Sex, 18 de junho de 2021, 14:11

Estudo da UFS mostra que “luta contra corrupção” no Brasil pode ser articulada por interesses políticos
Artigo foi publicado na Revista Civitas, em 2020

Os professores do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e coordenadores do Laboratório de Estudos do Poder e da Política, Fernanda Rios Petrarca e Wilson José Ferreira de Oliveira desenvolveram mais uma pesquisa na área. Dessa vez, um artigo publicado na Revista Civitas, em 2020, chamado “A luta contra a corrupção: estado da arte e perspectivas de análise”. No artigo, os professores buscam conceituar a corrupção enquanto um fenômeno sociológico, suas características, causas e consequências para a sociedade. Ainda nas pesquisas dos estudiosos, verifica-se que essa “luta contra a corrupção” pode ser utilizada como estratégia política.

Segundo a linha de pesquisa do professor Wilson, a sociologia é fundamental para entendermos como se dá a relação entre o sistema político brasileiro e a suposta luta contra corrupção no país. No caso do Brasil, de acordo com as análises dos pesquisadores, a luta anticorrupção se tornou uma causa político-eleitoral, um meio para os grupos que eram contrários ao sistema de alianças do Partido dos Trabalhadores (PT) e os demais partidos que dominavam em meados de 2013 conseguissem destruir essas alianças e recompô-las aos poucos de modo a beneficiá-los. “O antipetismo, se tornou o principal elemento agregador de protestos contra a corrupção, de modo que a corrupção fosse um sinônimo de PT, o que traz uma série de consequências. Uma dessas consequências, é que grupos conservadores e de direita conseguiram maior poder e maior participação no Congresso, assunto que aproundo melhor no artigo”, explica.


Professor Wilson de Oliveira deu entrevista ao podcast SE é Ciência. (foto: Arquivos pessoais)
Professor Wilson de Oliveira deu entrevista ao podcast SE é Ciência. (foto: Arquivos pessoais)

Dentro desse mesmo debate, a professora Fernanda comentou sobre uma outra pesquisa de sua autoria, também publicada na Revista Civitas, a qual mostra a importância de analisar a corrupção como um fenômeno social, que possui mecanismo próprio de funcionamento. No dossiê elaborado sobre o assunto, ela também explica alguns equívocos na narrativa jurídica ocorridos na Operação Lava-Jato, em 2014. “Um ponto importante é romper um conjunto de abordagens que tendem a ver a corrupção como um patrimônio genético, culturalmente construído na sociedade e focar nos processos. Essas abordagens geralmente trazem uma análise muito moralista sobre o fenômeno, e nós buscamos, na verdade, analisar a corrupção como uma rede de trocas ocultas, qual a sua estrutura de governança e quais são os mecanismos que regulam e protegem esse sistema corrupto”, detalha.


Fernanda Petrarca é professora do Departamento de Ciências Sociais da UFS
Fernanda Petrarca é professora do Departamento de Ciências Sociais da UFS

Os sociólogos também concederam entrevista sobre o assunto ao programa SE é Ciência, projeto de divulgação científica da UFS que pode ser ouvido na Rádio UFS FM todo sábado às 10h, e no Spotify toda terça-feira.

Mira Marques - poscast SE é Ciência

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Sex, 18 de junho de 2021, 14:19
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