Só quem sofre com varizes conhece o desconforto causado por elas. Para alguns, a doença não passa de uma preocupação puramente estética, mas em muitas situações as varizes podem causar dor e até mesmo problemas mais graves, como sérias doenças circulatórias. Além disso, dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) apontam que cerca de R$ 12 milhões são gastos por mês com trabalhadores acometidos pela doença.
No Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS) uma nova técnica vem sendo utilizada para acabar com esses incômodos. Trata-se da ecoescleroterapia com espuma guiada por ultrassom (EEE), popularmente chamada de aplicação com espuma. O método, de acordo com a cirurgiã vascular do HU-UFS, Cristiane Vilaça, é menos invasivo, sem corte e não tem ponto cirúrgico.
“Em alguns casos é necessária a anestesia local. No entanto, o usuário que passa por esse procedimento tem uma recuperação muito mais rápida, comparando-se à cirurgia convencional”, afirma. Ela diz ainda que a cirurgia convencional atenderia a cerca de dois pacientes, contra seis a sete na ecoescleroterapia . “É uma alternativa mais barata e mais rápida, além dos outros benefícios que citei”, pontua.
O Hospital Universitário de Sergipe chega a realizar 40 procedimentos por mês. “O paciente tem que chegar até o ambulatório do HU regulado pelo município. No ambulatório, ele é avaliado por um angiologista e um cirurgião vascular, faz os exames necessários e verificamos se ele está apto ao procedimento”, explica a médica.
Casos
Cristiane Vilaça enfatiza que a aplicação com espuma pode ser feita em praticamente todos os casos de varizes, mas que é mais aconselhável para situações graves. “Normalmente o paciente que passará pelo procedimento apresenta uma úlcera ou uma lesão de coloração na pele, mas vale ressaltar que existem também as contraindicações à aplicação, como alergia ao produto utilizado no procedimento e histórico de trombose ou doenças descompensadas, como hipertensão e diabetes”, detalha.
Contratualização

O Sistema Único de saúde (SUS) ainda não tem um código específico para a ecoescleroterapia. No HU-UFS, o procedimento ocorre graças à contratualização com o município de Aracaju. De acordo com Cristiane Vilaça, uma sessão na rede privada pode custar cerca de R$ 600. “O uso da ecoescleroterapia com espuma guiada por ultrassom no HU-UFS é fruto de um projeto de mestrado de minha autoria, que possibilitou a aplicação em 150 pacientes com varizes, por meio de uma pactuação com a Prefeitura de Aracaju”, conta.
Na ecoescleroterapia com espuma guiada por ultrassom (EEE) é utilizado um líquido denominado polidocanol. A cada procedimento é preparada uma espuma com esse líquido e injetada no paciente. “A espuma trata a veia por dentro, e nós acompanhamos tudo via ultrassonografia no momento da aplicação”, diz.
Fatores de risco
Entre os principais fatores que podem gerar varizes estão a postura, passar muito tempo de pé ou sentado, gestação, uso de anticoncepcional e carregar muito peso. “Todos esses podem influenciar, mas as causas de varizes predominantes ainda são de predisposição genética”, lembra a cirurgiã.
Outro ponto destacado por ela refere-se ao uso de salto alto. “O salto, quando muito alto, pode prejudicar a panturrilha, o que pode agravar as varizes, mas pode ser usado um salto intermediário, de 4cm a 5cm. O aparecimento da doença não tem idade, é mais frequente em mulheres, e tende a piorar com a gestação. A atividade física com excesso de carga também pode agravar o problema, mas o fato de subir e descer escadas, não, ao contrário do que muita gente acredita”, esclarece.
Unidade de Comunicação do HU