A candidíase é uma doença infecciosa que atinge a região genital de mulheres e homens, frequentemente causada pelo excesso de fungos, principalmente pelo candida albicans. No público feminino os principais sintomas da doença são: coceira intensa, vermelhidão, corrimento esbranquiçado, dor ou queimação ao urinar, inchaço e pequenas fissuras de pele. Nos homens ocorre inchaço, vermelhidão e queimação, além de secreção branca e odor.
A doença não é considerada uma infecção sexualmente transmissível, sendo mais frequente entre as mulheres. Um levantamento feito pelo Ibope em parceria com a farmacêutica Bayern, em 2020, estimou que no Brasil 52% delas já tiveram candidíase pelo menos uma vez na vida.
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Diante desse cenário de recorrências de casos e das alternativas de tratamento disponibilizadas no mercado, uma equipe de pesquisadores do Departamento de Farmácia da UFS está desenvolvendo um produto para o tratamento mais eficiente da infecção: o gel termorreversível.
“A candidíase vulvovaginal é bem comum nas mulheres, principalmente por conta da condição física, da região, do uso de algumas vestimentas que propiciam o aparecimento desse fungo. Ela pode ocorrer quatro vezes ou mais em uma mulher durante o ano”, aponta a farmacêutica do Hospital Universitário (HU-UFS) e doutoranda em Ciência Farmacêuticas (PPGCF-UFS), Daniela Oliveira, que integra a equipe do projeto.
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"Nós propomos o gel visando o bem-estar e o cuidado da saúde da mulher. Ele tem características que, comparados com produtos disponíveis no mercado, traz uma tecnologia inovadora permitindo que a mulher ao utilizar sinta menos desconforto”, explica Jeferson da Silva Santos, coordenador do projeto e doutorando em Ciências Farmacêuticas da UFS.
Essas características, de acordo com o farmacêutico, possibilitam ainda uma maior adesão ao tratamento em um menor número de aplicações, reduzindo o desconforto da mulher durante o uso do fármaco.
“O nosso gel tem uma característica diferenciada, pois em temperatura ambiente vai ter uma característica e em um local de temperatura elevada, como a temperatura vaginal, ele muda sua estrutura, melhorando o processo de adesão ao tecido e assim garante que não escorra com o passar do tempo, de forma que a mulher possa aplicá-lo e exercer suas atividades cotidianas normalmente”, complementa o coordenador.
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A ideia surgiu a partir de pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Desenvolvimento Farmacotécnico e Nanotecnologia da UFS. Coordenadora do LADEFNT, a professora Rogéria Nunes enfatizou a perspectiva inovadora do projeto.
“Projetos dessa natureza são importantes, uma vez que apresentam a sociedade empreendedores capazes de resolver demandas socialmente referendadas, como é o caso da promoção da saúde da mulher. E, adicionalmente, apresentam o potencial de empreendedorismo dos discentes de graduação e pós graduação que estão sendo formados/capacitados para atender demandas sociais”, destaca a professora.
Apoio financeiro
Para o desenvolvimento da pesquisa e a produção do gel termorreversível, a equipe de pesquisadores da UFS contou com o apoio financeiro do Programa Centelha. A iniciativa visa o estímulo e a criação de empreendimentos que apresentem inovações, oferecendo capacitação, recursos financeiros e suporte para que ações promissoras sejam desenvolvidas.
“Graças ao incentivo do Programa Centelha, com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), nós conseguimos passar por essas etapas de desenvolvimento e chegar ao protótipo em fase final de caracterização”, acrescenta Jeferson.
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No momento, o produto encontra-se em fase pré-clínica, em que estão sendo avaliados os efeitos farmacológicos, antes de ocorrer a inserção no mercado farmacêutico seguindo os parâmetros de registro e validação.
“Estamos nos estudos pré-clínicos e pretendemos passar para os testes clínicos. Com essas respostas, esperamos incentivo, porque ciência precisa de incentivo, de investimento. Esperamos parceiros para conseguir levar o produto ao mercado o mais rápido possível”, complementa Daniela Oliveira.
Bruno Cavalcante e João Vitor Figueiredo - TV UFS
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