Sex, 23 de setembro de 2011, 12:58

Pintura Digital
Pintura Digital

Saber Ciência / Mônica Scarpat Zandonadi


10/09/2009



Um novo conceito de pintura surgiu a partir da era digital trazendo consigo o que hoje conhecemos como pintura digital. A pintura digital consiste na apropriação de ferramentas de trabalho que ao invés de usar meios tradicionais de pintura utiliza meios digitais, como, por exemplo, o conhecido programa chamado Corel Painter que reproduz através dos seus recursos imagens com tonalidades em degradê e texturas similares ao tradicional método de pintura com pincéis e tubos de tinta.

Uma boa pintura digital para ser caracterizada como arte não consiste apenas em um bom programa e um profissional treinado, que utilizando os recursos apropriados fará belas montagens. A pintura digital entendida como arte necessita ter um diferencial que está justamente na marca do artista que através do uso das ferramentas de trabalho, de criatividade e de muita pesquisa irá traçar suas poéticas desenvolvendo uma boa pintura digital e não meras montagens.

Essa técnica é desenvolvida através de programas de computadores com ferramentas como pincéis, espátulas, lápis e tintas de forma virtual, que posteriormente poderão ser impressas e trabalhadas com materiais convencionais sobre as mesmas ou através de máquinas de plotagem ou transfer para serem transferidas em óleo, cera, acrílica sobre papel, tecido, telas, plástico, dentre outros.

O londrino Jeremy Sutton é um dos mais importantes artistas digitais, conhecido mundialmente por seu estilo e criatividade. Ele utiliza a ferramenta Corel Painter para realizar os seus trabalhos. “Minhas pinturas evoluem como em uma dança improvisada. O processo segue o seu próprio caminho, cores são escolhidas intuitivamente, cada momento revela surpresas, cada pincelada têm o seu próprio sentimento na tela”, diz ele.

Nos dias de hoje, além de continuar a produção e exibição de suas obras, Jeremy Sutton mantém um centro de treinamento, em seu ateliê pessoal na cidade de São Francisco, e demonstra uma habilidade fascinante em ensinar pessoas. Esteve no Brasil em setembro de 2008 onde realizou em parceria com a Revista Digital um workshop demonstrando o seu método para aproveitar os recursos da fotografia e levá-las ao “nível de arte”, transformando-as em pinturas realmente criativas e expressivas, segundo divulgação publicada no site da Cadritech.

Uma das dificuldades encontradas pelos artistas que tendem a desenvolver trabalhos com a técnica da pintura digital é o alto custo da reprodução das imagens, que não usam os métodos convencionais de plotagem e sim equipamentos sofisticados que imprimem as imagens usando tinta a óleo, acrílica, cera, dentre outros, com as mesmas características de uma pintura manual e com o diferencial de durabilidade superior a 100 anos. Para fugir dessas dificuldades e do alto custo, alguns artistas após seu trabalho de criação usando o meio digital, fazem a plotagem de seus trabalhos em equipamentos convencionais de impressão e de forma manual aplicam a tinta sobre seus trabalhos, unindo assim a técnica acadêmica milenar da pintura às artes digitais.

Apesar das discussões e controvérsias em torno da pintura digital não há como negar que neste período de grandes transformações pelo qual estamos passando, nas diversas áreas do saber, a pintura digital vem ganhando cada vez mais espaço e popularidade, balançando as estruturas dos conceitos pré-estabelecidos de arte maior que abarcavam a escultura, o desenho e a pintura. Ao contrário dos pensamentos de Adorno e Horkheimer, devemos concordar com Walter Benjamin, quando o mesmo vê na reprodução técnica uma possibilidade de democratização estética e desenvolvimento do senso crítico por parte do observador, desde é claro que as “reproduções” conservem as características do original. Salve a era digital e a quebra de paradigmas!

Saber Ciência é uma coluna semanal de divulgação científica publicada no CINFORM. É uma atividade da Agência UFS de Divulgação Científica, sob coordenação do Prof. Dr. Josenildo Luiz Guerra, e com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe - Fapitec.


Currículo
Mônica Scarpat Zandonadi é formada em Artes Plásticas, Especialista em Literatura, Memória Cultural e Sociedade e tem mestrado em Cultura Regional pela Università di Torino – Itália. Trabalho realizado como exigência parcial para a disciplina “Linguagem do texto digital”, ministrada pela Profa. Dra. Lilian França, junto ao Mestrado em Letras/UFS.


Atualizado em: Sex, 23 de setembro de 2011, 12:59
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