Durante sua especialização em Museografia e Patrimônio Cultural, Tayara Barreto Celestino, doutoranda em Sociologia pela UFS, desenvolveu um trabalho sobre leituras possíveis de um curiosíssimo personagem sergipano que foi tratado como gênio e como louco, o japaratubense Arthur Bispo do Rosário.
Dessas leituras possíveis, avançou, no mestrado, para mapear “espaços que mantêm referências diretas à memória na cidade de Japaratuba, descrevendo estratégias mobilizadas em prol da monumentalização deste artista”. O resultado desse trabalho acaba de ser publicado pela Editora UFS.

O livro “Arthur Bispo do Rosário no universo das culturas populares” (186 pág.) é o resultado de dois anos de uma investigação que envolveu um trabalho etnográfico de festas e a análise de relatos de sujeitos e grupos que têm suas vidas ligadas ao universo das culturas populares.
Quem foi Arthur Bispo?
“Nos levantamentos de pesquisa, percebemos que as obras dele são muito relevantes e estão presentes no campo da literatura, fotografia, documentário, cinema, peças teatrais, livros e mais pesquisas”, conta Tayara.
“A vida de Arthur Bispo é muito rica. Ele passou pelas práticas de um hospital psiquiátrico, na década de 1930, e consegue superar esses maus-tratos a partir da arte. Viveu no Rio de Janeiro tendo vários ofícios e atividades até que tem um surto psicótico, diz que é Jesus, e depois retorna para a praia Vermelha para ficar em um hospício”, pontua.

Ressonâncias
A pesquisadora afirma que é a partir dos anos 1990, com a ideia do traslado dos restos mortais de Arthur Bispo do Rosário, ocorrido em 2004, que a cidade de Japaratuba começa a fazer esse apontamento da imagem de Arthur Bispo com as culturas populares.
Abordando as referências em torno de Arthur Bispo em seu município natal, a autora foi percebendo as fabricações de suas memórias, especialmente a partir dos monumentos que são fixados na cidade, logo na entrada, como uma das estratégias de patrimonialização da memória de Bispo, e também do Memorial Histórico de Japaratuba e da Casa da Juventude.
Pós-graduação em Culturas Populares
Tayara Barreto foi aluna da primeira turma do programa de pós-graduação interdisciplinar em Culturas Populares (PPGCULT) da Universidade Federal de Sergipe, concluindo seu mestrado em 2019.

O PPGCULT surgiu em 2017 com foco nas pesquisas sobre culturas populares, mestres e mestras, grupos populares, brincantes, festas populares e manifestações culturais, contemplando os modos de fazer e saberes, para valorizar as culturas do estado de Sergipe e de outros lugares do Brasil.
Podcast
A obra "Arthur Bispo do Rosário no universo das culturas populares" está disponível gratuitamente para download na livraria da Editora UFS, e foi tema do nono episódio do Podcast Sinopse, programa que apresenta os lançamentos da Editora UFS em entrevista com os autores. Ouça aqui.
A autora
Tayara Barreto Celestino é doutoranda em Sociologia pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia (PPGS/UFS), especialista em Museografia e Patrimônio Cultural pelo Claretiano Centro Universitário (Batatais/SP), bacharel em Museologia (UFS), em graduada em Artes Visuais pelo Claretiano Centro Universitário (Batatais/SP).
Lei Aldir Blanc
O estudo de Tayara foi também contemplado no prêmio Artes Visuais e Literatura, eixo pesquisas, no Edital n⁰ 5/2020 da Funcap/SE para a Lei n⁰ 14.017, conhecida como Lei Aldir Blanc, em homenagem ao compositor e escritor que morreu em maio de 2020.
Ascom