Um carro baja, um carro tipo fórmula e um aeromodelo estão sendo construídos por estudantes dos cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção e Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Sergipe para participarem das competições da Society of Automotive Engineers (SAE) Brasil, realizadas anualmente com estudantes de diversos países.
Orientados pela professora do Departamento de Engenharia Mecânica Alessandra Azevedo, cerca de quarenta estudantes selecionados através dos projetos “Engenharia Mecânica de portas abertas” e “Lugar de mulher é na oficina - Quebrando paradigmas” se dividem em três equipes de produção. A Escuderia UFSAE trabalha na construção de um veículo tipo fórmula, a Araras Aerodesign produz um aeromodelo radio-controlado e a Serbaja constrói um veículo baja. Veja as fotos das equipes.
Cada equipe visa simular uma empresa que produz modelos de veículos para vender em série, com organização definida onde os alunos experimentam uma realidade de mercado acerca da função e das responsabilidades dos engenheiros. Para isso, os bolsistas passam por cursos, simulações computacionais das diversas partes de cada veículo, treinamentos de soldagem, torneamento, furação, serramento, limpeza de motores e ainda, na parte organizacional da empresa, planejamento da produção, custos, marketing e publicidade.
Segundo a professora Alessandra, os principais objetivos dos projetos são propiciar uma experiência de exercício profissional amparada pelo ambiente acadêmico e contribuir para o desenvolvimento regional na área de engenharia. “A participação dessas equipes na competição colocará a Universidade Federal de Sergipe como uma referência regional nessa área de projeto e fabricação, bem como de formação estudantil, favorecendo a inclusão do Nordeste nesse ambiente competitivo”, diz.
A recepção dos alunos é bastante positiva. Empolgados com a competição, eles correm atrás de tudo que precisam para colocar os veículos em operação, desde o desenho do projeto à compra do material e fabricação dos protótipos. São eles os responsáveis pela concepção técnica, com a elaboração de projeto, relatórios de engenharia e inspeção técnica de segurança e pela viabilidade comercial dos produtos, através dos relatórios de custos, divulgação da imagem em redes sociais, patrocínio etc.
É essa sensação de responsabilidade e autonomia que motiva a estudante do 6º período de Engenharia Mecânica Fernanda Fontenelle a participar da equipe já há um ano e meio. “Eu me interessei pelo projeto porque ele proporciona a aplicação dos conhecimentos de engenharia e o desenvolvimento de diversas habilidades, além de a ideia da construção de um protótipo de um carro de alta performance ser uma forma muito mais atraente, motivadora e apaixonante de aprender”, conta.
Muito atraída pela aviação, Fabiana Emmanuelle, estudante do quinto período de Engenharia Mecânica, encontrou na Araras uma chance de conhecer mais a área. Por isso, dedica-se à equipe desde o seu surgimento, há um ano e oito meses. “O que se ganha de conhecimento nesse projeto é adimensional. Nós aprendemos a administrar nosso tempo, a lidar com pessoas, observar como funcionam nossos estudos de sala de aula na prática, estabelecer prioridades, a pesquisar e, claro, o mais legal de todos, aprendemos a engenhar”.
Clara Virgínia, estudante do quarto período Engenharia de Produção, é membro da Serbaja desde o primeiro período. “A equipe tem me ensinado principalmente a trabalhar em grupo, a conhecer a diversidade dos outros e aprender a lidar com isso. Acho que hoje em dia, além de aprender todos os instrumentos da profissão, precisamos saber trabalhar com o próximo, ainda mais como engenheiros, já que lidamos com praticamente todas as classes e áreas”.
De olho na competição
Depois de terem competido em 2013, os membros da equipe Escuderia iniciaram um novo projeto de veículo, arrecadaram o valor de R$ 7 mil e realizaram a inscrição na competição nacional da SAE de 2016, que acontecerá de 24 a 27 de novembro.
A equipe Araras participou da competição pela primeira vez ano passado. Para este ano, a produção do aeromodelo se encontra na fase de cálculos, ensaio e escrita de relatórios, precedente à construção do avião.
Já com o carro pronto para a competição regional que será realizada em outubo, a equipe Serbaja busca colaboradores para aquisição das últimas peças.
Para avaliar os projetos, a SAE verifica o cumprimento das normas de segurança e realiza provas dinâmicas específicas a cada tipo de veículo: prova de voo para Aerodesign; prova de corrida para a Fórmula; e prova de enduro para a Serbaja. Os projetos que alcançarem as melhores pontuações na soma geral das provas poderão representar o Brasil nas competições da SAE International nos EUA.
Centro de competições
A oficina é o ateliê dos profissionais de engenharia. E, como todo espaço de criação, precisa ser propícia ao desenvolvimento de seus produtos, com um ambiente que comporte e acomode os participantes e suas peças.
Pensando nisso, a UFS autorizou a reforma da oficina onde as equipes trabalham, transformando-a em um centro de competições, que funcionará como laboratório de construção dos protótipos para competição da SAE.
“Solicitamos que fosse aberta a licitação para esta obra e esperamos que o processo seja concluído até o mês de junho. A extensão universitária é um dos pilares da nossa universidade e por isso temos o compromisso com a comunidade acadêmica e com a sociedade de oferecer a estrutura necessária para que estes projetos sejam desenvolvidos de forma adequada”, diz o reitor Angelo Roberto Antoniolli.
Equipes buscam patrocínio
Cada peça usada na construção dos veículos é pensada minuciosamente para alcançar o bom funcionamento. Algumas delas são compradas prontas, outras são construídas passo a passo pelas equipes. Qualquer que seja a maneira de obtenção das peças, uma coisa é certa: é preciso arrecadar fundos para seu custeio.
A sustentação dos projetos vem basicamente da universidade, através da compra de materiais via licitação,e dos estudantes que se mobilizam de variadas formas para levantar recursos, realizando campeonatos e bazar, por exemplo. Mas, segundo a professora Alessandra, esses recursos ainda não são suficientes, já que o gasto médio para construção de um carro que atenda às normas de segurança exigidas pela competição é de R$ 80 mil.
Nesse cenário, a parceria com empresas que possam patrocinar as equipes com peças e serviços é extremamente importante para a construção dos veículos. Alessandra explica que essa relação pode ser bidirecional, porque os empresários estarão contribuindo para a formação dos futuros profissionais que estarão presentes no mercado sergipano.
“Além de levar o nome da Universidade Federal de Sergipe e do curso de Engenharia Mecânica, que é novo aqui [instalado em 2007], a gente está mostrando para as empresas que aqui tem gente interessada e que, se elas investirem, os estudantes serão profissionais com futuro promissor no mercado de trabalho”, afirma.
Os patrocínios também ajudam as equipes a se destacarem na competição, uma vez que os avaliadores observam a desenvoltura da equipe em vender seu produto e se comportar como uma empresa através da quantidade de patrocinadores que acreditaram na ideia e investiram nela.
Ascom
comunica@ufs.br