Sex, 10 de abril de 2020, 17:19

Pesquisadores da UFS alertam sobre riscos de contaminação de coronavírus em procedimentos odontológicos
Relatório com recomendações foi publicado na Pan American Journal of Public Health
Profº Paulo Martins coordenou elaboração de relatório técnico. Foto: Arquivo pessoal
Profº Paulo Martins coordenou elaboração de relatório técnico. Foto: Arquivo pessoal

Como o SARS-CoV-2, que causa síndrome respiratória aguda grave, é transmitido principalmente por gotículas, espirros e aerossóis, há um alto risco de transmissão em procedimentos odontológicos. É o que alerta um relatório publicado por pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe na PAHO - Pan American Journal of Public Health.

+ Leia aqui o relatório completo em inglês

Diante do risco de contaminação cruzada na prática clínica em odontologia por causa do novo coronavírus, a pesquisa liderada pelo professor Paulo Ricardo Martins Filho, do Laboratório de Patologia Investigativa da UFS, traz uma série de orientações para uma gestão segura dos cuidados dentários no período de pandemia da Covid-19.

"Os esforços de prestadores de serviços em saúde bucal podem ser medidas importantes para controle da disseminação do SARS-CoV-2. Deve-se seguir rigorosamente os protocolos de biossegurança em casos de urgências", afirma Martins.

Nestes casos, o relatório publicado na revista da Organização Pan-americana de Saúde Pública aponta para a necessidade de mudanças de hábito nos consultórios odontológicos. "Casos que ameacem a vida devem ser encaminhados para rede hospitalar. Dentre os casos que serão atendidos, deve-se evitar superlotação nas salas de espera, bem como respeitar distância entre indivíduos," ressalta o pesquisador.

O documento recomenda a suspensão de procedimentos cosméticos e outros procedimentos dentários eletivos, como a terapia ortodôntica, substituição de restaurações de amálgama por razões estéticas, cuidados periodontais eletivos, tratamento intencional do canal radicular, prótese ou cirurgias orais eletivas.

O relatório foi elaborado em conjunto com duas doutorandas do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da UFS, Vanessa Tavares de Gois e Carolina Santos Souza Tavares, uma mestranda e um doutorando do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFS, Elisama Gomes Magalhães de Melo e Edmundo Marques do Nascimento, respectivamente, além do professor da UFAL, Victor Santana Santos.

"Já encaminhamos o documento para o Conselho Regional de Odontologia, Conselho Federal de Odontologia e Secretaria de Saúde de Sergipe", acrescenta Paulo Martins.

Confira aqui as recomendações do relatório:

(a) Educar profissionais para uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), dando prioridade para o uso da máscara N95 para profissionais e máscara cirúrgica para pacientes;

(b) Higienizar as mãos com água e sabão ou esfregar com álcool 70% de etanol antes e depois da assistência;

(c) Evitar tocar nos olhos, nariz ou boca;

(d) Radiografias extra-orais e tomografia computadorizada de feixe cônico são preferíveis às radiografias intraorais;

(e) Usar isolamento tipo dique de borracha durante procedimentos odontológicos e evitar o uso de ultrassom, polimento a ar, seringa tríplice, unidades de abrasão a ar e peças de mão rotativas, pois, gotículas podem permanecer suspensos no ar por até 30 minutos;

(f) Evitar remoção da máscara antes de 30 minutos nesse ambiente pois isso pode aumentar o risco de contato com partículas contaminadas;

(g) Remoção eficiente de ar ambiente contaminado pode incluir melhorias na ventilação geral;

(h) Casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 devem ser atendidos, se possível, no final do turno de serviço para que se promova a desinfecção terminal após o cuidado evitando contaminar os outros;

(i) Limpar e desinfetar superfícies ambientais e equipamentos de assistência ao paciente utilizando germicidas de alto grau (produtos à base de amônio quaternário, à base de fenol e à base de álcool);

(j) Desinfecção e esterilização dos instrumentos devem ser realizadas usando EPI apropriados e técnicas bem estabelecidas;

(k) Dispor os resíduos de procedimentos odontológicos em embalagens específicas para resíduos infectados.

Por Josafá Neto


Atualizado em: Seg, 25 de maio de 2020, 14:00

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