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Produtores visitam espaço agroecológicoEngenheira agrônoma Ana Cristina Oliveira de AlmeidaO aluno Frankilin Santos apresenta o cultivo da gliricídiaAgricultora Dergivânia Menezes, do município de GararuAgricultora Maria Felix dos Santos, de São CristóvãoCleonâncio Vieira, aluno de Economia e filho de agricultores da cidade de Cumbe
Os saberes populares e científicos foram compartilhados numa grande troca de experiências entre alunos e produtores
Como parte da programação da Semana Mundial da Alimentação, o Espaço de Vivência Agroecológica da UFS (EVA) recebeu nesta quinta, 16, quarenta e dois produtores da Federação de Trabalhadores Rurais de Sergipe (FETASE), com o objetivo de promover a troca de conhecimentos entre estudantes e agricultores.
Os produtores, vindos de todas as regiões do estado foram recebidos pela engenheira agrônoma Ana Cristina Oliveira de Almeida, que é formada pela UFS e hoje atua como técnica na Vivência Agroecológica. Ela falou aos agricultores sobre o EVA e a sua criação. Os agricultores participaram de um momento de interação, onde puderam compartilhar o que cultivam e falar da importância de participar daquele encontro.
Junto com alunos bolsistas, a engenheira apresentou as técnicas desenvolvidas pelo EVA, entre elas a compostagem, o minhocário, o sistema agroflorestal, hortas mandalas, plantas medicinais e seus usos. Também estavam presentes filhos de agricultores, que decidiram se aperfeiçoar no trabalho dos pais e estão se formando técnicos agrícolas.
Durante a visita, os pequenos produtores puderam debater com os alunos assuntos como adubação e agrotóxicos, além de tirar dúvidas sobre plantio, cultivo, colheita e irrigação; e ensinaram aos alunos o que sabem sobre os mais variados tipos de solo. Também fizeram questionamentos e falaram de suas próprias técnicas, como o uso de caixa de ovos para cultivar mudas.
Um dos cultivos que mais chamou a atenção dos produtores foi o da espécie de milho BRS Caatingueiro, variedade desenvolvida pela Embrapa para o semiárido. No EVA, para o cultivo deste milho é utilizado esterco bovino como adubo. A plantação foi apresentada por Frankilin Santos Modesto, aluno do curso de Engenharia Agronômica. Ele é bolsista do projeto de extensão e desenvolve pesquisas e testes no Espaço.
Empolgada com a visita, a agricultora Maria Felix dos Santos, alagoana de São José da Tapera, mora há vinte e cinco anos no assentamento Novo Horizonte, em São Cristóvão. Ela conta que quando chegou em Sergipe foi abandonada pelo marido e viu na agricultura a única forma de sobrevivência. Ela cultiva feijão, milho e verduras, juntos com as vinte e três famílias que também vivem no assentamento. Com caderno e caneta em mãos e com a caligrafia caprichada, ela anotava tudo o que a engenheira e os alunos ensinavam: “eu anoto porque quero fazer dessa mesma forma lá na minha roça. Estou aprendendo muito aqui e acho importante o que eles estão ensinando, para a gente não usar agrotóxico”, conta.
Cleonâncio Vieira dos Santos é estudante de Economia e filho de agricultores da cidade de Cumbe. Antes de ingressar na UFS, ele trabalhava com seus pais no cultivo de feijão, milho e mandioca. Segundo ele, o projeto é uma importante iniciativa da universidade para ajudar a aperfeiçoar o trabalho dos pequenos agricultores e também pretende levar o que aprendeu para melhorar o plantio e cultivo da plantação de seus pais.
Já Dergivânia Menezes, de Gararu, também é agricultora desde criança. Depois que casou, cumpre o ofício junto com o esposo: “Já aprendi muitas coisas. Vou levar e passar pra minha família e tenho certeza que eles vão fazer junto comigo, e vai melhorar muito“, diz.
A disciplina de Agroecologia foi incluída no currículo obrigatório do curso de Engenharia Agronômica, e é optativa para outros cursos. Os alunos bolsitas do projeto de extensão acreditam que esta iniciativa da universidade vai contribuir para a que a agroecologia se firme em Sergipe e no Brasil.
O Espaço de Vivência Agroecológica foi criado há dez anos e é uma iniciativa de alunos da UFS. Hoje é um núcleo transdisciplinar, composto por alunos da zootecnia, engenharia agrícola, engenharia florestal, agronomia, ecologia, medicina veterinária, biologia e outros cursos.
O núcleo promove a interação de alunos e comunidade externa, fazendo oficinas e outros eventos, além de incentivar o cultivo orgânico, livre de agrotóxicos. Entre coqueiros, cacaueiros, paus brasis e paus pombos, o Espaço localizado ao lado do Departamento de Medicina Veterinária é hoje fundamental para que os alunos desenvolvam as técnicas aprendidas em sala de aula.
A engenheira Ana Cristina sente-se recompensada por fazer parte do projeto. “O nosso maior ganho é fazer uma formação pratica para os estudantes, ter um espaço para experimentações e poder levar para além dos muros da universidade. Esse espaço traz o real papel da universidade, fazer com que haja interação com a sociedade e as demandas que ela tem”, diz.
Núcleo de Estudos em Agroecologia
Atualmente a professora Angela Cristina, do departamento de zootecnia, é coordenadora da área onde desenvolve um projeto de criação de Núcleo de estudos em agroecologia, fomentado pelo CNPq , cujo objetivo é implementar estratégias para viabilizar aos estudantes, professores, técnicos e camponeses, experiências concretas de ensino/aprendizagem onde eles possam aprimorar sua formação e principalmente, contribuir na construção e socialização de novos conhecimentos e métodos de produção, tendo como pressuposto, a Agroecologia, proporcionando aos mesmos um espaço de reflexão multidisciplinar, possibilitando uma visão mais crítica dos modelos dominantes de produção e consequentemente, estimular o aspecto social e humanístico em suas esferas de atuação.