Seg, 26 de setembro de 2011, 13:58

Métodos de controle da erosão marginal: do empirismo à bioengenharia
Métodos de controle da erosão marginal: do empirismo à bioengenharia

Saber Ciência / Renisson Neponuceno de Araújo Filho


08/06/2010


A erosão marginal é um dos problemas resultantes das intervenções realizadas no vale do São Francisco. Um fator determinante para a atual degradação ambiental foi à mudança brusca do regime hídrico do rio e os efeitos da redução da disponibilidade de água doce para o seu baixo curso, se refletindo em modificação de vazão, poluição das fontes de abastecimento existentes e mudança no nível do lençol, de acordo com pesquia da equipe liderada pelo professor do Sandro Holanda (Análise multitemporal e caracterização dos processos erosivos no Baixo São Francisco. Revista Brasileira de Geomorfologia, 2007).


Com a destruição da vegetação das margens do rio, normalmente ocupando taludes bastante verticais e naturalmente instáveis, dada a sua constituição granulométrica predominantemente arenosa, contribuindo para a ocorrência da erosão marginal, grandes volumes de solo são perdidos. Neste contexto, podemos destacar como práticas utilizadas para contenção da erosão: as práticas empíricas dos ribeirinhos, os enrocamentos e a bioengenharia.
As práticas adotadas pelos ribeirinhos são explicadas pela etnociência, que é o campo do saber que procura consolidar esse intercâmbio profícuo entre a ciência e as práticas tradicionais. É importante lembrar que, indagações sistematizadas a partir das vivências com a população ribeirinha é fundamental para nortear esse diálogo entre o saber acadêmico e o saber obtido pela experiência do senso comum. Portanto, a produção de conhecimentos de natureza empírica, será mediada pelas formas de caráter científico através de técnicas de controle da erosão em margens de curso d'água.
Outra forma de combate a erosão é o uso de enrocamentos, que são construções que, quando submetidas a uma variação de tensões, sofrem transformações estruturais devidas ao deslocamento, rotação e quebra de partículas. Enrocamento é um, entre vários, dos métodos de proteção das margens dos rios, também chamado de “riprap”. Consiste em uma ou mais camadas de pedra que são colocadas ao longo das margens do rio ou beirando mares e lagos como forma de prevenir a erosão. Cada camada é graduada de acordo com porcentagens especificadas, dentro de padrões de tamanhos variados. Os enrocamentos são flexíveis e as rochas podem se mover para posições mais estáveis pela força do fluxo da água, ações das ondas ou da gravidade, sem necessariamente comprometer a estabilidade de todo o talude, e o solo pode naturalmente preencher os vazios entre as rochas em concordância com Arilmara Bandeira, em sua dissertação de mestrado (Evolução do processo erosivo na margem direita do rio São Francisco e eficiência dos enrocamentos no controle da erosão. São Cristóvão, SE, 2005).
Uma técnica também usada para conter erosões em margens de cursos d’água é a bioengenharia, que consiste no uso de elementos biologicamente ativos, em obras de estabilização de solo e de sedimentos, conjugados com elementos inertes como concreto, madeira, ligas metálicas, polímeros, e mantas confeccionadas com fibras vegetais, que são chamadas de geotêxteis ou biomantas. As técnicas de bioengenharia vão desde a utilização de apenas materiais de construção vivos (vegetação herbácea, arbustiva e/ou arbórea), aos consórcios com geotêxteis, concreto, madeira, ligas metálicas, retentores orgânicos de sedimentos e sistema de confinamento celular de polietileno. Entretanto, deve-se evitar a utilização de materiais de construção rígidos como aço, concreto e plásticos, devendo ser limitados em seções em que os métodos vegetativos se mostrem inadequados para prevenção da erosão.


Currículo
Engenheiro florestal


Atualizado em: Seg, 26 de setembro de 2011, 13:59
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