Qua, 22 de novembro de 2017, 16:19

Mesa-redonda discute experiências de bibliotecas comunitárias para o incentivo à leitura
Debate envolveu iniciativas de uma biblioteca urbana de Aracaju e uma rural da Bahia

Um bairro da zona norte de Aracaju e uma comunidade do interior da Bahia trouxeram iniciativas em comum para mais um evento da IV Semana Científica e Cultural (Semac) da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A mesa-redonda debateu, na tarde desta terça-feira, 21, o tema ‘Biblioteca comunitária: um projeto social de incentivo a leitura’, envolvendo acadêmicos da universidade, especialmente do curso de Biblioteconomia e Documentação.

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Confira a programação completa da Semac

Na atividade, Tânia Cristina dos Santos Souza e José Arivaldo Moreira Prado narraram suas experiências com bibliotecas comunitárias, respectivamente, no bairro 18 do Forte, zona norte de Aracaju, e na comunidade São José do Paiaiá, na cidade baiana de Nova Soure, próximo à divisa com Sergipe.

A Biblioteca Comunitária Viajando na Leitura (BCVL) surgiu por iniciativa da professora do ensino básico Tânia Cristina Souza, conhecida como Cris Souza. Ela conta que percebeu na sala de aula, como educadora em turmas de alfabetização, que as crianças precisavam apenas de estímulo para se apaixonarem pela leitura. “Eu trazia meus livros, os que recebia de colegas, também; o ‘cantinho de leitura’ da minha sala de aula era maravilhoso”, emociona-se. “Aquelas crianças que freqüentavam o ‘cantinho’ eram as que mais se destacavam”, completa Cris, que é também escritora de literatura infanto-juvenil e contadora de histórias.


Tânia Cristina dos Santos Souza coordena a Biblioteca Comunitária Viajando na Leitura (BCVL)
Tânia Cristina dos Santos Souza coordena a Biblioteca Comunitária Viajando na Leitura (BCVL)

A educadora decidiu, então, levar a experiência bem sucedida para a comunidade, foi quando surgiu a ideia de criar a biblioteca. “Encontramos um local, usei o dinheiro que tinha na poupança para alugar, coloquei cem livros – meu acervo pessoal”, narra. Depois, Cris divulgou a iniciativa no Facebook, foi quando começou a integração com a comunidade e vieram outras colaborações. “Até hoje recebo doações”, comemora.

A maior biblioteca rural

Em 2012, José Arivaldo Moreira Prado, o Ari Prado da comunidade São José do Paiaiá, acompanhou seu tio, Geraldo Moreira Prado, professor universitário e pesquisador, no desafio de iniciar uma biblioteca comunitária na localidade de cerca de 600 habitantes. A primeira doação - de 12 mil livros, do acervo do próprio Geraldo – iniciou o acervo da Biblioteca Comunitária Maria das Neves Prado.


José Arivaldo Moreira Prado relatou a experiência da biblioteca comunitária da localidade São José do Paiaiá, na Bahia
José Arivaldo Moreira Prado relatou a experiência da biblioteca comunitária da localidade São José do Paiaiá, na Bahia

Hoje estudante de Biblioteconomia na UFS, Ari Prado acompanha à distância o gerenciamento da autointitulada “maior biblioteca rural do mundo”, que conta atualmente com cerca de 120 mil livros, em um prédio de 450m². “Meu TCC [Trabalho de Conclusão de Curso] é sobre como capacitar professores para atuar bibliotecas comunitárias”, explica Ari.

Com a compreensão que adquiriu na prática e na universidade, Ari Prado alerta que não basta ser aberta ao público para que a biblioteca seja comunitária. “Quando temos autonomia sobre a biblioteca, aí sim ela é comunitária”, alerta.

O estudante observa que a presença da biblioteca comunitária e a repercussão que chamou a atenção para o distrito transformaram a comunidade. “Uma espécie de ‘universo cosmopolita’ acabou se propagando pelo povoado”, diz.


Niliane Cunha de Aguiar é professora do Departamento de Ciência da Informação
Niliane Cunha de Aguiar é professora do Departamento de Ciência da Informação

Por que comunitária

A professora do Departamento de Ciência da Informação e coordenadora da mesa-redonda, Niliane Cunha de Aguiar, explicou o que caracteriza a biblioteca comunitária. “O que distingue a biblioteca comunitária de outras bibliotecas é a autonomia”, disserta a docente. “Ela é formada pela comunidade, pelo interesse da comunidade”, completa.

Niliane abordou também os desafios para o estímulo à leitura no país. “No Brasil, o incentivo a leitura é um tipo de subversão, precisa de atitudes de mobilização social”, finaliza.

Semac

Com o tema “Qualidade e desempenho acadêmico”, a 4ª Semac tem como objetivo integrar, articular e socializar a produção do conhecimento, o ensino, a extensão, a inovação, a arte e a cultura para, efetivamente, construir uma universidade solidária, ancorada na realidade social. As atividades seguem até sexta-feira, 24.

Marcilio Costa
comunica@ufs.br


Atualizado em: Qua, 22 de novembro de 2017, 16:47
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