Experimento caixa escura: o objetivo é mostrar que, para enxergar, precisamos de luz e reflexão. Quando uma fonte de luz é emitida diretamente em nossos olhos, nenhuma informação nos é dada, inclusive nos irrita. A luz precisa incidir sobre a informação (objeto), refletir e vir em nossa direção. (fotos: Diego DiSouza/Ascom UFS)
Muitas vezes, a disciplina de Física é transmitida em sala de aula de forma que seja difícil para os alunos visualizar como todos aqueles fenômenos ocorrem na realidade. Esse é um desafio de diversos professores. Um projeto de extensão desenvolvido pela UFS tenta superar esse empecilho. Trata-se do Física nas escolas, que tem o objetivo de ensinar a ciência que investiga as leis do universo de uma forma diferente da qual estamos habituados.
Composto por graduandos e um coordenador, o professor Edvaldo Alves de Souza Júnior, do Departamento de Física (DFI), campus de São Cristóvão, a ação vigora há um ano e meio e já visitou cerca de nove instituições.
Experimento plataforma de pregos: uma mesma força exerce pressões diferentes no objeto se aplicada em apenas um único ponto ou em vários pontos ao mesmo tempo. Assim, em uma plataforma de pregos, semelhante a “cama de faquir”, uma bola de assopro pode ser pressionada e não estourar.
Com a parceria da Secretaria de Educação do Estado (Seed), o projeto consegue contato com os diretores das escolas e realiza visitas periódicas, onde a apresentação de experimentos de três temáticas da física é feita com o intuito de despertar o melhor entendimento e interesse pela área.
“A ideia de fazer esses experimentos veio de uma vontade que eu via nos alunos de graduação de poder criar, construir coisas, e levar para as escolas”, conta o professor Edvaldo.
Experimento garrafa na pressão: o objetivo é demonstrar que a diferença de pressão pode modificar o ambiente e realizar trabalho.
O projeto, que já visitou escolas tanto no interior quanto na capital, começou com dois alunos e hoje conta com seis, entre eles Rafael Gomes Souza, do 3º período. Para ele, a forma como o ensino da matéria é passado em sala de aula influencia completamente no aprendizado do estudante.
“O que me motivou a integrar o projeto é o seu ideal de levar o conhecimento de Física de forma simplificada para as escolas. Imagino o quão diferente seria se esse projeto tivesse feito parte do meu ensino médio”, afirma.
Experimento reflexão de pregos: os pregos mostram o caminho que será percorrido por um feixe de luz devido à lei da reflexão. Assim, aprende-se que, devido às propriedades da luz, se soubermos a origem dos raios, podemos dizer qual será o seu "fim".
No último dia 23 de agosto, o Física nas escolas visitou a Escola Estadual 24 de Outubro, no bairro Cidade Nova, em Aracaju. A diretora, o conselheiro escolar e a professora de Física estavam presentes, acompanhando as apresentações e observando a receptividade dos alunos à nova experiência.
Para Ivone de Moraes, diretora da escola, a inovação na forma de ensino é essencial. “Nós temos que despertar no nosso aluno o conhecimento e o interesse pela ciência. Nossos professores trabalham mais com a teoria e é importante que se trabalhe também com a prática”, explica.
Para o conselheiro escolar Júlio César Santos de Santana, ações como essa são ainda mais importantes em localidades de baixa renda. “Nossa comunidade é muito carente, por vezes esquecida. Nós não temos os aparatos que vocês [a universidade] têm, e quando isso chega até nós é uma forma de mostrar aos nossos alunos o que eles também podem fazer”, ressalta.
A professora Aline do Nascimento Rodrigues, responsável pela matéria de Física na escola, acredita que essa experiência é uma oportunidade única para os alunos. “É legal até mesmo ter contato com outros profissionais, pois por vezes a figura repetitiva do professor em sala de aula torna o aprendizado monótono”, diz.
O aluno Gabriel Rocha dos Santos, que cursa o primeiro ano do ensino médio, acredita que aprender a disciplina é melhor e mais fácil ao observar os experimentos de perto. “Na sala de aula é algo mais teórico, às vezes acaba ficando meio chato. Ver as reações acontecendo é muito mais legal”, conclui.
Brunna Martins (bolsista)
Luiz Amaro
comunica@ufs.br
*As informações das legendas das fotos dos experimentos nos foram passadas pelo professor Edvaldo Alves de Souza Júnior, coordenador do projeto.
"Spinners" magnéticos: imãs são colados aos "spinners" e, assim, a interação magnética faz com que eles interfiram um no movimento do outro.