Os professores do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e coordenadores do Laboratório de Estudos do Poder e da Política, Fernanda Rios Petrarca e Wilson José Ferreira de Oliveira desenvolveram mais uma pesquisa na área. Dessa vez, um artigo publicado na Revista Civitas, em 2020, chamado “A luta contra a corrupção: estado da arte e perspectivas de análise”. No artigo, os professores buscam conceituar a corrupção enquanto um fenômeno sociológico, suas características, causas e consequências para a sociedade. Ainda nas pesquisas dos estudiosos, verifica-se que essa “luta contra a corrupção” pode ser utilizada como estratégia política.
Segundo a linha de pesquisa do professor Wilson, a sociologia é fundamental para entendermos como se dá a relação entre o sistema político brasileiro e a suposta luta contra corrupção no país. No caso do Brasil, de acordo com as análises dos pesquisadores, a luta anticorrupção se tornou uma causa político-eleitoral, um meio para os grupos que eram contrários ao sistema de alianças do Partido dos Trabalhadores (PT) e os demais partidos que dominavam em meados de 2013 conseguissem destruir essas alianças e recompô-las aos poucos de modo a beneficiá-los. “O antipetismo, se tornou o principal elemento agregador de protestos contra a corrupção, de modo que a corrupção fosse um sinônimo de PT, o que traz uma série de consequências. Uma dessas consequências, é que grupos conservadores e de direita conseguiram maior poder e maior participação no Congresso, assunto que aproundo melhor no artigo”, explica.
Dentro desse mesmo debate, a professora Fernanda comentou sobre uma outra pesquisa de sua autoria, também publicada na Revista Civitas, a qual mostra a importância de analisar a corrupção como um fenômeno social, que possui mecanismo próprio de funcionamento. No dossiê elaborado sobre o assunto, ela também explica alguns equívocos na narrativa jurídica ocorridos na Operação Lava-Jato, em 2014. “Um ponto importante é romper um conjunto de abordagens que tendem a ver a corrupção como um patrimônio genético, culturalmente construído na sociedade e focar nos processos. Essas abordagens geralmente trazem uma análise muito moralista sobre o fenômeno, e nós buscamos, na verdade, analisar a corrupção como uma rede de trocas ocultas, qual a sua estrutura de governança e quais são os mecanismos que regulam e protegem esse sistema corrupto”, detalha.
Os sociólogos também concederam entrevista sobre o assunto ao programa SE é Ciência, projeto de divulgação científica da UFS que pode ser ouvido na Rádio UFS FM todo sábado às 10h, e no Spotify toda terça-feira.
Mira Marques - poscast SE é Ciência
comunica@academico.ufs.br