![Campus Antônio Garcia Filho (Foto: Adilson Andrade - Ascom/UFS)](/uploads/body_image/gist/127367/p_rtico_lagarto.jpg)
Há 10 anos, mais exatamente no dia 14 de março de 2011, foi instalado o Campus da Saúde, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), no município de Lagarto. As aulas iniciaram dois meses depois, nos cursos de Farmácia, Nutrição, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional - foram ofertadas 300 vagas no primeiro vestibular. No ano seguinte viriam os cursos de Medicina e Odontologia.
De lá para cá, a UFS formou 1.252 profissionais no Campus. O que o diferencia de outras instituições, no entanto, é o perfil de formação desses egressos. Os oito cursos oferecidos em Lagarto são voltados para a saúde pública, inclusive possuindo disciplinas que são necessariamente práticas exercidas na comunidade. Além disso, os projetos pedagógicos são estruturados a partir da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) e Metodologias Ativas de Ensino.
![Mario Adriano dos Santos, primeiro diretor: “Eu costumava dizer, no início do Campus, e costumo ainda dizer que ele é um projeto para ser pujante mesmo daqui a 50 anos”. (Foto: Adilson Andrade - Arquivo Ascom/UFS)](/uploads/body_image/gist/127369/mario_adriano.jpg)
No modelo ABP - também conhecido como PBL (do inglês Problem Based Learning) - não predomina a tradicional aula expositiva. Ao contrário, o estudante é provocado pela situação/problema ou cenário e inicia suas buscas a partir daquele problema - o papel do professor é auxiliar nessas buscas e nas discussões do grupo tutorial.
O professor Mario Adriano dos Santos foi o primeiro diretor do Campus da Saúde, que passou a se chamar Antônio Garcia Filho ainda em 2011, em homenagem a um dos fundadores da Escola de Medicina de Sergipe, em 1961. Para Mario, havia um ambiente propício para a instalação de uma unidade da UFS, na área de saúde, naquela região, e que ela tivesse esse perfil de integração com a saúde pública.
“Sergipe estava realizando uma reforma sanitária, com instalação de múltiplos equipamentos de saúde e criou um ambiente muito propício para as estratégias de formação em saúde: o Hospital Regional, hoje Hospital Universitário, clínica de Saúde da Família, unidades básicas e uma rede complementar que criava os cenários apropriados de prática”, relata Mario.
![Professor decano do Campus, João Carlos Carvalho Queiroz (à esquerda), em solenidade de formatura do curso de Medicina. (Foto: Schirlene Reis - Arquivo Ascom/UFS)](/uploads/body_image/gist/127371/WhatsApp_Image_2020-12-23_at_12.54.37_1_.jpeg)
Esse cenário motivou João Carlos Carvalho Queiroz a disputar uma vaga de professor no Departamento de Medicina. O paranaense vinha de uma experiência com Metodologias Ativas na Bahia e acreditava no potencial do modelo para o Campus da Saúde.
“O Campus de Lagarto, em particular, precisava de uma outra expertise, de um outro olhar, que foi a chegada do campus com uma metodologia diferenciada, que são as Metodologias Ativas”, defende ele, agora docente e chefe do Departamento.
“O modelo metodológico se consagra como uma alternativa viável, segura e atualizada, transformadora. Eu acho que as metodologias ativas vêm exatamente dentro dessa perspectiva. Elas trazem a possibilidade de os alunos se verem enquanto protagonistas da própria formação, construindo uma autonomia universitária, uma autonomia pessoal, enquanto cidadãos propriamente dito, e eu acho que talvez eu diria a capacidade da emancipação”, argumenta.
Dez anos depois
O diretor geral do campus, professor Makson Oliveira, é docente da UFS desde 2018 - antes havia sido professor substituto na UFS. Ele acredita que o campus tem centrado esforços na formação de bons profissionais e essa preocupação reflete na melhoria da saúde da região. “O impacto do campus na região é realmente muito significativo, com o HUL, com o ambulatório trans, que foi um marco para nossa Universidade. E é um impacto que está diretamente relacionado às pessoas. São os egressos que estão se formando lá, que acabam trabalhando na região, os estudantes que estão na prática de ensino à comunidade. Toda essa contribuição humana tem fortalecido a questão da saúde no campus de Lagarto”, observa.
A terceirizada Márcia Santos destaca o sentimento de integração no campus e o estímulo ao crescimento. "Quando eu entrei, eu era coordenadora operacional. Tipo, eu era fiscal didática, quando eu comecei a trabalhar aqui. Hoje, eu sou encarregada do pessoal da limpeza e eu hoje eu tomo conta do campus inteiro. Hoje eu tenho um cargo melhor, um salário melhor, isso para mim é um ponto positivo da Universidade. Eles reconhecem o funcionário. A integração é muito boa, o pessoal é muito acolhedor. Por isso que eu digo sempre: eu gosto de trabalhar aqui, esse é o melhor lugar, eu sempre digo isso. Quem trabalha aqui sabe que é bem diferente a convivência aqui no campus", observa.
![“A integração é muito boa, o pessoal é muito acolhedor. Por isso que eu digo sempre: eu gosto de trabalhar aqui, esse é o melhor lugar”, afirma Márcia Santos, servidora terceirizada. (Foto: acervo pessoal)](/uploads/body_image/gist/127375/8c9817fa-e95c-431c-a035-9fbb031c614e.jpg)
O comprometimento dos servidores, o modelo pedagógico, o empenho dos estudantes e a proximidade com a comunidade convergem para o que é hoje o Campus Professor Antônio Garcia Filho e para seu futuro.
“Eu costumava dizer, no início do Campus, e costumo ainda dizer que ele é um projeto para ser pujante mesmo daqui a 50 anos”, defende Mario Adriano, “com excelentes acomodações, com metodologias sempre inovadoras e com uma forte inserção na comunidade, realizando leituras cotidianas dos seus problemas e devolvendo soluções para aqueles que mais necessitam”, finaliza.
Com um pé no futuro
A discente Alicia Lisboa testemunhou as mudanças trazidas pela chegada do campus em Lagarto e agora observa de perto, enquanto discente e futura profissional. "Eu já conhecia a Saúde de fora. Eu enquanto cidadã e agora tenho a convicção de quanto nossa saúde melhorou depois que a universidade veio para Lagarto", pontua.
![Alicia Lisboa, formanda de Enfermagem: “Hoje eu saio da faculdade uma Alicia mais humana, mais maleável, que sabe se impor mais". (Foto: acervo pessoal)](/uploads/body_image/gist/127377/alicia_lisboa.jpg)
Alicia terminará, no segundo semestre, o curso de Enfermagem. "Sempre tive o entusiasmo de passar na minha cidade. Quando a aprovação veio, foi uma felicidade muito grande. Ainda mais, com a metodologia ativa, que a gente só sabe o que é vivendo. Hoje eu saio da faculdade uma Alicia mais humana, mais maleável, que sabe se impor mais", observa.
![“Eu percebo o esforço dos professores, de toda a comunidade docente, para que a gente possa aprender da melhor forma possível”, afirma Maria Eduarda França, caloura de Fonoaudiologia. (Foto: acervo pessoal)](/uploads/body_image/gist/127379/maria_eduarda2.jpg)
As expectativas também são grandes para quem está no início da trajetória. Maria Eduarda França, de 19 anos, começou o curso de Fonoaudiologia no ano mais atípico da sociedade: 2020. Moradora de Simão Dias, a 30 km de Lagarto, a jovem está assistindo às aulas de forma remota e conta que, mesmo com as particularidades do momento e do tipo de ensino, já conseguiu perceber a dedicação da equipe do campus. " Eu fui me adaptando. Parece que eu nasci para o método de Lagarto. Eu percebo o esforço dos professores, de toda a comunidade docente, para que a gente possa aprender da melhor forma possível. E eles estão conseguindo. Os professores têm uma didática impressionante", observa. No campus Lagarto, os estudantes do primeiro ciclo (que equivale a um ano letivo) de todos os cursos têm aulas juntos, no Departamento de Educação em Saúde.
Ana Laura Farias
Marcilio Costa
comunica@ufs.br
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