Ter, 27 de setembro de 2011, 12:12

138 anos de escola normal
138 anos de escola normal

Saber Ciência / Cristina de Almeida Valença C. Barroso


09/06/2010


A Escola Normal, fundada em 24 de Outubro de 1871, comemora 138 anos de existência. Mesmo com as várias denominações que ganhou ao longo do tempo - Escola Normal, Escola Normal de Dois Graus, Escola Normal Rui Barbosa e Instituto de Educação Rui Barbosa – sempre cumpriu seu dever de educar e formar aqueles que seriam os futuros professores primários.


Apesar do projeto inicial da instalação dessa escola em Sergipe ter como público alvo os estudantes do sexo masculino, ela transformou-se em um espaço próprio para a formação feminina. Os primeiros incentivos do diretor da Instrução pública, Manoel Luis de Azevedo e do presidente de província João Ferreira de Araujo Pinho, concorreram para criação de uma Escola Normal feminina, já que os discursos políticos da época engendravam a idéia de que a mulher estaria mais habilitada para exercer o magistério e assim, precisava ser melhor instruída.
A procura pela Escola Normal era determinada tanto pelo seu prestígio como por ser uma instituição confiável para a educação das jovens. Essa instituição educacional orientava as futuras professoras primárias de modo que elas fossem modelos para seus alunos. A formação de normalista esteve ligada à preocupação de que elas fossem civilizadoras, ou seja, transmitissem às crianças as regras e os valores sociais.
A inserção da mulher no cenário escolar republicano estava permeada por essas idéias pedagógicas calcadas nos princípios da Pedagogia Moderna. Esses princípios estavam relacionados, por sua vez, a um modelo ideal construído a partir da pretensão de formar novos cidadãos para uma sociedade que se pretendia moderna. Esse modelo instituído estava associado à função social do magistério. Nessa direção, a professora deveria constituir-se em um modelo de virtude por meio de suas atitudes, concepções, condutas e sentimentos.
O curso normal era destinado a preparar as jovens que pretendiam seguir a carreira do magistério. Mas servia também como um curso que formava moças com bons modos e que no futuro fossem boas donas de casa. Ou seja, dava noções de cultura geral àquelas que iriam estudar até o casamento. Esse era o grande trunfo da escola para conseguir, inicialmente, a legitimação perante a sociedade. Além das aulas de Gramática, Aritmética, História e Geografia, as jovens sergipanas aprendiam Francês, Pedagogia, Noções de Higiene, Música, Desenho, Religião, Ginástica e Trabalhos Manuais.
A legislação também contribuiu para o estabelecimento das normas para a conduta das professoras primárias através dos Regulamentos de Instrução Pública. Essa regulamentação designava, dentre outros, os deveres pelos quais professores públicos deveriam seguir. Os deveres estavam ligados normalmente às obrigações de bem educar, de pontualidade, de inserir nos alunos o gosto pelos estudos e a aplicações das punições, quando elas julgassem necessário.
A preocupação com a instalação de modernos padrões de ensino era revelada pela contratação de educadores de São Paulo, pelas importações de mobílias e, principalmente, pela construção de um prédio próprio para a instituição. Inaugurado em novembro de 1911, o edifício que hoje funciona como centro cultural e que já foi denominado de “Rua 24 horas”, foi construído no governo de Rodrigues da Costa Dória e projetado dentro do ideário que creditava à educação o meio de instauração do progresso, como um verdadeiro monumento localizado na Praça Olimpio Campos.
É perceptível a importância que a sociedade dava a Escola Normal Rui Barbosa, tanto nos artigos de jornais da época, nos relatórios de inspetores e nas próprias mensagens presidenciais vemos que essa instituição educacional preenchia os fins a que foi destinada, na medida em que muitas jovens conseguiam completar o curso e saírem diplomadas da escola com a maioria dos pré-requisitos necessários à condição de mestre e com a oportunidade de ascensão do ambiente doméstico para a independência econômica e social. Dessa forma, não devemos esquecer de homenagear essa instituição educacional fundada na segunda metade do século XIX e que ainda garante sua parcela de contribuição para a formação dos jovens que decidiram seguir a carreira do magistério. Parabéns velha amiga!


Currículo
Historiadora e professora mestre do Curso de Museologia da Universidade Federal de Sergipe.


Atualizado em: Ter, 27 de setembro de 2011, 12:13
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