Estudos em neurociência apontam que mais de 80% da comunicação, das impressões e das memórias de um ser humano são proporcionados através da visão. Dessa forma, seria este o sentido mais importante para a evolução da espécie, sendo a deficiência visual, por si só, um fator sensorial - e social - limitante a mais de 6,5 milhões de pessoas em todo o Brasil.
Buscando promover a acessibilidade aos seus 66 estudantes com essa limitação (dados cadastrais de 2020), a Universidade Federal de Sergipe, através da Divisão de Ações Inclusivas (Dain) e do Sistema de Bibliotecas (SIBIUFS), disponibiliza recursos de tecnologias assistivas capazes de proporcionar uma melhor adaptação dos processos do ambiente acadêmico a esses estudantes.
Equipamentos como impressora braille, máquina fusora, scanner comum e SARA CE, lupa eletrônica, computadores com softwares de acessibilidade (DOSVOX, NVDA, Jaws), linha braille, CDs de Audiobook e livros em Braille estão à disposição nas Bibliotecas dos campi São Cristóvão (Bicen), Lagarto (Bilag) e Itabaiana (Bicampi).
Segundo Washington Machado, transcritor de Braille na Bicen, essas tecnologias são bastante significativas para a adaptação e a permanência dos estudantes com deficiência visual na instituição.
"A partir do momento em que um estudante cego ou com baixa visão ingressa numa instituição de ensino superior, tudo ao redor precisa estar adaptado. Não só por questões acadêmicas, mas pelo princípio de equidade, uma vez que esse aluno já encontra barreiras sociais, atitudinais e arquitetônicas diariamente, muitas vezes desistindo do curso escolhido. Assim, cabe à instituição proporcionar a esse aluno todas as possibilidades para a sua permanência e a UFS tem se atentado cada vez mais a essas necessidades", explica Washington.
Com deficiência visual total, o estudante de Fisioterapia Leiz Conceição se utilizou de alguns recursos oferecidos pela UFS e salientou o quanto eles foram fundamentais para a assimilação do conteúdo das disciplinas.
"Durante o curso, já utilizei impressora Braille, scanner de texto, programas de voz no computador e o scanner SARA, que escaneia todo o material de texto e faz a transcrição em áudio. São recursos que me ajudaram muito, mas é importante dizer que não cumprem a acessibilidade sozinhos. Os professores precisam nós passar os materiais com antecedência e conhecer minimamente as nossas necessidades", diz Leiz.
Sobre a importância de uma compreensão coletiva a respeito das tecnologias assistivas, o transcritor Washington Machado ressalta que " embora elas sejam importantes na vida dos alunos da UFS e que, sem elas, o êxito deles na jornada acadêmica seria praticamente impossível, a participação e a compreensão do professor em sala de aula também é vital para seu sucesso. Não existindo, assim, tecnologia eficiente de forma isolada".
Para Silvia Ribeiro, chefe da Divisão de Ações Inclusivas (Dain), os recursos de tecnologias assistiva possibilitam suporte ao aluno na realização e adaptação das atividades, favorecendo a aprendizagem e o progresso no seu curso.
"É importante que esse aluno tenha acesso, mas de igual importância que ele se desenvolva, que consiga sua autonomia, seu sucesso acadêmico e profissional. E a UFS tem se preocupado em oferecer o suporte aos alunos atendidos pela DAIN, sempre procurando adquirir materiais que facilitem o processo e proporcione ao aluno com deficiência visual a acessibilidade necessária", destaca.
Por Jéssica Vieira (jornalista)
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