Seg, 22 de agosto de 2022, 08:50

Ayrton Moreira, docente e pesquisador da USP, recebe da UFS o título de Doutor Honoris Causa
Professor é reconhecido por seu papel de ‘multiplicador’ na ciência médica, sobretudo na área de endocrinologia

“É razoável dizer que sua influência como professor repercutiu indiretamente em centenas de milhares de pacientes que chegariam aos cuidados dos egressos de suas salas de aula”. Assim resumiu Valter Santana, reitor da Universidade Federal de Sergipe, a importância da atuação de Ayrton Custódio Moreira para a instituição, o que motivou a concessão do título de Doutor Honoris Causa ao docente da Universidade de São Paulo (USP).


Fotos: Adilson Andrade - Ascom UFS
Fotos: Adilson Andrade - Ascom UFS

O título foi entregue em sessão solene dos conselhos superiores na noite desta sexta-feira, 19, no Auditório Libório Firmo, com a presença de gestores da UFS, ex-reitores, professores, amigos e familiares do homenageado. A concessão foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Universitário (Consu), por meio da Portaria 16/2022, após proposta do Conselho Departamental de Medicina.

Ayrton Custódio Moreira tem sua trajetória acadêmica ligada à USP, onde cursou graduação em medicina e mestrado e doutorado em Clínica Médica. Ingressou como docente no Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP), estabelecendo ali toda sua carreira profissional.


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Tornou-se um importante referencial na área de endocrinologia, tendo realizado pós-doutoramentos na Divisão de Endocrinologia da Escola de Medicina Mount Sinai, em Nova Iorque, e nos departamentos de Endocrinologia Química e de Endocrinologia do Hospital St. Bartholomew, em Londres.

O Conselho Universitário (Consu) aprovou o título motivado pela contribuição do professor à formação docente do Departamento de Medicina da UFS, ajudando na sua transformação em um centro de excelência na área de endocrinologia.

“Sem exageros, dizemos que ele foi fundamental na formação dos nossos quadros docentes, tendo participado do treinamento e formação de diversos professores, tanto médicos como não médicos, que colaboraram para o estabelecimento de métodos e laboratórios indispensáveis aqui na nossa universidade”, afirmou Valter Santana.


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Por forte influência do professor Ayrton foi criada a regional de Sergipe da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia SBEM-SE. Hoje, a sociedade conta com 61 sócios, trabalhando em 12 dos 75 municípios sergipanos, e em todas as regiões do estado, atualmente com 2,22 milhões de habitantes. Segundo o censo demográfico médico no Brasil em 2018, Sergipe é um dos oito estados brasileiros com maior relação de endocrinologista por habitantes.


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Reconhecendo a dimensão da homenagem, Ayrton Moreira fez questão de convidar familiares, amigos e colegas de anos de trabalho para presenciarem a entrega do título. Enalteceu sua trajetória acadêmica para demonstrar a emoção em ser um novo “membro da casa”:

“No brasão da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto tem um rio simbolizando o ribeirão Preto ao lado do agonístico em latim Scientia Terminum Amovere, ou seja, o conhecimento expande fronteiras. No brasão da Universidade Federal de Sergipe – minha universidade agora – está escrito Fluendo Crescit (cresce fluindo), referindo-se ao simbolismo das águas do rio Sergipe”, comparou o docente.

“Nessa ocasião jubilosa, ao receber esse honroso título da Universidade Federal de Sergipe, posso dizer que, navegando pelo ribeirão Preto, eu cheguei ao rio Sergipe”, proferiu Ayrton.


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Homenagens

A sessão solene foi aberta por apresentação musical de artistas da Orquestra Sanfônica de Sergipe. Coube ao professor do Departamento de Medicina e membro do Consu Mario Adriano dos Santos representar o corpo de conselheiros.

“O professor Ayrton se destacou no cuidado ao paciente, no ensino, na pesquisa e na gestão universitária, sempre como servidor público. Defendeu a universidade pública, sua autonomia administrativa, sua autonomia orçamentária, sem esquecer do papel social da universidade. Professor Ayrton é ferrenho defensor da universidade pública”, enfatizou.

“Um grande destaque da vida do professor Ayrton, e presente na proposição aprovada por este Conselho, foi a verdadeira escola de endocrinologia criada, que influenciou a endocrinologia de Sergipe e do Brasil. O conjunto de docentes da Universidade Federal de Sergipe pertence a essa escola, e hoje transforma a vida dos nossos discentes, dos nossos futuros médicos e da população que recebe assistência em endocrinologia”, completou Mario.


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O engajamento de Ayrton Moreira em prol da universidade pública é confirmado e explicado pelo próprio docente em seu discurso:

“Nos últimos 20 anos, a ciência brasileira ganhou projeção internacional, passando do 17º lugar, em 2008, para o 11º lugar, em 2018, no ranking dos países de todo o mundo”, exemplifica. “Ressalto que 95% da produção científica brasileira é feita em institutos públicos, como a Embrapa, a Fiocruz, o Instituto Butantan e principalmente em universidades públicas”, observa Ayrton.

“Dentre elas destaco a Universidade Federal de Sergipe, classificada como uma das mais importantes universidades do país no ranking Times Higher Education. Isso demonstra que a UFS produz ciência com qualidade, destacando-se suas pesquisas na área de saúde”, ressalta.


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O compromisso social e solidariedade de Ayrton, apontados por Mario Adriano, é enaltecido também pelo reitor Valter Santana, que foi aluno do laureado.

“Uma vida de trabalho e diversas gerações de médicos influenciadas e marcadas pelo seu cuidado. Brasil afora, especialistas formados por ele atuam com dedicação no âmbito da endocrinologia, na valorização da universidade pública e na busca do bem-estar da comunidade”, conta.

“Ao entregarmos o título de Doutor Honoris Causa ao professor Ayrton Custódio Moreira, queremos cumprimentá-lo, dar um testemunho à sociedade de quão merecedor dessa distinta láurea ele é. Esse título é também um reconhecimento há muito devido ao seu generoso espírito de solidariedade acadêmica e sua disposição em compartilhar, aconselhar e ensinar àqueles ao seu redor”, acrescenta Valter.


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Margarete de Castro, ex-diretora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), foi uma das longevas parceiras de pesquisa e de trabalho de Ayrton presentes ao evento. “Compartilho dessa grande oportunidade que foi ter vivido com esse grande homem: ele foi meu orientador de mestrado, de doutorado, de residência, trabalhamos juntos, porta a porta, a vida inteira”, pontuou.

“A importância de pessoas como o professor Ayrton, formando pessoas, é que elas criam um círculo virtuoso, que continua a formar pessoas com o mesmo ‘molde’, e isso ainda é enorme para a universidade pública e para a sociedade brasileira”, destacou Margarete.


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Valter Santana finalizou as homenagens reforçando a contribuição de Ayrton Moreira à comunidade científica, em especial à UFS. “Todo um caminho de colaboração, orientação, incentivo e inspiração possibilitaram à Universidade Federal de Sergipe alcançar destaque internacional na área de endocrinologia, especialmente no que diz respeito aos estudos sobre a deficiência do hormônio de crescimento”, reconheceu.

“Que o vigor, o comprometimento e a ousadia científica do seu trabalho continue inspirando discentes, docentes e gestores na nossa Universidade Federal de Sergipe. O título é seu, mas é nossa a incomparável honra de poder lhe acolher oficialmente como um dos nossos”, arrematou.


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Honoris Causa

Maior de todas as honrarias concedidas pela universidade, o título de Doutor Honoris Causa, segundo o Estatuto da universidade, é concedido a personalidades que se destacaram pelo saber seja pela atuação em prol da Filosofia, Ciências, Técnica, Artes e Letras seja pelo melhor entendimento entre os povos ou em defesa dos direitos humanos.

Na sessão solene, o rito de condução do homenageado foi desempenhado pelos conselheiros Marcela Ralin de Carvalho Déda Costa, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Conepe), e Péricles Morais de Andrade Junior e Taira Cris de Jesus Moreira, do Consu.


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Trajetória

Nascido em Ibitinga, Ayrton Custódio Moreira foi diretor Executivo da Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência do Hospital de Clínicas da FMRP-USP, Vice-Diretor e Diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, membro da Comissão de Legislação e Recursos da USP e presidente da Comissão de Ética da USP.

A vida universitária do professor Ayrton Custódio Moreira não se mede somente pela sua profícua produção científica com mais de 178 trabalhos publicados e 31 orientações de mestrado e doutorado, mas sobretudo por sua dedicação em desenvolver métodos, preparar e treinar pessoas, estabelecer condutas e harmonizar equipes, sempre preocupado com o investimento público e seu retorno social.


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Participou da formação de mais de 330 médicos residentes em eEndocrinologia e metabologia de adultos e crianças. Em vinte estados brasileiros, especialistas por ele formados trabalham com dedicação no âmbito da endocrinologia, no fortalecimento da universidade pública, e na busca do bem-estar da comunidade.

Ayrton implantou os serviços clínicos e laboratoriais de Neuroendocrinologia e Adrenal do HC FMRP-USP; coordenou a Divisão de Laboratórios e Análises Clínicas e foi Diretor do Departamento de Apoio Médico do HC-FMRP-USP. Na sua gestão como Diretor da Faculdade foram criados os cinco primeiros núcleos da Saúde da Família; ampliação do Centro Saúde Escola, hoje uma UPA, no distrito Oeste de Ribeirão Preto.

Marcilio Costa - jornalista
Ascom
comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Seg, 22 de agosto de 2022, 10:36
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