Para preparar os servidores da Universidade Federal de Sergipe para atuação nas bancas de aferição e heteroidentificação, as pró-reitorias de Graduação (Prograd) e de Gestão de Pessoas (Progep) e o Núcleo de Estudos Afrobrasileitos e Indígenas (Neabi) são parceiros na promoção de um curso de capacitação. Intitulado “Aspectos legais e operacionais das bancas de heteroidentificação”, o curso foi ministrado pelo professor Roberto Lacerda, do Departamento de Educação em Saúde (DESL) do campus de Lagarto.
“Ministrar o curso na UFS foi uma experiência muito positiva. Venho acompanhando essa discussão desde o princípio e a gente pôde perceber que existem muitos servidores comprometidos com a política de ações afirmativas, profissionais críticos que compreendem a importância da implementação das comissões de heteroidentificação, a fim de garantir que a reserva de vagas para pessoas pretas e pardas seja ocupada por esses estudantes”, explica o professor.
A primeira turma, já concluída, teve início no dia 6 de julho e contou com 28 participantes entre docentes e técnicos administrativos. A segunda turma começará no dia 06 de setembro com um número ampliado de participantes, totalizando 42 inscritos. Os servidores foram indicados pelos setores da universidade e a capacitação acontece por meio do Google Meet, com direito a certificado.

Por acontecer de forma remota, a capacitação foi dividida em dois momentos. O primeiro assíncrono e mais teórico e o segundo síncrono e mais prático. “Garantimos momentos práticos, síncronos, nos quais a gente refletiu algumas questões teóricas e pudemos aplicar as normas e procedimentos a partir de atividades de simulação. Simulamos algumas bancas para que os participantes tirassem suas dúvidas e se colocassem no papel de avaliadores”, explica Roberto.
A técnica administrativa Jaqueline Santos foi uma participante. Ela ressalta a importância do curso para a garantia da efetividade de políticas de ações afirmativas. “Em 2010, a UFS teve seu primeiro vestibular com cotas, antes mesmo da obrigação de cumprimento da Lei nº 12.711/2012, mas somente agora instituiu a regulamentação e normas de heteroidentificação, fruto das lutas e discussões dos movimentos negros e estudantis. O curso possibilitou conhecimento para colocar em prática a atuação das bancas, além de oportunizar um espaço de discussões étnico-raciais. E essas discussões mostraram como somos carentes desse debate tão importante para o enfrentamento do racismo e garantia de igualdade racial”, afirma a servidora do Departamento de Engenharia Agronômica (DEA).
O professor Roberto Lacerda também reafirma a necessidade de, cada vez mais, abrir o debate sobre as cotas raciais. “É muito importante porque a gente consegue transversalizar essa discussão, muitas vezes tão restrita. A partir do momento que temos turmas tão diversas, conseguimos ampliar o debate e efetivar o que se dispõe na legislação, fazendo com que a UFS tenha mais êxito na implementação das ações afirmativas”.
Letícia Nery
Ascom UFS