Sex, 23 de setembro de 2011, 13:49

O Hipertexto e sua presença em nosso cotidiano
O Hipertexto e sua presença em nosso cotidiano

Saber Ciência / Aretha Ludmilla Pacheco


10/09/2009


Quando lemos algum texto, ouvimos algum ruído, vemos alguma imagem, enfim, qualquer que seja o estímulo apresentado, o nosso cérebro é automaticamente acionado. A partir deste momento, em segundos, ele nos devolve alguma coisa como resposta ao estímulo dado, um feedback quase instantâneo.



O processo descrito pode ser destrinchado sem auxílio de termos técnicos, e traduzido de uma forma muito simples. Tal qual um banco de dados que nos retorna informações a partir de uma única palavra-chave, ou um sistema integrado que cruza informações de fontes diferentes contando apenas com um dado comum, assim se comporta o nosso cérebro.

O mecanismo utilizado atua como se existisse uma espécie de biblioteca, ou mesmo de banco de dados no qual estão arquivadas todas as leituras que fizemos durante a vida. Leituras de livros, de filmes, de músicas, de contatos sociais com o outro, de experiências de trabalho, de experiências acadêmicas. Está tudo registrado em nossa memória.

Daí talvez nós consigamos tirar um motivo para não receber com estranheza o Hipertexto.

E que dizer dos tão famosos sites de relacionamento. Nos nossos dias, grande parte da população nacional e mundial não só tem acesso a eles como faz freqüente uso dessas páginas. Quando nos conectamos a sites como esses, desfrutamos a possibilidade, por exemplo, de conversar com várias pessoas ao mesmo tempo. Situação que pode ocorrer de diversas formas. Usando uma janela para cada contato, usando apenas uma janela para falar com vários contatos. Pode-se usar câmera e microfone, ou apenas teclar sem ver ou ouvir quem está do outro lado da tela.

Para citarmos, ainda, outra situação muito comum, podemos falar do ato em si de navegar por várias páginas da internet. Todas elas são linkadas. O que quer dizer que existem, numa mesma página, vários pontos de ligação com outras páginas da internet. Todo o conteúdo da rede está interconectado. Para perceber isso não é necessário visitar um site de busca ou um site “wiki”, cuja natureza já é em si o cruzamento de informações. Qualquer página da internet, por simples que seja possui pelo menos um link que vai levar o usuário a outra página.

O conceito de Hipertexto apareceu no séc. XX com Teodor Nelson, que assim o define, no artigo "Virtual world without end" de 1992: "As idéias não precisam ser separadas nunca mais (...) Assim eu defino o termo hipertexto, simplesmente como escritas associadas não-seqüenciais, conexões possíveis de se seguir, oportunidades de leitura em diferentes direções".

Parece-nos que o Hipertexto está mais presente em nossa rotina que o que conseguimos perceber e imaginar. Talvez por o fato do termo propriamente dito não ser tão conhecido, escutar a expressão Hipertexto ainda não nos traz uma referência automática, que não aquelas dos exemplos de textos hipertextuais mais falados, como Afternoon, a story de Joyce. O hipertexto, porém não existe apenas vinculado a romances e contos. Como pudemos ver, até mesmo nosso cérebro é configurado sob uma estrutura hipertextual. Grandes teóricos como Vannevar Bush e Edgar Morin já nos disseram que o nosso cérebro é relacional. Mostraram também como nosso cérebro se estruturou ao longo da história.

Essas breves discussões possivelmente nos ajudarão a entender o que o hipertexto consegue abarcar. Talvez pensarmos o hipertexto além dos limites da escrita nos ajude a entendê-lo dentro das dimensões dela.

O hipertexto é mais que uma possibilidade democrática de escolher um caminho a outro. É poder caminhar por duas vias ao mesmo tempo.

Saber Ciência é uma coluna semanal de divulgação científica publicada no CINFORM. É uma atividade da Agência UFS de Divulgação Científica, sob coordenação do Prof. Dr. Josenildo Luiz Guerra, e com apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe - Fapitec.


Currículo
Aretha Ludmilla Pacheco é formada em Letras-Português/Inglês (pela UFAL). Este artigo foi produzido para a disciplina “Linguagem do Texto Digital”, ministrada em 2009, pela Profa. Dra. Lilian França, junto ao Mestrado em Letras/UFS.


Atualizado em: Sex, 23 de setembro de 2011, 13:50
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