A diminuição nos casos de arboviroses causadas pelo Aedes Aegypti (dengue, chikungunya e zyka vírus) no estado de Sergipe tem surpreendido gestores das mais diversas áreas da saúde nos últimos anos. No entanto, os dados não indicam a erradicação do problema e, com isso, inúmeras ações de combate às doenças têm sido desenvolvidas junto à população.
Uma delas foi a realização da I Mostra Estadual de Experiência no Controle de Aedes e Doenças Relacionadas, realizada na manhã da última quinta-feira, 23, na didática V, dentro da programação da IV Semana Acadêmica da UFS (Semac).
Em parceria com a Secretaria do Estado da Saúde, o evento contou com a participação de gestores da saúde de diversos municípios sergipanos, além de professores e estudantes da de graduação e pós-graduação da UFS.
De acordo com o coordenador acadêmico do evento, professor Marco Aurélio De Oliveira Góes, a redução nos casos de arboviroses nos municípios sergipanos pode confundir a população no que diz respeito à importância da prevenção dessas doenças.
“Ao falar em redução dos índices de arboviroses no estado, muitas pessoas podem associar esses dados ao desaparecimento do mosquito, o que é um perigo, principalmente nessa época do ano, em que há um consumo maior de água. Dessa forma, é importantíssimo que os órgãos competentes e os seus parceiros possam evidenciar ainda mais a importância da prevenção, dos cuidados diários a serem tomados para combater o aedes aegypti no estado. E como instituição de educação, pesquisa e conhecimento, além de participante nas ações junto à SES, a UFS tem um papel fundamental nesse sentido”, explica Marco Aurélio.
A coordenadora da Sala Estadual de Situação da SES, Tereza Cristina Maynard, ressaltou a importância da interdisciplinaridade e das parcerias entre o estado e as instituições de ensino no processo do monitoramento das ações de mobilização e combate ao vetor por meio de uma resposta integrada e intensificada.
“A UFS é membro da Sala Estadual de Situação da SES e contribui significativamente através de pesquisas nas áreas da saúde e afins. Assim, é imprescindível que a gente traga para a sala de aula, além dos dados atuais de cada município, os trabalhos que estão sendo desenvolvidos no combate às doenças, gerando um espaço de discussão produtivo para toda a comunidade”, disse a coordenadora durante o evento.
Segundo o coordenador de Tecnologias Sociais e Ambientais da Pró-Reitoria de Extensão da UFS (Proex), Wellington Barros, sendo ampliadas, essas discussões tendem não só à diminuição dos índices, mas também à ampliação das ferramentas de pesquisa e à sua aplicação à comunidade externa.
“A pesquisa é, sem dúvida, importante no combate às doenças, mas é preciso mostrar à população que ela tem papel fundamental na reversão dos quadros epidemiológicos e do meio ambiente. Todas aquelas instruções para cuidar do lixo, da água, das plantas são repetitivas, mas são básicas e, colocadas em prática, proporcionam muitos ganhos a todos”, diz Wellington.
Vacina
Em 2008, o Instituto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH) firmaram parceria para o desenvolvimento de testes clínicos em humanos da primeira vacina brasileira contra a Dengue.
Em Sergipe, esses testes são conduzidos pela UFS, em Laranjeiras, sob a coordenação do professor de Medicina da instituição Ricardo Gurgel.
Durante o evento, Ricardo explicou que mais de mil pessoas – dentre 2 e 50 anos – no estado estão contribuindo para a avaliação do desenvolvimento da vacina, que, sem dúvidas, irá contribuir para erradicação dessa arbovirose no país.
“A Dengue é uma doença endêmica em mais de cem países, incluindo o Brasil. A vacina brasileira produzida pelo Butantan, um centro estadual de excelência reconhecido internacionalmente, será uma importante arma de prevenção, protegendo nossa população contra a doença e suas complicações. Ela é produzida com vírus vivos, mas geneticamente enfraquecidos, de forma que a resposta imunológica tenda a ser mais forte, mas sem potencial para gerar a doença”, salientou o professor.
Jéssica Vieira
comunica2ufs.br