusos cometidos pelo regime com professores, estudantes e funcionários públicos e parabenizou a UFS pela iniciativa.
"Quero parabenizar a UFS por inaugurar esses espaço para que a comunidade universitária venha discutir e relembrar a ditadura. Porque quem não lembra não tem o direito de criticar o presente e não tem direito de sonhar com o futuro".
Ascom
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