
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), por ano morrem cerca de 1,2 milhão de pessoas por causa da violência no trânsito e mais de 50 milhões sofrem lesões em todo o mundo. Por causa dos dados alarmantes, a ONU estipulou de 2011 a 2020 a década mundial de ações de segurança no trânsito.
Veja as fotos das primeiras aulas da nova disciplina.
Em Aracaju, os acidentes de trânsito correspondem a segunda maior causa de morte devido a causas externas (que são as mortes por motivo não natural), atingindo 32% dos óbitos. Segundo a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) da capital, no ano de 2014 foram registrados 7.644 acidentes de trânsito, sendo 77 vítimas fatais. Já em 2015 ocorreram 5.736 acidentes, com 66 mortes.
A maioria das mortes envolvendo acidentes de trânsito aconteceu nas zonas norte e sul (66%). O Centro fica em segundo lugar com 22,7% dos registros, seguido por zona oeste com 12,12% e zona de expansão com 4,5%. Os bairros com os maiores índices de vítimas fatais foram são Santos Dumont e Centro, com 7 óbitos registrados em cada um, São Conrado com 6, Jabutiana com 5 e Farolândia com 3.
Em 2015 foram registrados 25 atropelamentos e 24 colisões com vítimas fatais. Quando o assunto é acidente de motocicleta, no mesmo ano foram registradas 28 mortes desses condutores. As principais vítimas são de idade entre 30 e 44 anos (39%), seguidos por jovens de 15 a 29 anos (21%) e por pessoas com mais de 60 (20%).
"Os traumas não comprometem somente a parte física, também afetam a parte cognitiva e comportamental, no caso do trauma cranioencefálico, podendo provocar comportamento depressivo ou agressivo, por exemplo, o que afeta toda família", explica a professora Edilene Curvelo Hora Mota, do Departamento de Enfermagem (DEN) do campus de Aracaju (HU). O tratamento dura em média seis meses.
Liga Acadêmica de Trauma
A professora Edilene já vem há algum tempo pesquisando o tema. Uma das ações coordenadas por ela trata-se da Liga Acadêmica de Trauma, projeto de extensão criado em 2009 que envolve professores e alunos de diversos cursos. A liga promove cursos e palestras em escolas e na universidade, além de atividades nas ruas, em parceria com órgãos de trânsito. O projeto faz parte do Comitê Municipal de Mobilização pela Saúde, Segurança e Paz no Trânsito (Comsepat), da Prefeitura de Aracaju, que conta com 45 instituições públicas e privadas e representantes da sociedade civil.
Um dos resultados dos trabalhos da liga foi a criação, em 2015, de um ambulatório no Hospital Universitário (HU) que atende gratuitamente vítimas de traumas encaminhadas pelo Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), em sua maioria vítimas de acidentes de trânsito. A equipe do ambulatório conta com cirurgião, psicólogo, psiquiatra, fonoaudiólogo, enfermeiros, além de alunos de Enfermagem e residentes de Medicina. Desde a sua criação, o ambulatório atendeu mais de 100 pessoas (e não 100 mil pessoas, como informado anteriormente). Além dos traumatizados, as famílias também são acompanhadas.
Disciplina
A mais nova ação desenvolvida pela professora Edilene consiste na criação da disciplina “Prevenção de Acidentes de Trânsito e Suporte Básico de Vida”, ofertada pelo DEN. Além da prevenção, a matéria trata da assistência em situação de urgência fora do ambiente hospitalar.
Segundo a ementa da disciplina, o objetivo é formar cidadãos conscientes, críticos e responsáveis no trânsito, além de conhecer o suporte básico de vida para prevenção de agravos à saúde. As 40 vagas foram ocupadas por alunos de Enfermagem, Medicina, Zootecnia, Engenharia Florestal, Fisioterapia, Geologia e Física.
Com aulas temáticas, serão abordados temas como: educação no trânsito, direção preventiva e defensiva, principais legislações no trânsito, engenharia de trânsito, delitos no trânsito, fiscalização e operação de trânsito em Sergipe e suporte básico de vida para o leigo.
A cada aula, um profissional da área é convidado para falar sobre um dos temas. Na abertura, houve a apresentação acerca da dinâmica do acidente de trânsito, ministrada por Nelson Felipe da Silva Filho, superintendente da SMTT. A coordenadora do Núcleo de Prevenção de Violências de Acidentes (Nupeva) da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju, Lijane Oliveira, também deu sua contribuição à disciplina e falou sobre a estatística do "Projeto Vida no Trânsito".
Para a professora Edilene, a aceitação dos alunos foi muito grande. "Estão bastante interessados. Inserir esta disciplina para jovens que ainda não têm carteira de habilitação ou tiraram há pouco tempo é primordial, uma vez que as estatísticas mostram que a maioria das vítimas de acidentes de trânsito são jovens com idade produtiva". A forma de avaliação, continua a professora, vai abranger além da prova teórica um projeto sobre prevenção a acidentes de trânsito.
Matriculada na disciplina, Aline de Oliveira é aluna do segundo período de Enfermagem. Ela avalia positivamente o que já viu até aqui. "A disciplina tem grande importância na graduação. Até o momento foi muito enriquecedora para os discentes, trazendo informações extremamente necessárias para o entendimento da vivência no trânsito. A estratégia da docente em trazer para as aulas profissionais que vivem em contato com a temática é fantástica, pois tornou a aula dinâmica e interessante. Logo, a disciplina forma cidadãos conscientes no trânsito", diz.
Ascom
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