
O piloto do projeto nacional do Programa de Residência Agrária foi implantado na Universidade Federal de Sergipe ainda em 2020. Aí veio a pandemia, o isolamento social e... os planos adiados. Mas em 2021, diversos graduados da casa puderam começar a fazer parte de uma experiência que possibilita a recém-formados, com menos de 24 meses de conclusão de seu curso nas Ciências Agrárias, a atuação por doze meses, de forma remunerada, em uma unidade para aperfeiçoamento da formação profissional.
“Eu que já tinha a vivência do trabalho com qualidade de leite a campo vi como a residência é uma oportunidade de conhecer mais a qualidade do leite diretamente na indústria. Hoje estou em um dos maiores laticínios do Nordeste, e ali tive acesso à qualidade do leite direto do laboratório, mas também na política leiteira, que é responsável por esse contato mais direto com o produtor, então conseguimos alinhar os conhecimentos da indústria ao homem do campo”, conta a médica veterinária Letícia Franca Lelis.

Como ela, estão próximos de concluir a especialização em Residência Agrária na UFS pouco mais de cinquenta jovens profissionais que estudaram na Cidade Universitária ou no Campus do Sertão e concluíram a graduação em Engenharia Agrícola, Agronômica, de Pesca e Aquicultura, em Medicina Veterinária, Agroindústria, Ciências Florestais ou em Zootecnia.
Nesse arranjo, a universidade entra com o corpo técnico e custeia o seguro dos alunos, o Ministério da Agricultura, criador do programa, oferece uma bolsa de R$1.200, as empresas ou entes públicos parceiros entram com a estrutura e o acompanhamento, que é feito por um técnico local. “Há alunos em usinas, laticínios, comércios, empresas de assessoria técnica e diversas outras. Foram quase cem empresas credenciadas, e cada aluno escolheu o que queria”, explica o professor Veronaldo.

A prática
A engenheira agronômica Eduarda Santos Silveira, que atua na linha de otimização de milho e forragens no Sertão sergipano, diz que a residência agrária “proporciona unir a teoria à prática e se preparar para o mercado de trabalho, porque as empresas, normalmente, não costumam contratar pessoas recém-formadas, por conta da falta de experiência”.
Tendo concluído seu curso em 2021, conta que seu trabalho enquanto residente consiste, dentre outras tarefas, em fazer visita a produtores de milho e de forragens, produtores de capim, lidar com questões de bovinocultura de leite e de corte, e trocar conhecimentos com os técnicos da unidade e com os agricultores.

“É de fundamental importância a residência porque temos cursos de Ciências Agrárias que estão na zona urbana, então precisamos dessa vivência no campo. Por mais que a gente faça a aula prática no campo, são só alguns dias. E essa residência é uma vivência em que eles têm a oportunidade de ver como é a vida profissional, porque quando entrarem no mercado de trabalho já passaram por isso e sabem como se comportar”, explica a professora Gláucia Barreto, coordenadora de um dos programas de Residência Agrária na Cidade Universitária.
Outra residente, Mariana Pereira de Santana, formada em Engenharia Agronômica no Campus de São Cristóvão, dá testemunho da importância desse aprendizado prático. Atuando em Paripiganda, Bahia, num dos polos de uma empresa de produtos agropecuários com sede em Sergipe, tem sido treinada no acompanhamento da produção de diversos tipos de culturas, vendo desde a fase do plantio até a colheita, analisando pragas, doenças e o manejo.

“Estou aprendendo bastante sobre o mercado de trabalho, e ganhando experiência. E as visitas não faço sozinha, sou acompanhada pelos engenheiros agrônomos da empresa e isso traz mais segurança ao passar as recomendações para os agricultores”, relata.
O professor Marcos Eric, coordenador de um dos programas no Campus do Sertão, destaca esse quesito segurança como um benefício central para os residentes. Ele explica que “embora o aluno tenha muito conhecimento após cinco anos de curso, ainda não tem a segurança necessária, que o período de residência oferece”.

Reconhecimento
Como reconhecimento à unidade em que se implantou o projeto piloto, a UFS participou da solenidade, ocorrida na sexta-feira, 25, em que a então ministra da Agricultura Tereza Cristina, em visita a Sergipe, entregou certificados simbólicos a alunos participantes do programa.
“Formamos bem, mas temos de buscar a qualificação. Então, fico muito feliz da universidade ter iniciado esse projeto junto com o Ministério. Virou um modelo que hoje o Ministério usa para fazer a qualificação de profissionais para o mercado de trabalho no âmbito de competição nacional e internacional. E é algo que se mostrou muito profícuo, e que está trazendo resultados magníficos”, pontuou o reitor Valter Joviniano.
E conclui: “Uma universidade que pensa na formação e no desenvolvimento econômico como ferramenta de transformação social, como é o caso da UFS, não poderia ficar de fora de uma ação tão importante para nós, para Sergipe e para o Brasil.”

Esse papel de formar os profissionais que a sociedade deseja e necessita beneficia não somente os produtores e, claro, os próprios alunos formados, mas deixa também seus professores com uma sensação ainda maior de dever cumprido.
“Praticamente todos eles já estão com previsão de estarem empregados ao término do período de residência”, conta Marcos Eric. E o professor Veronaldo arremata: “As visitas são só elogios, só elogios à formação dos nossos alunos. E o que está nos deixando mais contentes é que muitos estão dizendo: ‘ao término desse período de residência, vou contratar!’”.
Ascom UFS
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