Seg, 20 de novembro de 2017, 20:09

Avanços da neurociência podem contribuir para melhorar índices de alfabetização, indica palestrante
Presença de estudiosa na UFS coincide com a divulgação de índices negativos de alfabetização em Sergipe

Nesta segunda-feira, 20, a pesquisadora e professora emérita da Universidade Federal de Santa Catarina, Leonor Scliar-Cabral, esteve em Sergipe para proferir a palestra ‘Os avanços da neurociência para a formação do leitor’, dentro da programação da IV Semana Acadêmico-Cultural (Semac), da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

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Confira a programação completa da Semac

O objetivo inicial, segundo a coordenadora do evento, a professora da UFS Marileia Silva dos Reis, era contribuir com os cursos a distância da universidade. Segundo ela, os professores do Centro de Educação Superior a Distância (Cesad) relatam a dificuldade dos alunos com leitura, inclusive nas áreas de ciências exatas. “Professores de física, química, matemática, falam que os alunos não sabem ler o problema, compreender o problema, para depois realizar os cálculos”, relata.


Professora Leonor Scliar-Cabral
Professora Leonor Scliar-Cabral

No entanto, o debate acabou sendo conduzido a partir de dados divulgados no fim de outubro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que posicionam Sergipe com um dos piores índices de alfabetização do país. Os números são da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), realizada durante o ano de 2016, com alunos de escolas públicas matriculados no terceiro ano do ensino fundamental - clique aqui para ver os índices do país e de cada estado.

Para Leonor Scliar, os dados são preocupantes e devem ser discutidos por todos os educadores do estado. “A avaliação do Inep não considera, por exemplo, velocidade e entonação na leitura”, aponta a professora, ressaltando que os índices devem ser visto com atenção ainda maior.

A pesquisadora acredita que parte da causa está nos processos de alfabetização. “Há ausência de método para alfabetizar ou esses métodos são errôneos”, destaca. Além da melhor qualificação dos educadores, ela defende que uma compreensão maior de como o cérebro funciona durante a leitura pode contribuir com a formação do leitor.

Em sua palestra, Leonor destacou, inclusive, que distúrbios podem dificultar os processos de alfabetização. “As dificuldades que os alunos apresentam podem ser decorrentes de distúrbios de atenção ou da dislexia”, exemplifica.

Os estudos da neurociência, segundo a pesquisadora, têm contribuído para se conhecer melhor o funcionamento do cérebro durante os processos cognitivos. “Graças à Imagem por Ressonância Magnética Funcional (IRMF), à Eletroencefalografia (EEG) e à Magnetoencefalografia (MEG), pode-se rastrear como nosso cérebro trabalha durante a leitura”, destaca.


Antônio Ponciano Bezerra, diretor do Cesad
Antônio Ponciano Bezerra, diretor do Cesad

Cesad e a formação do leitor

Para o diretor do Cesad, Antonio Ponciano Bezerra, a formação do leitor é importante em qualquer área. “Atualmente, o que mais se diz é que não se lê”, pontua. “O Cesad tem uma pauta imensa de atendimento às licenciaturas, onde a formação do leitor é fundamental - professor que não forma leitor não é professor”, disserta o docente.

Daí, a importância de se utilizarem todos os recursos teóricos disponíveis para a formação dos profissionais da docência. “As teorias sobre formação do leitor são várias, esta agora [neurociência] é um posicionamento novo, uma área nova e muito complexa”, admite.


Professora Marileia Silva dos Reis, coordenadora da palestra
Professora Marileia Silva dos Reis, coordenadora da palestra

A professora Mariléia dos Reis concorda com a importância de ampliar a formação dos educadores. “Ter consciência desse processo cognitivo neurobiológico, como se dá toda a trajetória neuronial da leitura, essa formação nos fortalece para trabalharmos em sala de aula”, conclui.

Semac

Com o tema “Qualidade e desempenho acadêmico”, a IV Semana Acadêmica da UFS (Semac) tem como objetivo integrar, articular e socializar a produção do conhecimento, o ensino, a extensão, a inovação, a arte e a cultura para, efetivamente, construir uma universidade solidária, ancorada na realidade social. O evento vai de segunda, 20, a sexta, 24.

Marcilio Costa
comunica@ufs.br


Atualizado em: Ter, 21 de novembro de 2017, 16:11
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