Qua, 15 de junho de 2022, 14:09

Tchibum! Fisioterapia aquática auxilia na reabilitação de PCD
Projeto de extensão do Campus de Lagarto já atendeu 135 pessoas, dentre adultos e crianças

Além de ser um componente fundamental à manutenção da vida, a água tem propriedades específicas que, há anos, vêm servindo de estudos nas mais diversas áreas da saúde. De acordo com alguns deles, sua capacidade de transporte e de dissolução universal de substâncias, bem como de tensão superficial, calor específico e capacidade térmica beneficiam de maneira significativa o estado físico e emocional de diversos animais, fazendo com que algumas profissões ampliassem seus olhares para o tema, como é o caso da Fisioterapia.

São tantos os benefícios desse composto de hidrogênio e oxigênio que, desde 2014, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) reconheceu a fisioterapia aquática – ou hidroterapia - como uma especialidade da área, capaz de promover a prevenção, tratamento e reabilitação de lesões e patologias físicas, cardiológicas, neurológicas, dentre outras.

Estudando o assunto desde 1996, a professora do departamento de Fisioterapia do Campus de Lagarto da UFS Sheila Schneiberg resolveu levar a modalidade para além dos trabalhos de ensino e de pesquisa, implementando, em 2019, o projeto de extensão Tchibum! Fisioterapia aquática para quem precisa, destinado às comunidades acadêmica e externa do município.


Professora Sheila Schneiberg, coordenadora do projeto Tchibum!, com o paciente Gabriel Moraes (Fotos: Arquivo pessoal)
Professora Sheila Schneiberg, coordenadora do projeto Tchibum!, com o paciente Gabriel Moraes (Fotos: Arquivo pessoal)

Ela explica que, desde o início da sua vida docente, via os impactos positivos das atividades realizadas dentro d'água com pacientes que apresentavam deficiências ou disfunções de algum aspecto físico ou neurológico e se sentiu motivada a proporcionar isso através da extensão universitária.

“O projeto Tchibum! Fisoterapia aquática para quem precisa nasceu da observação dos casos clínicos da saúde municipal que demandavam acompanhamentos fisioterapêuticos mais incisivos. De 2016 a 2019, enquanto ainda não havia a piscina terapêutica da UFS Lagarto, nós desenvolvemos um projeto piloto numa clínica particular do município e os resultados foram muito animadores. Em 2019, com a finalização da piscina do campus, nasce o projeto Tchibum como extensão universitária, atendendo pessoas de todas as idades, pertencentes às comunidades acadêmica e externa”, explica a professora.

Ela conta ainda que, durante a pandemia, o projeto ficou suspenso e, justamente a partir dessa suspensão, houve a percepção da necessidade de criar um programa contínuo de pesquisa e extensão destinado especificamente a crianças com deficiências. Nascia então uma vertente do Tchibum!, o Tchibum chuá: fisioterapia aquática para crianças.

“Durante a pandemia, recebíamos muitas demandas de crianças com Síndrome congênita do zika viris, mielonmelingocele, paralisia cerebral e outras doenças congênitas que prejudicam a capacidade motora e neurológica, necessitando de direcionamentos um pouco distintos dos adultos, que normalmente nos chegam com disgnósticos de AVC, Parkson e síndromes genéticas raras, além dos casoa de lesões na coluna. Dessa forma, resolvemos dividir os projetos a título de pesquisa na área, uma vez que na prática da extensão cada paciente é monitorado individualmente”, salienta a coordenadora do projeto.


Projeto é realizado às quartas-feiras, na piscina terapêutica do Campus Lagarto
Projeto é realizado às quartas-feiras, na piscina terapêutica do Campus Lagarto

Foi através do projeto Tchibum! que Maria de Lurdes Moraes, 44, viu progressões no tratamento do seu filho Gabriel, 10, diagnosticado com paralisia cerebral decorrente de meningite em seu primeiro ano de vida.

“Gabriel está no projeto desde 2019 e os avanços que ele teve desde então são perceptíveis e emocionantes. Antes, ele apresentava dificuldades na extensão dos joelhos e cotovelos, era uma criança mais rígida e mais medrosa também. Depois da fisioterapia aquática, ele passou a ter mais flexibilidade nos membros e também houve ganhos nos processos de comunicação. Ele ama a piscina e fica muito feliz quando chega o dia da aula”, explica Lurdes.


A estudante Deborah Lemos, com o paciente Henzo Andrade
A estudante Deborah Lemos, com o paciente Henzo Andrade

As aulas do projeto Tchibum! são realizadas às quartas-feiras e envolvem, além da coordenação do projeto, bolsistas do curso de fisioterapia e outros profissionais da área, quando necessário.

“A Fisioterapia aquática não se limita ao movimento dentro d'água, não se trata apenas de uma simples imersão. É uma modalidade que requer conhecimento aprofundado na área e que pode beneficiar muitas pessoas, por isso o cuidado com cada participante do projeto. Para que o estudante possa participar, ele precisa ter cursado as matérias-base para a atuação na especialidade, como fisioterapia neurofuncional, fisioterapia na ortopedia e fisioterapia cardiorrespiratória, por exemplo, para que as compreensões das propriedades da água sejam claramente associadas. Além disso, existem duas fisioterapeutas egressas da UFS que atuam voluntariamente no projeto. Desde o seu início, o Tchibum já atendeu 135 pessoas, dentre adultos e crianças”, explica a professora Sheila Schneiberg.

Para a estudante Deborah Lemos, que cursa o 4° ciclo do curso de Fisioterapia em Lagarto e atua como bolsista no projeto, a experiência tem sido gratificante, sobretudo devido à percepção dos resultados com cada participante.

“Tem sido uma experiência muito motivadora, tanto no âmbito pessoal como profissional, uma vez que percebo, na prática, os reais benefícios da minha profissão e da especialidade que desejo seguir. Cada paciente se beneficia ativamente das propriedades da água para a realização de exercícios sem impacto, treino de equilíbrio, fortalecimento muscular, performance cardiovascular, fácil acesso ao corpo do paciente devido à flutuação e evidente melhora na participação social. Além disso, existe a formação do vínculo profissional/paciente, que contribui de maneira efetiva no avanço de muitos casos”, explica Deborah.

Como participar do Tchibum!?

A professora Sheila Schneiberg explica que, como a fisioterapia aquática é efetiva e contribui para o tratamento de pessoas com deficiências ou doenças que comprometem funções motoras, cardíacas e/ou neurológicas, a procura é sempre constante e existe a necessidade de agendamento e avaliação de cada caso. Assim, os interessados devem sse dirigir ao departamento de Fisioterapia do Campus Lagarto, munidos de documentação de identidade e relatório médico.

“Existem pacientes que estão conosco há muitos meses, mas existem aqueles pontuais, então bimestralmente estamos fazendo avaliações de novos casos clínicos e promovendo a modalidade a outras pessoas”, finaliza Sheila.

*Todas as fotos de crianças publicadas nesta matéria foram autorizadas pelos seus pais e/ou responsáveis, sendo exclusivamente utilizadas para fins jornalísticos

Jéssica Vieira – Ascom UFS

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Qua, 15 de junho de 2022, 14:44
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