Sex, 02 de julho de 2021, 12:57

Professores da UFS explicam curiosidades sobre a sociedade das abelhas
Nas colônias onde vivem esses insetos, a fêmea representa a essência do trabalho e da reprodução

As abelhas são animais bastante conhecidos, especialmente pela produção de mel e polinização das flores, além de suas picadas dolorosas que acontecem geralmente quando o animal se sente ameaçado e podem causar algumas reações alérgicas devido ao veneno presente no ferrão desses animais.

Entretanto, existem outros aspectos acerca das abelhas que valem muito a pena saber. A sociedade das abelhas é bastante diferente da sociedade humana e cercada de curiosidades, principalmente nas questões de organização, trabalho e reprodução.

As colônias geralmente têm apenas uma fêmea reprodutiva: a rainha. Todas as outras abelhas fêmeas da colônia pertencem à casta das operárias, que executam diversos papéis na colônia, mas não desenvolvem seus ovários na presença de feromônios inibitórios, ou seja, um sinal químico da rainha. Essa geralmente se ocupa exclusivamente da reprodução, se acasalando com um ou poucos zangões. As fêmeas podem armazenar os gametas masculinos durante toda a sua vida na colônia, mantendo-os nutridos. Já os machos, morrem após o acasalamento e nenhum deles possui pai, pois nascem de óvulos não fecundados. Além disso, é comum que sejam expulsos por trabalhar menos.

Outra curiosidade das abelhas é a sua visão, diferente do modo como os humanos enxergam o mundo. O professor Edilson Divino de Araújo, do Departamento de Biologia da UFS, explicou que “o que vemos não é o mundo real, mas a interpretação que nossos sentidos captam do mundo pelas janelas sensoriais que possuímos. As abelhas possuem janelas sensoriais diferentes, o que resulta em uma visão também bem diferente da nossa”, afirmou o professor.


Edilson Divino de Araújo é professor do Departamento de Biologia da UFS. (fotos: Arquivos pessoais)
Edilson Divino de Araújo é professor do Departamento de Biologia da UFS. (fotos: Arquivos pessoais)

Edilson Divino também esclareceu que “os olhos desses insetos são formados por uma infinidade de pequenas estruturas chamadas omatídeos. É com os olhos compostos que as abelhas enxergam as flores. Além dos olhos compostos, elas possuem três ocelos, estruturas bem menores e localizadas no topo da cabeça. Uma abelha operária possui cerca de 5.500 omatídios em cada olho composto. O espectro de luz visível das abelhas é muito diferente do nosso, com receptores para verde, azul e ultravioleta. Portanto, aquela flor que para humanos se apresenta completamente branca pode ser vista por uma abelha como branca com intensas rajadas ultravioleta que indicam a posição do nectário”, complementou.

O professor Maxwell Souza Silveira, voluntário do Departamento de Biologia da UFS, destacou a importância das abelhas que, segundo ele, vai muito além da produção dos produtos apícolas como o mel, própolis e geleia real. “Esses insetos são essenciais para a polinização de 79% dos cultivos agrícolas e 90% das espécies vegetais nativas das florestas tropicais. Por conseguinte, os serviços das abelhas contribuem para a produção de frutos usados na nossa alimentação, como café, acerola, maracujá, caju, cacau e morango”, disse. Mas o professor também alerta para a redução do número de espécies de abelhas no mundo.


Maxwell Silveira: "As populações de abelhas estão declinando em função das ações antrópicas, como a perda de habitat, as mudanças climáticas e o uso de agrotóxicos"
Maxwell Silveira: "As populações de abelhas estão declinando em função das ações antrópicas, como a perda de habitat, as mudanças climáticas e o uso de agrotóxicos"

“As populações de abelhas estão declinando em função das ações antrópicas, como a perda de habitat, as mudanças climáticas e o uso de agrotóxicos. Os habitats das abelhas estão sendo transformados em monoculturas, pastagens e áreas urbanas, que não oferecem os recursos alimentares ou locais de umidificação suficientes para manter a diversidade de abelhas. As mudanças climáticas podem afetar as abelhas diretamente, alterando a temperatura e a umidade nos habitats, ou indiretamente, afetando o ciclo de florescimento das plantas que oferecem recursos específicos” disse Maxwell.

Os professores participaram do Podcast “SE é Ciência”, no qual responderam sobre essas e outras questões relativas às abelhas. Para ouvir esse episódio, clique aqui.

Jhonny Oliveira - SE é Ciência

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Sex, 09 de julho de 2021, 15:17
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