A Universidade Federal de Sergipe possui 50 cursos de Mestrado e 14 de Doutorado. Em 2020, a única universidade pública do Estado já formou 398 mestres e 70 doutores. No ano passado, o mercado recepcionou 671 novos mestres e 177 novos doutores das áreas mais diversas.
Na Área da Saúde, a UFS possui 12 cursos de Mestrado e 4 de Doutorado, que formaram neste ano 86 mestres e 26 doutores. No ano de 2019, os cursos de pós-graduação nessa área qualificaram 157 profissionais com o título de mestres e 49 com o título de doutores.
Os profissionais da Área da Saúde saíram da pós-graduação na UFS sentindo-se aptos a enfrentar grandes desafios, mas jamais imaginavam que um desafio tão inesperado quanto a guerra contra a pandemia do coronavírus teria que ser encarado neste ano.
Um profissional formado desde a graduação na UFS hoje lidera um grupo de pesquisa que vem trabalhando incansavelmente na divulgação científica sobre a Covid-19 e tem desenvolvido estudos em relação à transmissão vertical e marcadores prognósticos da doença. É o professor Paulo Ricardo Saquete Martins Filho. Ele cursou graduação em Odontologia pela UFS, de 2000 a 2005, concluiu uma especialização em Microbiologia em 2008, tornando-se mestre em 2010 pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS), do Núcleo de Pós-Graduação em Medicina (UFS), atuando especialmente na área de Epidemiologia.
Em 2011, Paulo Martins Filho ingressou no Doutorado também no PPGCS, onde iniciou seus estudos em Revisão Sistemática e Meta-Análise. Naquele ano ele iniciou a carreira de professor efetivo da UFS, sendo um dos primeiros servidores lotados no Campus da Saúde de Lagarto, onde trabalha com Metodologias Ativas de Ensino e Aprendizagem, no Departamento de Educação em Saúde.
Assim que concluiu o Doutorado, em 2014, tornou-se docente permanente do PPGCS e do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, onde foi coordenador por um período de três anos e pôde contribuir para a abertura do Doutorado em Odontologia.
O professor ainda é chefe do Laboratório de Patologia Investigativa (LPI), criado em 2014, e lotado no HU/CCBS, onde desenvolve pesquisas em diversas áreas da Saúde, especialmente nas linhas de Epidemiologia, Desfechos Centrados em Pacientes e Revisões Sistemáticas e Meta-Análises.
Recentemente, Paulo Martins Filho alcançou um marco importante em sua carreira acadêmica, chegando à publicação do seu 110º artigo científico e 25ª revisão sistemática e meta-análise, importante marca para a UFS, considerando todo o histórico de formação acadêmica do professor na instituição. Diante da pandemia de coronavírus, ele tem se dedicado ao desenvolvimento de estudos para tentar colaborar com a sociedade e comunidade científica no entendimento da Covid-19.
O professor e seus colaboradores já publicaram dois textos na revista Science, da American Association for the Advancement of Science, referência mundial em ciência, intitulados “Facing the COVID-19 epidemic in Brazil: Ignorance cannot be our new best friend” (“Enfrentando a epidemia de COVID-19 no Brasil: a ignorância não pode ser nossa nova melhor amiga”) e “Could the control of the SARS-CoV-2 epidemic be achieved by digital contact tracking alone?” (“O controle da epidemia de SARS-CoV-2 poderia ser alcançado apenas pelo rastreamento digital de contatos?”).
Eles também publicaram um texto na revista da Canadian Medical Association sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina (“The ‘unbridled race’ for using chloroquine and hydroxychloroquine to prevent or treat COVID-19 leads to shortages for patients with chronic inflammatory conditions and malaria in Brazil” — “A ‘corrida desenfreada’ pelo uso de cloroquina e hidroxicloroquina na prevenção ou tratamento de COVID-19 leva à escassez de pacientes com condições inflamatórias crônicas e malária no Brasil”); e outros dois trabalhos no Pan American Journal of Public Health, revista vinculada à Organização Pan Americana de Saúde, um relatório com recomendações para um atendimento odontológico seguro durante a pandemia de COVID-19 (“Recommendations for a safety dental care management during SARS-CoV-2 pandemic” — “Recomendações para um gerenciamento de assistência odontológica de segurança durante a pandemia de SARS-CoV-2”) e uma pesquisa relacionada ao consumo inadequado de informações na Internet em relação à doença (“No evidence supports the use of ether and chloroform inhalation for treating COVID-19” — “Nenhuma evidência apoia o uso de éter e inalação de clorofórmio no tratamento de COVID-19”).
Um dos autores dos artigos sobre COVID-19 é Victor Santana Santos, também egresso do PPGCS e hoje professor do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Arapiraca. Atualmente o professor Paulo Martins Filho cursa uma graduação em Ciência de Dados, “área de conhecimento que considero crucial para o processo de tomada de decisão em saúde”.
FÍSICA MÉDICA
Cássio Costa Ferreira é físico médico especializado em radiodiagnóstico e atua na carreira há 14 anos, sendo que desde 2014 está no Hospital Universitário, na Unidade de Diagnóstico por Imagem. Ele informa que o físico médico especialista em radiodiagnóstico tem participação “importantíssima” na pandemia do coronavírus, pois um dos exames mais relevantes para o diagnóstico e avaliação da evolução da Covid-19 é a tomografia computadorizada (TC).
“Temos observado que as solicitações de TC para diagnóstico ou avaliação da evolução da Covid-19 têm sido cada vez mais numerosas. Dessa forma, é imperativo que o protocolo para exame de TC para Covid-19 seja feito com a menor dose de radiação possível ao paciente. Então, aí é que entra o físico médico liderando a criação de um protocolo para os fins apresentados anteriormente. Aqui no HU, criamos um protocolo de exames de TC para pacientes com Covid-19 que atende as recomendações internacionais, entregando ao paciente uma dose de radiação baixa e produzindo uma imagem com qualidade diagnóstica”, explica o egresso do Mestrado e Doutorado em Física da UFS.
Também formado no mesmo curso é Diego Castanon Galeano, que depois de cursar licenciatura plena em Física pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) fez Mestrado e Doutorado em Física na UFS, com linha de pesquisa em física médica, sendo especialista em Física Médica do Radiodiagnóstico pela Associação Brasileira de Física Médica.
Concursado pela Ebserh, lotado no Hospital Universitário Julio Muller, em Cuiabá (MT), ele já atuou na gestão da Unidade de Diagnóstico por Imagem e Métodos Gráficos, e atualmente atua na gestão do Setor de Apoio Diagnóstico e Terapêutico.
“Nesta função, faço a gestão das unidades de diagnóstico por imagem, reabilitação, nutrição, laboratório de análises clínicas, anatomopatologia e citopatologia, banco de leito humano e agência transfusional. Todos esses setores são essenciais para o enfrentamento à pandemia do Covid-19, principalmente as unidades de reabilitação e diagnóstico por imagem”, informa Diego Galeano, que também atua no planejamento e estruturação das UTIs que estão destinadas a atendimento exclusivo ao Covid-19, planejamento de fluxos de trabalho, bem como desenvolvimento de equipamento para esterilização de EPIs.
DESINFECÇÃO DE MÁSCARAS N95
Esterilização de EPIs (equipamentos de proteção individual) é justamente a preocupação mais recente da professora Susana de Souza Lalic, ex-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Física da UFS, onde Cássio e Diego estudaram.
Ao lado de outros professores, físicos médicos e residentes de Física do Radiodiagnóstico, ela está montando um sistema para esterilizar as máscaras N95. O projeto se chama “Aplicação de Luz UVC para Desinfecção de Máscaras com Filtro N95 no HU-UFS”. A N95 é um EPI usado por profissionais da saúde.
“Minha especialidade é lidar com radiação ionizante, Raios X, raios Gama. Mas também ensino radiações não ionizantes aplicada na medicina. Nessa linha falo de uso de radiação UV. Estamos usando esse conhecimento para poder esterilizar equipamentos e superfícies nos hospitais”, explica a professora, que é doutora em Física pela USP, com pós-doutorado pela Università di Pisa, Itália.
“Devido à necessidade de reutilização de EPI em hospitais da cidade de Aracaju e região, nesse projeto temos por objetivo usar a luz UVC (luz ultravioleta de comprimento de onda curto) para o processo de desinfecção de máscaras N95 nos Hospitais Universitários da UFS. Após o fim da pandemia, esses equipamentos poderão ser utilizados para desinfecção de outros objetos hospitalares”, informa a apresentação do projeto, do qual também participa o físico médico do HU Cássio Costa Ferreira.
SUPORTE DA CIÊNCIA
O pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UFS, professor Lucindo Quintans Junior, observa que, além de ser a maior e mais importante instituição de ensino superior de Sergipe, na pós-graduação a UFS é uma referência no Nordeste. “Esses mestres e doutores formados nas mais diversas áreas do conhecimento, especialmente na área da Saúde, são essenciais para as ações do nosso Estado no desenvolvimento de políticas públicas de enfrentamento contra o Covid-19, pois vários dos gestores e agentes de saúde dos municípios e do Estado foram formados em nossos programas de pós-graduação e igualmente têm contribuído no estudo epidemiológico, no diagnóstico, em ações de mitigação dos impactos da Covid-19, tais como na produção de EPIs e de álcool gel, em estudos clínicos e, especialmente, dando suporte nas decisões técnicas”, afirma ele.
Professor do Departamento de Fisiologia da UFS, mestre e doutor na área de Farmacologia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com pós-doutorado em neurociências na Universidade de Iowa (EUA), como homem da ciência Lucindo Quintans não perde a esperança. “Com o apoio desses profissionais extremamente qualificados sairemos desta crise sem precedentes na história recente da humanidade. Podemos contar com o suporte da ciência e tendo o embasamento científico como um dos nossos maiores parceiros”.
ÁREA DA SAÚDE - CURSOS DE MESTRADO E DOUTORADO E NÚMERO DE FORMADOS
Marcos Cardoso
Gabinete do Reitor