Com 210 quilômetros de extensão, o Rio Sergipe percorre 26 municípios sergipanos, desde a nascente na Serra Negra, em Poço Redondo, município do Alto Sertão Sergipano, até desaguar no Oceano Atlântico, entre Aracaju e Barra dos Coqueiros. O estuário apresenta quatro afluentes principais: Poxim, Tramandaí, Pomonga e do Sal.
A erosão marinha em decorrência da destruição de manguezais e ocupação das margens do rio que carrega o nome do estado está sendo investigada por pesquisadores do Laboratório de Progeologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Eles estão desenvolvendo um estudo que visa atualizar o diagnóstico da situação da dinâmica costeira do estuário.
O trabalho é desenvolvido pela estudante do curso de Geologia da UFS, Nicole Possi, sob orientação do professor Antônio Jorge Vasconcelos Garcia. Segundo ela, o objetivo é entender a problemática do recuo da linha de costa do Rio Sergipe em direção ao continente.
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“Há uma preocupação da Geologia com relação ao recuo do estuário em direção ao continente e como isso pode estar afetando a dinâmica das praias, principalmente da Coroa do Meio e do município de Barra dos Coqueiros,” aponta Nicole.
Coleta de amostras
Foram coletadas amostras de areia nas duas margens do rio, em Aracaju e Barra dos Coqueiros, no perímetro entre a Ponte Construtor João Alves e a Orla da Praia da Atalaia. Os pesquisadores estão realizando análises granulométricas – distribuição dos grãos de areia no solo – aerofotogramétricas – mapeamento da superfície terrestre com aeronave – e microscópicas – varredura de sedimentos de areia.
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“Queremos entender a proveniência dos sedimentos dessas praias estudadas. Através do gráfico de granulometria, por exemplo, vai ser possível identificar as semelhanças e diferenças de cada uma delas para poder analisar melhor a dinâmica do estuário,” explica a estudante.
Além da areia das praias, as zonas de salinidade do estuário do Rio Sergipe nos dois municípios estão sendo analisadas no Laboratório de Progeologia, considerando que o nível de sal na água normalmente deve variar conforme a proximidade com o mar.
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De acordo com o geólogo Júlio César Vieira, uma das principais hipóteses levantadas para a realização do trabalho é que “a influência exclusivamente marinha está subindo o canal do Rio Sergipe, avançando ao meio mais urbanizado da foz.”
“Se a gente sai medindo a salinidade rio adentro e percebe que o nível está se mantendo, independente das condições de maré, isso indica que a influência marinha está muito mais avançada do que poderíamos supor,” acrescenta o geólogo.
Histórico de pesquisas
Criado no ano de 2007, o Laboratório de Progeologia da UFS está vinculado do NUPEG (Núcleo de Petróleo e Gás), tendo como foco pesquisas sobre geologia e geoengenharia de petróleo, desde impacto eroviso e urbanismo sustentável à avaliação de potencial de hidrocarbonetos em campos de petróleo.
"Este trabalho especificamente do Rio Sergipe busca entender a interação da dinâmica fluvial com a dinâmica marinha, envolvendo o estudo das areias e compreendendo o que essas areias representam nessa dinâmica e de onde elas vêm,” ressalta o professor Antônio Jorge Garcia, coordenador do Laboratório de Progeologia.
Josafá Neto
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