Qua, 25 de junho de 2014, 11:45

Reitor da UFS destaca o crescimento da instituição
Reitor da UFS destaca o crescimento da instituição

Jornal da Cidade


Tem se destacado como pesquisador dos mecanismos e ações dos fármacos, no combate à dor e à inflamação, sendo premiado nacionalmente pelo Conselho Nacional de Farmácia por seus trabalhos nessa área.



O reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Angelo Roberto Antoniolli, nasceu na cidade de Itapeva/SP, é graduado em Farmácia pela USP e tem doutorado em Farmacologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). É professor associado do Departamento de Fisiologia, do Núcleo de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, do Núcleo de Pós-Graduação em Medicina da UFS e do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (Renorbio). Tem se destacado como pesquisador dos mecanismos e ações dos fármacos, no combate à dor e à inflamação, sendo premiado nacionalmente pelo Conselho Nacional de Farmácia por seus trabalhos nessa área. Confira mais detalhes na entrevista a seguir.




REVISTA DA CIDADE - Como o senhor avalia o crescimento e as mais recentes melhorias na UFS?


ANGELO ROBERTO ANTONIOLLI - A Universidade Federal de Sergipe, à semelhança de todo o sistema público de ensino superior no Brasil, apresentou um importante crescimento, intensificado a partir do Reuni - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Este programa foi instituído em 2007 e trouxe metas quantitativas e qualitativas a serem cumpridas pela UFS. No período que se seguiu à adesão ao Reuni, tivemos uma forte interiorização e triplicamos o número de vagas em cursos de graduação, associado a aumento similar no número de docentes. Como uma simples analogia, essa população de alunos colocaria a UFS entre a décima terceira e a décima quarta cidade de Sergipe, o que seria um desafio para qualquer gestor! Vencidos os desafios iniciais da ampliação, vem a busca pela qualidade, que tem uma relação intrínseca com a infraestrutura apropriada para os cursos ofertados, equipamentos, ambiência e oportunidade de qualificação e capacitação. Realizamos ajustes na estrutura administrativa e nos sistemas de gestão.



RC- Exercendo o cargo de reitor da UFS, qual foi o maior desafio até agora e por quê?


ara - O maior desafio que temos tido na gestão está diretamente relacionado à capacidade de investimentos do Governo Federal. Até o ano de 2009, o País experimentou maior crescimento da economia e, consequentemente, crescimento também na arrecadação. O “mau humor” da economia internacional, que se implantou em todo o período que se seguiu, reduziu a capacidade de investimentos também aqui, exatamente no momento em que as demandas por espaço físico e equipamentos se tornaram mais intensas. Um grande volume de obras, necessidade de qualificação de espaços de ensino e de ambiência para todos os setores da universidade trouxeram o maior desafio. Apresentamos nossas propostas de gestão à comunidade universitária apontando para uma fase de consolidação do processo de expansão e melhoria da qualidade. Então, o maior desafio até agora tem sido, com menos recursos, consolidar com uma tendência à redução de investimentos, quando as demandas são crescentes.



RC - Quais são os próximos planos para a consolidação da estrutura educacional da UFS?


ara - O processo de consolidação que abordamos com a comunidade e que traz com ele fortes demandas por recursos não se esgota nas demandas materiais. A consolidação passa pela identificação das especificidades, dilemas e papel social das diversas áreas do conhecimento e de formação na UFS. Nem todas as áreas recebem o mesmo olhar de benevolência do Governo Federal na geração de recursos para a Instituição e é papel da gestão local cuidar para encontrar estratégias que garantam o desenvolvimento equânime de todas as áreas, respeitando-se, é claro, as peculiaridades de cada uma delas. Instituímos recentemente uma coordenação de captação de recursos da esfera pública para potencializar as ações da Universidade, e estamos estabelecendo parcerias com o Governo Federal, Governo do Estado de Sergipe e prefeituras onde estruturas da UFS estejam instaladas, para que haja um somatório de forças e multiplicação de espaços de práticas, e que também permita que possamos estudar os problemas de maior relevância e assim propor soluções. A UFS tem se fortalecido em todos os eixos de ação. No Ensino, na Pesquisa e na Extensão. A consolidação passará pelo fortalecimento das estruturas próprias e pelo estabelecimento de parcerias, essenciais para estratégias de formação vinculadas à realidade em que o futuro profissional será inserido. Ressalto aqui que a chegada a outros municípios também se configurará em consolidação do plano de expansão.



RC- Nos últimos anos têm crescido a quantidade de vagas e, consequentemente, a quantidade de alunos na UFS. O que a instituição tem feito para dar conta dessa demanda?


ara - A instituição tem feito ajustes nas ações resultantes de recursos advindos do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), que provém recursos necessários, mas não suficientes, para a inclusão e desenvolvimento das condições para que os alunos com maior risco social possam se manter e tenham maior chance de concluírem seus cursos. Com o advento dos programas de “Ações afirmativas”, conhecidos como “Cotas” em nossa instituição - pioneira nesta ação - as demandas por algum tipo de suporte cresceram de forma impressionante. Somando-se às vagas do último edital, o conjunto de programas existentes na UFS corresponderá a 4.228 auxílios para seus alunos, assim distribuídos: auxílio alimentação, auxílio moradia, auxílio apoio pedagógico, auxílio creche, auxílio de inclusão, auxílio transporte, auxílio manutenção acadêmica, auxílio cultura e auxílio esporte, além do Programa Residência Universitária e dos antigos programas “Bolsa Trabalho”, “Residência”, “Alimentação” e “Viagem”, ainda vigentes. Inclui-se também nessas ações o funcionamento e manutenção de Resun (Restaurante Universitário).



RC - O senhor é graduado em Farmácia e doutor em Farmacologia. O que mais lhe atrai nessa área do conhecimento?


ara - Sim, esta é a minha formação. A Farmácia abriu as portas da universidade para mim e permitiu, através da Farmacologia, que eu começasse o meu despertar pela ciência e pela pesquisa. Uma fase muito importante da minha vida. Neste caminho fiz meu doutoramento, passo importante para que eu viesse a ser professor na UFS. Vários pontos positivos me atraem nessa área, mas não me aprisionam. Foi na farmacologia que me tornei um pesquisador e que desenvolvi as habilidades necessárias para tal. Através da farmacologia, outra coisa importante aconteceu: após ter sido admitido como professor na UFS, pude me deparar com as peculiaridades do uso e costumes relativos às plantas medicinais e sua importância não apenas farmacológica, mas também todo o vínculo cultural relacionado a seu uso.



RC - Premiado nacionalmente pelo Conselho Nacional de Farmácia, o senhor tem se destacado como pesquisador dos mecanismos e ações dos fármacos, no combate à dor e à inflamação. Existe algum projeto no momento sobre o assunto?


ara - A premiação que recebi se deveu principalmente ao papel na concepção e implantação do Curso de Farmácia na Universidade Federal de Sergipe e tudo que decorreu das pesquisas e produções com um forte perfil social, uma vez que a minha vinda para Sergipe me aproximou da cultura dos povos que aqui vivem, da sua diversidade e de suas relações com as plantas medicinais. Além disso, permitiu o aprofundamento dos conhecimentos sobre as ações dessas plantas, suas aplicações e uso seguro. Apesar de estar na gestão central da Universidade, inicialmente como vice-reitor e há um pouco mais de um ano e meio como reitor, continuei sendo procurado para orientações de mestrado e de doutorado, o que não permitiu o afastamento completo das pesquisas.



RC - As plantas medicinais funcionam mesmo como remédios? Tem efeitos colaterais?


ara - As plantas medicinais funcionam. São capazes de permitir o controle de muitas doenças e delas muitos fármacos são extraídos para uso em suas formas naturais ou são modificados após extrações para compostos de maior eficácia. São importantes nos usos e costumes dos povos e servem de importantes matérias-primas para a indústria farmacêutica. Como são ativas farmacologicamente, também podem provocar danos e, se usadas sem o devido cuidado, até provocar a morte. Daí a importância dos estudos, pois auxiliam, acrescendo a esta cultura do uso popular, o conhecimento de dosagens seguras, associações indevidas ou apropriadas, e eficácia real. As plantas medicinais são um patrimônio cultural e científico de cada povo e uma de suas riquezas, devendo ser assim reconhecidas e estudadas.




Fonte: Jornal da Cidade




Atualizado em: Qua, 25 de junho de 2014, 11:46
Notícias UFS