Saber Ciência / Marlúcia Alves Secundo White
10/09/2009
As mudanças sócio-culturais provocadas pela globalização das economias, auxiliadas pelas tecnologias da informação, implicam em profundas mudanças na educação brasileira. Essas transformações dão ritmos e dimensões novas à tarefa de ensinar e aprender, às concepções e práticas pedagógicas vigentes, às metodologias de ensino e ao papel do professor e do aluno. O certo é que não se pode conceber, hoje, um processo educativo sem a inclusão do texto digital, avanço tecnológico que assegura a democratização do ensino.
A “Internet alastrou-se no mundo como um ambiente de comunicação confiável e, a partir de suas residências, estabeleceu-se um ambiente global muito mais favorável às organizações em rede do que para as organizações verticais de comando”, afirmam Pretto e Costa Pinto, em A emergência da cibercultura na sala de aula: os jovens e as TIC's (2006, p.20). Nesse contexto, observa-se a necessidade de professores preparados para atuar no mundo digital, para conhecer e se apropriar dos enunciados, para entender e construir novos modelos no espaço do conhecimento do texto digital.
Com a escrita digital, surge um novo espaço de comunicação, que se estrutura com uma nova forma de pensamento, uma nova cultura - a cibercultura. O termo ciber, segundo Brennand, em Educação Cultura e Mídia, vem de cibernética, do grego kibernêtes: arte de governar, que estuda o movimento das conexões de sistemas de comunicação em organismos vivos, máquinas de calcular e comandos eletromagnéticos em cérebros eletrônicos, aparelhos teleguiados. O termo cultura vem do latim e significa ação de cuidar, tratar, venerar. (Houaiss, 2002). Esse novo espaço de comunicação apresenta como características básicas a hipertextualidade, a interatividade, a virtualidade, a não-linearidade, a multivocalidade, o tempo real, a simulação.
Num contexto cada vez mais interativo dos recursos comunicacionais, são muitas as possibilidades educacionais da web e do hipertexto. A web, segundo Brennand, em Educação Cultura e Mídia (2006, p.37), suporta tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas, tais como memória, imaginação (simulações); percepções (realidade virtual); raciocínio (inteligência artificial). O termo Hipertexto, segundo Mourão (2001, in Brennand, p 46, 2006) designa um sistema de textos eletrônicos ligados por tiras de software. Assim, um trabalho pedagógico voltado para a utilização do hipertexto pode impulsionar o processo ensino e aprendizagem, já que o conhecimento pode ser representado por mútiplas dimensões conceituais.
Lúcia Santaella, em Mídias e artes: os desafios da arte no início do século XXI, afirma que, com a introdução dos microcomputadores, o usuário passa a se comunicar através das telas, telecomandos, gravadores de vídeo e de câmeras caseiras, nascendo a cultura da velocidade e das redes, que veio trazendo consigo a necessidade de simultaneamente acelerar e humanizar nossa interação com as máquinas. Cada um pode tornar-se produtor, criador, compositor, difusor de seus próprios produtos.
Portanto, sendo a Escola um espaço de culturas, seus atores precisam articular-se e articular as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), a fim de fomentar uma educação global, pautada numa cidadania inclusiva e intercultural. A convergência tecnológica aponta para novos modelos de formação e de aprendizagem. As instituições formais de educação precisam preparar os seus atores – educador e educando, para enfrentar essa revolução na forma de aprender a partir de novos paradigmas. É necessário, portanto, buscar subsídios teóricos e práticos para habilitar os contextos educativos. A escola, assim, estará apta a lidar com as diversas linguagens do universo.
Saber Ciência é uma coluna semanal de divulgação científica publicada no CINFORM. É uma atividade da Agência UFS de Divulgação Científica, sob coordenação do Prof. Dr. Josenildo Luiz Guerra, e com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe - Fapitec.
Marlúcia Alves Secundo White é Formada em licenciatura plena em Letras Vernáculas e pós-graduada (lato sensu) em Língua Portuguesa. Professora do IFS-Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe. Artigo preparado como exigência parcial da disciplina “Linguagem do Texto Digital”, ministrada em 2009, pela Profa. Dra. Lilian França, junto ao Mestrado em Letras/UFS.