Dando continuidade à programação da IV Semana Acadêmica e Cultural da UFS (Semac), estudantes de diversos cursos se reuniram na manhã desta quarta-feira, 22, para debater a saúde mental na graduação.
O tema foi ministrado em palestra pela psicóloga Denise De Souza Silva, que ressaltou a importância da participação e da compreensão de pais, professores, amigos e familiares no decorrer da vida acadêmica dos estudantes.
Segundo ela, a universidade é um reflexo da sociedade e das pressões que a mesma exerce sobre os indivíduos. Dessa forma, é comum que os estudantes se sintam pressionados pelas atividades acadêmicas e que muitos professores cobrem uma rotina que ainda não havia sido vivenciada. No entanto, essa “pressão” não pode, de forma alguma, interferir na saúde mental dos graduandos.
“É preciso observar que o ingresso na graduação já é uma escolha difícil para o estudante, que, aos 17, 18, 19 anos precisa escolher, dentre tantas opções, a que quer seguir, em teoria, para uma vida inteira. Isso, por si só, já gera uma carga emocional muito grande e, consequentemente, questões afetivas que podem desencadear transtornos como ansiedade, pânico e depressão, dentre tantos outros”, relata a psicóloga.
A estudante de Farmácia Natália Sales, 19, diz ter sofrido bastante com a ansiedade nos primeiros períodos da graduação. “Ficava com medo de não dar conta dos materiais que os professores passavam e dos prazos. Passei a não dormir bem, a me cobrar excessivamente, a me afastar dos amigos e da família. Eu me isolava e, ao mesmo tempo, queria pedir ajuda, mas me cobrava pela responsabilidade, que era só minha. Foi então que resolvi pedir ajuda profissional e hoje estou bem melhor”, explica Natália.
Denise ressalta que essa ansiedade é uma característica bastante comum entre os graduandos, mas que o seu limite deve ser observado, sendo a ajuda profissional muito importante no processo de passagem pela graduação, uma vez que, sem ela, podem ocorrer sofrimentos desnecessários à vida do estudante, culminando em casos extremos, como uma depressão profunda e até mesmo o suicídio.
“Infelizmente, muitas pessoas ainda enxergam o acompanhamento psicológico como um tabu, uma fraqueza ou algo parecido, mas não é. É um cuidado como qualquer outro que temos com o nosso corpo. Mente e corpo não se dissociam. Se um está doente, o outro vai adoecer também e isso é de essencial compreensão. Ansiedade, depressão, pânico são doenças que retratam cada vez mais a sociedade imediatista na qual vivemos e isso requer uam atenção especial mesmo”, diz a psicóloga.
Para o estudante de Administração Rafael Santos, 21, o debate pode sanar dúvidas sobre os transtornos mentais e, sobretudo, tranqüilizar os estudantes no que diz respeito às aflições da vida acadêmica.
“Esses debates são importantes não só pela discussão em si, mas para aproximar os estudantes, compartilhar as vivências em cada curso, departamento. É bom ver que todo mundo está junto, na mesma situação, e principalmente, que existem meios de amenizar as dificuldades”, explica o estudante.
Jéssica Vieira
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