A Universidade Federal de Sergipe comemorou 50 anos no último 15 de maio. Por conta da data, a instituição homenageou alguns nomes daqueles que contribuíram para a sua construção. A solenidade ocorreu no Teatro Tobias Barreto, em Aracaju.
Veja abaixo o texto lido durante a cerimônia, que foi produzido por Ednalva Freire Caetano, pró-reitora de Gestão de Pessoas, e as fotos dos que receberam a medalha comemorativa das mãos do reitor Angelo Antoniolli e da vice Iara Campelo.
“O dia 15 de maio é um dia de festa para a nossa universidade. É uma data que marca o nascimento daquela que é, nas palavras do Reitor José Aloísio de Campos “patrimônio do povo sergipano, centro autônomo de elaboração do saber, a serviço dos interesses da comunidade, participante da construção de uma sociedade livre, mais justa e mais humana.”
A luta pela criação de uma universidade pública em Sergipe remonta ao final da década de 50 e o percurso jurídico que resultou na sua criação tem origem com a Lei Estadual nº 1.194, de 11 de julho de 1963, que autorizou a transferência dos bens dos estabelecimentos de ensino superior existentes no Estado para compor o patrimônio da nova Instituição. Em 28 de fevereiro de 1967, o Decreto-Lei nº 269 criou A Universidade Federal de Sergipe. Essa nova Instituição, formada a partir da reunião de todas as escolas superiores e faculdades então existentes em Sergipe, foi instalada em solenidade oficial, realizada no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, em 15 de maio de 1968.
O movimento em prol da criação da universidade envolveu muitos atores sociais como o Estado, a Igreja, os intelectuais os estudantes e a sociedade em geral. Vários nomes se destacaram nessa criação, porém, na impossibilidade de retratarmos todos eles, a nossa homenagem é dirigida a uma figura que, pelo grau de envolvimento, se destacou nesse processo.
No dia 12 de março de 1951 foi instalada a Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, funcionando provisoriamente no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, em reunião da congregação na qual foi eleito o Padre Luciano Cabral Duarte como primeiro diretor. Como professor, lecionou Filosofia, Latim e Psicologia. Para abrir novos caminhos e preocupado com a excelência do seu trabalho, foi doutorar-se em Filosofia pela Sorbonne, na França, cuja tese foi defendida em 1957 obtendo a menção “trés honorable”.
Em 1963, D. Luciano José Cabral Duarte é nomeado para o Conselho Estadual de Educação, assumindo, em seguida a presidência da Câmara de Ensino Superior. É, então, designado pelo Secretário de Educação, Luiz Rabelo Leite, para coordenar um grupo de trabalho, visando à criação de uma universidade federal em Sergipe.
Logo após o ato de criação da Fundação Universidade Federal de Sergipe foi nomeado o Conselho Diretor que ficou encarregado de elaborar os estatutos da nova fundação. No dia 30 de setembro de 1967 D. Luciano foi eleito Presidente da Fundação Universidade Federal de Sergipe função que exerceu durante três mandatos consecutivos de dois anos.
Em 07 de março de 1968 D. Luciano foi nomeado membro do Conselho Federal de Educação, onde permaneceu por mais de quinze anos.
A contribuição de D. Luciano Cabral Duarte para a criação, instalação e manutenção da Universidade Federal de Sergipe nesses 50 anos é atestada por todos aqueles que tiveram o privilégio de participar da sua convivência.
A constituição da Universidade Federal de Sergipe deu-se inicialmente através dos seguintes estabelecimentos: Escola de Química de Sergipe que passou a denominar-se Instituto de Química; Faculdade de Ciências Econômicas de Sergipe que manteve o mesmo nome, Escola de Serviço Social que passou a chamar-se Faculdade de Serviço Social, Faculdade de Medicina, Faculdade de Direito e a Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, inaugurada em 1951, e que desmembrou-se em Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Faculdade de Educação e Faculdade de Letras.
Os primeiros Diretores dessas Instituições que agora compunham a Universidade Federal de Sergipe foram os que nomearemos a seguir e a quem convidamos para receber as suas medalhas.
O Ginásio de Aplicação foi fundado em 30 de junho de 1959 e funcionou no prédio da Faculdade de Filosofia com a finalidade de servir como oficina educacional e campo de estágio par os estudantes de Licenciatura.
Em maio de 1968 com a incorporação da Faculdade Católica de Filosofia à UFS foi incorporado também o Ginásio de Aplicação que passou a ser dependente da UFS e, em 1969 passa a denominar-se Colégio de Aplicação pela Portaria nº 147 do Ministério da Educação e Cultura.
Os estudantes sergipanos tiveram um papel importante nas discussões que antecederam a criação e instalação da Universidade. Pelo menos em dois congressos foram feitas discussões calorosas sobre reforma universitária e sobre a forma como a Universidade seria instituída.
As representações estudantis que compunham a universidade em maio de 1968 estavam distribuídas pelos Diretórios Acadêmicos das Faculdades ou Escolas então existentes e pelo Centro Acadêmico Silvio Romero da Faculdade de Direito.
Os primeiros estudantes eleitos para representarem o corpo discente no Conselho Diretor da Fundação Universidade Federal de Sergipe e que estiveram presentes na sessão solene de instalação foram: Francisco Carlos Nascimento Varella do Instituto de Química e João Bosco Rollemberg Côrtes da Faculdade de Serviço Social.
A nova instituição, formada a partir da reunião de todas as escolas superiores e faculdades então existentes em Sergipe, foi instalada em 15 de maio de 1968. Sob esse novo contexto institucional, os estudantes encontrariam as condições políticas para lutar pela criação do Diretório Central dos Estudantes. Assim, em agosto do mesmo ano, foi realizada a primeira eleição para o DCE/UFS sendo eleito presidente o então estudante de Direito João Augusto Gama da Silva, empossado no dia 30 de agosto, representando todos os estudantes que lutaram pelas causas universitárias e pela redemocratização do país.
Reprimidos pelo modelo autoritário então vigente no país os servidores da UFS só viriam formalizar a sua organização seis anos depois, em maio de 1974, inicialmente em forma de Associação de Servidores da UFS, agregando professores e técnicos cujo primeiro presidente foi o professor Gildo Guimarães de Carvalho, representando, nesse gesto, todos os servidores da UFS.
Em 1979 com o processo de abertura política do regime autoritário foi criada, em 10 de novembro, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe, como órgão sindical filiada à Associação Nacional dos Docentes, cujo primeiro presidente foi o Prof. José Silvério Leite Fontes. A Medalha a ele conferida simboliza todos os docentes que lutaram e ainda lutam por uma Universidade Pública.
A primeira universidade de Sergipe nasceu do tamanho das condições objetivas que o pequeno Estado de Sergipe oferecia. Assim a sua estrutura administrativa é adequada ás suas necessidades. A Universidade nasce com dez cursos oferecidos pelas seis faculdades que a compõem e possui 638 alunos. Além do Conselho Diretor e da Reitoria, ela era composta por duas Superintendências sendo uma Acadêmica e uma Administrativa subdivididas em Departamentos. Todas as pessoas que chamaremos a seguir foram muito importantes no momento da instalação da Universidade pois dedicaram os seus conhecimentos e o seu entusiasmo para que a novel universidade pudesse hoje figurar entre as instituições mais fortes do nosso Estado.
Os reitores
Senhoras e senhores esta é uma noite de homenagens e honrarias àqueles que contribuíram para a construção da nossa universidade, mas é também e sobretudo, uma noite para reconhecer e agradecer àqueles que, ao longo desses cinquenta anos, mantiveram a chama acesa como testemunha das mudanças aparentes da instituição, conscientes da sua inexorável transformação.
Os Reitores que por ela passaram foram os responsáveis pela condução dessa chama assumindo os riscos e as responsabilidades que o gestor público carrega no exercício do seu mandato.
Primeiro Reitor da Universidade Federal de Sergipe, o médico João Cardoso do Nascimento Júnior exerceu todas as responsabilidades administrativas e funcionais inerentes à estruturação da recém-nascida instituição. Ao longo do seu mandato criou sete novos cursos elevando a matrícula de 576 para 2.028 alunos e firmou convênio com o Hospital de Cirurgia, cujas instalações passaram a servir para aprendizagem prática dos alunos de medicina.
O Advogado e Professor Luiz Bispo exerceu o Reitorado da UFS no período de 1972 a 1976. Na sua administração conseguiu recursos para a aquisição de setenta e seis por cento da área onde hoje está instalado o Campus de São Cristovão. Também contratou o grupo para fazer o Plano Diretor do Campus Universitário iniciando as obras de construção. Realizou o Primeiro Festival de Arte de são Cristovão, contribuiu para a abertura do Diretório Central dos Estudantes fechado desde 1964 e implantou o Vestibular Unificado.
O terceiro Reitor a comandar os destinos da Universidade, no período de 1976 a 1980 foi o Economista José Aloísio de Campos que hoje dá nome à Cidade Universitária. Como Reitor desenvolveu um projeto universitário que abrangeu todos os aspectos: o físico, o administrativo e o acadêmico. Assim construiu um campus moderno, implantou nova estrutura administrativa e trabalhou no sentido de fazer retornar à UFS os professores cassados pela ditadura contribuindo também para que fossem criados os Diretórios Acadêmicos e a Associação Atlética Universitária.
A gestão do Prof. Gilson Cajueiro de Hollanda foi exercida no período de 1980 a 1984. Na sua administração foram concluídos os prédios do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde e do Centro de Ciências Exatas e Tecnologias, além das obras de ampliação do Restaurante Universitário e do Centro de Processamento de Dados. Construiu o Centro de Microfilmagem, o Biotério e implantou o primeiro programa de Pós-graduação da UFS.
O período de 1984 a 1988 teve como gestor o Doutor em Biofísica Prof. Eduardo Antônio Conde Garcia, primeiro Reitor eleito pela comunidade universitária, contribuiu para a efetivação do Campus Avançado do Piauí-Real Fundo, para a criação do Campus Aproximado do Rosa Elze e Rosa Maria e implantação do projeto arqueológico de Xingó. Preocupado com a modernização da UFS criou o Núcleo de Ciências Sociais e o Mestrado em Geografia.
Criou ainda o Encontro Sergipano de Corais e implantou o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, o Núcleo de Estudos Franceses e o Núcleo de Cultura Alemã.
O Professor Clodoaldo de Alencar Filho Reitor no período de 1988 a 1992 administrou com o propósito de melhorar a qualidade do ensino e internacionalizar as relações da universidade. Criou novos cursos de graduação, desenvolveu promoções de natureza cultural como Mostra de Artes Plásticas e filmes sergipanos, música erudita, além de incrementar o Festival de Arte de São Cristovão. Criou também o Núcleo de Assuntos Internacionais.
O Médico Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira foi Reitor no período de 1992 a 1996. Antes de assumir a Reitoria foi Pró Reitor de Graduação e Vice Reitor. A marca principal de sua gestão foi a criação de Núcleos Temáticos para viabilização de programas institucionais a exemplo do Programa de Cooperação e Intercâmbio com as Prefeituras iniciando o processo de interiorização da UFS. Um dos frutos desse programa foi a implementação de Cursos de Licenciatura Plena no interior. Criou também a Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe – FAPESE, e cinco novos cursos de Mestrado.
Doutor em Física pela Universidade de São Paulo, José Fernandes de Lima assumiu a Reitoria da Universidade por duas gestões no período de 1996 a 2000 e 2000 a 2004. Como Reitor criou e coordenou o Fórum Pensar Sergipe, o Programa de Qualificação de Docentes instalado nos municípios de Estância, Propriá, Itabaiana, Lagarto e Nossa Senhora da Glória. Reformou e ampliou o Hospital Universitário e criou o Museu Arqueológico de Xingó e o Polo de Novas Tecnologias. Nesse período foram criados ainda o primeiro curso de Doutorado, a Editora UFS e a Rádio Universitária.
No período de 2004 a 2008 e de 2008 a 2012 o Doutor em História Econômica Josué Modesto dos Passos Subrinho aceitou o desafio de assumir a Reitoria da UFS após dois mandatos como Vice Reitor. Responsável pela transformação da universidade em uma instituição multi campi implantou o Campus de Itabaiana, Laranjeiras e Lagarto. Aderiu ao projeto Universidade Aberta do Brasil criando cursos superiores à distância em 13 municípios sergipanos. Criou o Núcleo Regional de Competência em Petróleo Gás e Biocombustível em convênio com a Petrobrás e Agência Nacional de Petróleo. Sua gestão foi marcada pela adoção de políticas afirmativas com a reformulação dos processos de seleção de candidatos aos cursos de graduação tornando a UFS mais inclusiva e mais democrática.
Senhoras e senhores, agradecemos a participação de todos ao tempo em que abraçamos os nossos homenageados e todos aqueles que durante esses cinquenta anos contribuíram para que a Universidade Federal de Sergipe seja hoje uma instituição respeitada pela sociedade, integrada à História de Sergipe.
Fiquemos agora com a apresentação da Orquestra Sinfônica e Coral da UFS para coroar essa noite de homenagens e honrarias, dignificando a presença de cada um dos que aqui se encontram”.