A Secretaria Municipal de Educação de Aracaju está promovendo desde a semana passada um curso para cuidadoras e cuidadores de creches e da educação especial, envolvendo diversas dimensões da atuação desses profissionais. Uma delas é a atividade de primeiros socorros, que vem sendo desenvolvida através de oficinas oferecidas por um projeto de extensão da Universidade Federal de Sergipe. O curso teve início no dia 17 de janeiro e está se encerrando nesta sexta-feira, 28.
O Projeto de Extensão Enfermagem na Saúde Escolar (Pense) envolve alunos de Enfermagem do campus de Aracaju e tem suas oficinas inseridas no curso em todos os dias da programação.
“Nosso objetivo aqui é capacitar, sensibilizar esses cuidadores, professores, para que eles possam agir caso haja necessidade diante de qualquer caso de emergência dentro da creche ou dentro da escola, até a chegada do serviço médico especializado”, explica a coordenadora do Pense, Aglaé Araújo.
O grupo coordenado pela professora de Enfermagem já havia atuado junto à Secretaria Municipal de Saúde, dentro do Programa Saúde na Escola, daí o convite para colaborar com a Secretaria de Educação no curso para cuidadores.
“Para os alunos [da graduação] também é muito importante essa integração com os cuidadores. Eles planejaram as ações, as palestras, montaram tudo, com o nosso acompanhamento”, conta Aglaé.
Laiza Carla é uma dos 10 estudantes de Enfermagem que estão ministrando as oficinas - sendo cinco deles integrantes do Pense, incluindo Laiza. Ela concorda que atuar com os profissionais da educação tem sido uma experiência diferente e enriquecedora.
“[Tivemos] uma abordagem totalmente diferente do que a gente já teve, das apresentações da faculdade - a gente está habituada a [lidar com] pessoas da área da saúde”, diz a estudante. “Aqui a gente tem se redescoberto, tem aprendido formas mais diretas e objetivas de como abordar o assunto”, acrescenta Laiza.
Primeiros socorros no dia-a-dia
Roberta Manuele Vieira Santos já passou por um episódio de emergência em casa, com sua própria filha. A menina teve uma convulsão febril e ela usou o que aprendeu durante o pré-natal, a partir de um curso de primeiros socorros oferecido por uma Unidade Básica de Saúde de Aracaju. Ficou tudo bem com a filha, e Roberta percebeu a importância do atendimento imediato em uma situação de emergência.
Ela é formada em pedagogia e atua como cuidadora social de crianças de um a dois anos de idade na Escola Municipal João Paulo II. “Somos responsáveis pelas refeições, pelo banho, pelas brincadeiras, desenvolvendo as atividades na sala de aula”, descreve Roberta.
“É o meu primeiro treinamento, está sendo maravilhoso, uma experiência fantástica, porque conhecimento nunca é demais, tudo que vem é bem vindo, acaba sendo absorvido para o bem”, resume a cuidadora.
Diego Sátiro é profissional de apoio à inclusão há quase quatro anos, na mesma escola de Roberta. Ele atua em conjunto com a equipe pedagógica no desenvolvimento e inclusão das crianças especiais no ambiente escolar.
“São crianças com Síndrome de Down, com autismo leve, moderado e alto, crianças cadeirantes, surdas, com baixa visão ou cegueira total, essa gama de crianças que a prefeitura atende e nós, cuidadores, damos o suporte na sala de aula”, conta o profissional.
“Acho muito importante uma formação continuada (todos os anos nós temos), mas a formação desse ano é mais do que especial, porque ela vem com todo o aparato de uma equipe preparada para passar para a gente todas as suas vivências e aprender na prática o que é o cuidar, e como esse cuidar vem associado com o educar, que são práticas indissociáveis”, ressalta Diego.
Curso para cuidadores/as
O evento vem sendo realizado desde 2018, como explica Valéria de Souza Resende, que integra a organização do curso. Ela é professora da rede municipal, atuando no momento como coordenadora pedagógica da Escola Pierre Averan e trabalha há dez anos na Coordenadoria de Educação Infantil.
“Estamos procurando fazer esse movimento formativo junto aos profissionais que trabalham com a primeiríssima infância, para poder qualificar cada vez mais as suas funções, as suas ações diante desse público que a gente preza tanto”, diz Valéria.
Ela destaca a função de engajamento que o curso promove, motivando os profissionais em sua atuação nas creches e escolas municipais.
“A gente sente que quando elas voltam para as escolas, elas voltam renovadas, inspiradas. Percebemos o carinho. Elas conversam mais entre elas no dia-a-dia, elas mandam feedback para a gente nos grupos”, observa a coordenadora.
Marcilio Costa - Ascom UFS
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