Qua, 03 de novembro de 2021, 16:31

Acervo do Herbário da UFS preserva 46 mil exemplares de plantas terrestres
Fundado em 1972, espaço guarda amostras da diversidade de Sergipe e de áreas adjacentes
Sentido horário: fungo Basidiomycota (Itabaiana), angiosperma Passiflora Alata Curtis (Mata do Junco), angiosperma Calycolpus Legrandii Mattos (Reserva Biológica Santa Isabel), gimnosperma Cycas sp. (beira mar), angiosperma plantas aquáticas (lagoa da Aruana), angiosperma Myrcia ovina Proença & Landim (Reserva Biológica de Santa Isabel), angiosperma Pombalia calceolaria (L.) Paula-Souza (Aruana) e angiosperma Melastomataceae (Mata do Junco). (fonte e fotos: profa. M. Ibrahim/DBI-UFS)
Sentido horário: fungo Basidiomycota (Itabaiana), angiosperma Passiflora Alata Curtis (Mata do Junco), angiosperma Calycolpus Legrandii Mattos (Reserva Biológica Santa Isabel), gimnosperma Cycas sp. (beira mar), angiosperma plantas aquáticas (lagoa da Aruana), angiosperma Myrcia ovina Proença & Landim (Reserva Biológica de Santa Isabel), angiosperma Pombalia calceolaria (L.) Paula-Souza (Aruana) e angiosperma Melastomataceae (Mata do Junco). (fonte e fotos: profa. M. Ibrahim/DBI-UFS)

Uma das coleções biológicas mais antigas de Sergipe se encontra atualmente no Herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE), no Departamento de Biologia (DBI) do campus de São Cristóvão. O local, fundado em 1972, guarda, em armários devidamente climatizados, aproximadamente 46 mil exemplares terrestres, como algas, briófitas, licófitas, samambaias, gimnospermas e angiospermas, sendo este último o grupo mais representativo (cerca de 85% do acervo).

“Um herbário é um museu e tem como principal função resguardar amostras da diversidade que existe em um determinado lugar. No caso do ASE, é um herbário que representa a flora encontrada no nosso estado e áreas adjacentes. Temos muitas espécies aqui e esse número só tende a crescer”, explica a curadora, a professora do Departamento de Biologia Marla Ibrahim.

Por ser uma grande “biblioteca” de plantas, o espaço tornou-se referência em Sergipe como fonte de dados para realização de pesquisas anatômicas, genéticas, ecológicas, farmacológicas e agronômicas. A curadora explica que, para obter informações sobre nomenclatura, classificação, distribuição e ecologia de qualquer planta, são necessárias análises precisas das espécies, o que seria muito difícil de ser realizado somente em campo.

Pesquisas no acervo


Acervo congrega diversas informações, o que seria muito difícil de ser encontrado somente em campo, explica a curadora Marla Ibrahim, do DBI.
Acervo congrega diversas informações, o que seria muito difícil de ser encontrado somente em campo, explica a curadora Marla Ibrahim, do DBI.

Uma pesquisa desenvolvida a partir de dados coletados no herbário é conduzida por um ex-orientando da professora Marla, o licenciado em Ciências Biológicas Fabiano Dantas. A pesquisa em questão consiste em sua dissertação que, embora o mestrado seja pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), na Bahia, é no ASE que ele realiza toda a base do trabalho.

O pesquisador empenha-se na investigação da brioflora de Sergipe, que consiste em realizar o levantamento florístico de briófitas, que são tipos de plantas conhecidas popularmente como antóceros, hepáticas e musgos. Essas espécies são encontradas principalmente em biomas como tundra e floresta tropical, e são fundamentais para reduzir os riscos de erosão no solo, além de servirem como reservatórios de água e nutrientes e de abrigo para a microfauna do ambiente.

Uma de suas propostas é que, por meio do seu trabalho, ele consiga aumentar ainda mais a coleção de briófitas disponibilizada no herbário. “Quando iniciei meus estudos com briófitas, havia apenas três amostras delas e hoje temos 750. Quer dizer, em três anos nós multiplicamos centenas de vezes a quantidade de amostras e eu espero continuar contribuindo com a coleção”, comentou o mestrando, que já atuou como estagiário do local.

Histórico


Fabiano Dantas desenvolve pesquisa no herbário para seu mestrado sobre a brioflora de Sergipe.
Fabiano Dantas desenvolve pesquisa no herbário para seu mestrado sobre a brioflora de Sergipe.

O primeiro contato de Fabiano Dantas com as briófitas ocorreu em 2017, ocasião em que foi convidado pela professora Marla para participar como bolsista de iniciação científica em um levantamento florístico da família Myrtaceae (a família da goiaba, pitanga e do eucalipto). Na época, o trabalho de pesquisa possibilitou que novas espécies fossem encontradas em Sergipe, em comparação com outro levantamento feito em 2013, segundo os pesquisadores.

E, em 2018, Fabiano teve as primeiras experiências em pesquisa na área de briófitas. “Fizemos coletas em três localidades do estado e durante essas coletas conseguimos aproximadamente 23 novas ocorrências de briófitas em Sergipe. Isso significa uma importante contribuição do ASE e da pesquisa científica, já que o estado é pouco estudado em relação a sua brioflora”, explica. Ainda de acordo com ele, esse primeiro projeto sobre briófitas foi selecionado entre os três melhores na área de Ciências Biológicas no 29º Encontro de Iniciação Científica da UFS daquele ano.

Extensão


A Estratégia Global para a Conservação de Plantas (GSPC, 2012) indica a relevância da realização de atividades que aproximem a comunidade e a universidade, facilitando o conhecimento da diversidade florística e sua conservação. Sendo assim, o herbário, além de ser um importante banco de dados para realização de pesquisas, é também utilizado como espaço para desenvolvimento de projetos de extensão.

Antes da pandemia, em um projeto coordenado por Marla, alunos de escolas e universidades de São Cristóvão e Aracaju foram convidados a conhecer o local. Durante as visitas guiadas, a proposta foi mostrar a importância do trabalho feito no espaço, apresentando as espécies e despertando nos visitantes o senso de preservação do meio-ambiente, além de auxiliar o aprendizado de Botânica nos ensinos fundamental, médio e superior em Sergipe.

De 23 de maio de 2018 a 16 de março de 2019, período de vigência do projeto, um total de 676 estudantes pertencentes a dez instituições conheceram o espaço. E, assim que permitido pelo Protocolo de Biossegurança da UFS, as visitas serão retomadas.

Saiba mais


Informações adicionais sobre o trabalho desenvolvido no Herbário da UFS podem ser encontradas nos artigos Conhecendo o Herbário ASE através da pesquisa e extensão e O Herbário ASE e as belezas botânicas de Sergipe em um projeto de extensão.

O ASE também dispõe de uma página no Instagram onde divulga eventos e alguns trabalhos desenvolvidos.

Andréa Santiago e Mira Marques (TV UFS)

Luiz Amaro (edição)

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Qui, 04 de novembro de 2021, 14:14
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