“Alunos, professores e diretores se uniram para a realização de um sonho em comum, que era formar bons profissionais, capazes de entender as demandas sociais e agir sobre elas. Hoje podemos dizer que conseguimos, e que nossos alunos estão preparados para os novos desafios que irão encontrar ao trabalhar com a saúde da nossa população”.

O depoimento acima é da professora Raphaela Barroso Guedes Granzotti, chefe do Departamento de Fonoaudiologia do campus da Universidade Federal de Sergipe em Lagarto. Foi lá que, nos dias 11, 12 e 13 de junho, mais de oitenta novos profissionais das áreas de Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Nutrição se formaram.

A ocasião foi especial porque estas foram as primeiras turmas formadas pelo Campus Universitário Professor Antônio Garcia Filho. E quem realmente comemora essa conquista são os formandos. Dentre eles está Maria Edna Almeida Chaves, cujo sonho de graduar-se na área da saúde se concretizou com a interiorização da UFS, segundo ela mesma afirma.

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“A oportunidade de realizar esse sonho em minha cidade me deixa honrada, principalmente por ter feito parte da primeira turma do curso de Fonoaudiologia do Campus”. Para ela, as dificuldades foram superadas graças ao compromisso dos gestores, professores e dos próprios alunos.

“O resultado disso foi o modo como recebemos nosso título de fonoaudiólogos, de forma honrosa e digna em uma cerimônia solene muito emocionante. Lá pudemos finalmente extravasar o sentimento vitorioso de felicidade intensamente compartilhado entre todos os presentes”, conclui.

Quem também não esconde a satisfação é Valquíria Martins Seixas, também de fonoaudiologia. Ela comenta que a experiência da graduação na UFS foi importante para o seu aprendizado pessoal e profissional.

“Analisando a minha passagem pelo curso percebo a gama de oportunidades que tive em aperfeiçoar valores já vivenciados anteriormente com minha família e amigos. Além dessa convivência, o conhecimento me proporcionou colocar em prática os ensinamentos na comunidade do município de Lagarto, e isso é muito gratificante”, destaca.

Segundo Mario Adriano, diretor geral do campus, os Terapeutas Ocupacionais, Fonoaudiólogos e Nutricionistas diplomados são “motivos de orgulho para a UFS”. Ele avalia que “a sociedade está recebendo profissionais críticos, conhecedores dos problemas que mais afligem a sociedade e capazes de se transformarem em agentes de mudança”.

Integração

A diretora pedagógica do campus de Lagarto, Adriana Carvalho, explica que os alunos foram integrados ao Sistema Único de Saúde (SUS) desde os primeiros dias de aulas. Para ela, “essa experiência faz desses profissionais pessoas mais autônomas, críticas e humanizadas na sua forma de pensar e agir sobre a saúde da população”.

A estudante Valquíria comenta que essa ideia preza pelo ensino e pela valorização do SUS. “Isso me despertou grande admiração pelo curso, bem como o respeito às diferenças e ao biopsicossocial e espiritual do indivíduo, onde o propósito é alcançar a qualidade de vida do paciente, o que sem dúvidas, foi um aprendizado de muito valor”.

Metodologia

Os estudantes formados foram os primeiros egressos da UFS a obter sua formação pelo método conhecido no Brasil por Aprendizagem Baseada em Problemas, ou Problem Based Learning (PBL), aplicado de forma inovadora em todos os cursos do campus.

A metodologia PBL estabelece uma estratégia pedagógica centrada no aluno, onde se propõe que ele estude por meio da dinâmica de grupo. Após a exposição dos problemas em sala de aula, cabe aos estudantes à interpretação e identificação do problema, a investigação, o debate, e a produção de possíveis soluções e recomendações. O intuito é que os alunos estejam preparados para resolver os futuros entraves relacionados à profissão.

“Em PBL o estudante é provocado pela situação, iniciando suas buscas a partir daquele problema. O papel do professor é auxiliar nessas buscas e nas discussões do grupo tutorial, agindo como um motivador, pois nossa preocupação é ensinar a aprender”, explica Mario Adriano.

De acordo com a aluna Maria Edna, a proposta exigiu muito de cada um dos envolvidos. “Ela prioriza a construção do conhecimento em detrimento de sua simples transmissão, o que nos colocou não como meros coadjuvantes, mas como elementos ativos dentro processo de ensino-aprendizagem, nos remetendo ainda a busca constante da informação e abstração do conhecimento”, aponta.

Um dos grandes defensores do uso desse método, implantada no campus de Lagarto, e que também terá aplicação similar no campus do Sertão, é o reitor da UFS, Angelo Roberto Antoniolli. Para ele, essa metodologia de ensino incentiva o estudante a buscar conhecimentos enquanto é orientado a levar sua produção científica para um alto nível de aproveitamento social.

“Quem ganha não é apenas o estudante, que se torna mais independente, mas também o Estado e a sociedade, que recebem profissionais dispostos a sair de sua zona de conforto em prol do desenvolvimento das comunidades”, ressalta.

Criação

A instalação de um Campus da UFS no município de Lagarto foi protocolada em 12 de junho de 2009, por intermédio do Ministério da Educação, do Governo do Estado de Sergipe e da Universidade Federal de Sergipe. No primeiro vestibular da unidade, realizado em dezembro de 2010, foram oferecidas 300 vagas distribuídas nos cursos de Farmácia, Nutrição, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Atualmente, o campus conta também com os cursos de Medicina e Odontologia, resultando em mais de 1.500 estudantes.

Além da disponibilização do Hospital Regional, o campus de Lagarto é imprescindível no fortalecimento e estimulo da região através da formação de profissionais de nível superior qualificados. A promoção de pesquisas científicas e tecnológicas também é essencial para a revitalização das atividades sociais e econômicas da cidade.

Francielle Couto (Bolsista)

Márcio Santana (Jornalista)

Foto-legenda: Schirlene Reis

Ascom

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