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Aula Magna celebrou potencial transformador da educação
“Este Campus já nasce com um diferencial. É fruto não só da vontade política, é fruto da luta da juventude organizada”. A afirmação abriu a fala da militante Rodjane Matos, representante do Coletivo Jovem do Campo e da Cidade, durante a abertura da Aula Magna do Campus do Sertão da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A solenidade ocorreu ontem, 29, em Nossa Senhora da Glória.
O papel decisivo da mobilização social para a construção do Campus do Sertão foi relembrado em diversos momentos durante a cerimônia, que foi prestigiada por representantes de movimentos sociais, autoridades, membros da sociedade civil organizada, estudantes e demais cidadãos, lotando a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) do município.
Em seu discurso, Rodjane Matos frisou a satisfação de toda a comunidade do sertão por perceber que com mobilização é possível modificar a história e atuar na geração de resultados ambiciosos, como foi o caso da criação do Campus do Sertão. “Quantas reuniões, debates, estudos, quantas noites e dias de sonhos, de lutas. Este Campus também é resultado da luta dos movimentos sociais que entendem a educação como um dos pilares para a transformação de nossa sociedade. O acesso a uma educação de qualidade não só na cidade, mas também no campo, é direito de todos e dever do Estado”, declarou emocionada.
O prefeito de Nossa Senhora da Glória, Chico do Correio, também recorda o envolvimento da sociedade para que o Campus do Sertão se transformasse em uma realidade. De acordo com ele, a trajetória que culminou com a Aula Magna de ontem foi iniciada há cerca de dez anos, quando o processo de expansão da UFS para outros municípios estava em andamento.
“A implantação deste Campus é uma vitória da persistência do povo sertanejo. Em menos de um ano, entre 2005 e 2006, obtivemos quarenta mil assinaturas do povo do sertão em um documento e o levamos para as mãos do ex-presidente Lula. Conseguimos sensibilizá-lo e hoje comemoramos que o povo de Sergipe e das regiões vizinhas terá a oportunidade de estudar em quatro cursos que consideram a vocação local, alavancando e dinamizando a economia de nossa região”, celebrou o prefeito.
A criação do Campus do Sertão, no município de Nossa Senhora da Glória, foi anunciada pelo Ministério da Educação (MEC) em março de 2014. Ele tem como foco a agricultura familiar e pretende utilizar um modelo de ensino que aproxime os alunos da realidade local.
Sua primeira seleção, feita com base na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014, foi realizada entre julho e agosto de 2015. Foram contabilizadas 1.020 inscrições confirmadas para o preenchimento das 200 vagas distribuídas dentre os cursos de Engenharia Agronômica, Zootecnia, Medicina Veterinária e Agroindústria.
Desenvolvimento regional
A cada dez estudantes aprovados e matriculados nas primeiras turmas do Campus do Sertão, oito são oriundos de municípios situados no semi-árido sergipano. Esta característica do Campus reforça a expectativa de que sua implantação modificará a região, favorecendo o seu potencial de desenvolvimento.
Para o reitor da UFS, Angelo Roberto Antoniolli, o fato de o ensino no Campus ser focado nas metodologias ativas, mais modernas, significa que “a formação dos estudantes será integrada à sociedade”. “Estes jovens terão uma formação vinculada à agricultura familiar, o que os capacitará tecnicamente e, para além disso, os habilitará para levar esperança e prosperidade para as suas famílias, mobilizando todo o sertão. Está tudo alinhado e funcionando muito bem, apesar de todas as dificuldades que o país está passando atualmente. Contamos com parcerias valorosas para que este projeto funcione, como o Governo do Estado, as Prefeituras da região, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Ministério Público do Trabalho, dentre outras lideranças e instituições. Este Campus foi pensado para se integrar, levar desenvolvimento econômico e social e fazer parte do arranjo produtivo local”, explicou o reitor.
O reitor Angelo Antoniolli aproveitou para demonstrar as imagens do futuro Campus definitivo, que ainda será construído e contará com frigorífico, abatedouro, residência estudantil, centro de vivência. Inicialmente as aulas teóricas e a sede administrativa do Campus funcionarão em um espaço provisório, adaptado para as necessidades dos ciclos iniciais dos quatro cursos. Quanto à base experimental para aulas práticas e atividades de pesquisa e extensão, será utilizada uma fazenda cedida pela EMBRAPA, situada nas cidades de Nossa Senhora da Glória, Feira Nova e Graccho Cardoso.
A convidada especial da solenidade, Maria Lúcia de Oliveira Falcón, professora do Departamento de Economia (DEE/UFS) e atual presidente do Incra, parabenizou a UFS pela consolidação do projeto que, segundo ela, é “estruturante para o desenvolvimento do sertão sergipano e para todo o entorno da região do São Francisco, abrangendo inclusive os estados vizinhos, como Pernambuco, Alagoas e Bahia”.
“O novo Campus possui um papel preponderante na formação de novos profissionais que aproveitarão uma proposta metodológica diferenciada que permitirá que desde o início do curso estes estudantes possam estar em contato com problemas reais da sociedade. É o mundo da produção e o mundo das ciências se encontrando neste Campus de Ciências Agrárias”, resumiu a professora.