Apesar de o Brasil estar entre os quatro maiores produtores de grãos do mundo, com mais de 60 milhões de hectares de área plantada, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 10% de toda a produção nacional é perdida nas fases de pré e pós-colheita. Entre as principais causas para as perdas, está a falta de informações sobre propriedades físico-químicas dos grãos para garantir a produtividade.
Foi pensando na importância do uso de dados nos processos de produção, armazenagem e comercialização de cereais que pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) desenvolveram um sistema para avaliar a qualidade de grãos, a exemplo do milho. A ferramenta permite verificar a massa específica aparente e o teor de umidade.
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De acordo com o coordenador do Laboratório de Máquinas e Motores (Lamot) do Departamento de Engenharia Agrícola da UFS, professor Welington Gonzaga do Vale, a solução inovadora busca auxiliar o produtor rural na tomada de decisão no campo.
“Esses dados são indispensáveis em todas as etapas do processo produtivo, desde o momento da colheita, durante a secagem, no procedimento de armazenagem, na comercialização e na industrialização, seja para consumo humano ou animal,” justifica o professor.
“A ferramenta possibilita que o produtor tenha maior liberdade e agilidade na tomada de decisão e identificar o momento certo da colheita, quando que o grão está com a umidade ideal para o armazenamento, evitando perdas e possibilitando uma maior lucratividade na hora da comercialização”, complementa Welington do Vale.
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O estudante de Engenharia Agrícola da UFS, Agnaldo Santana dos Santos, trabalhou na construção do sistema durante um ano, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI). De baixo custo, com boa precisão, e de fácil manuseio, o equipamento foi modelado e impresso em 3D.
A ferramenta permite verificar as propriedades dos grãos a partir de sensores de temperatura e de massa. Em seguida, os dados coletados são enviados para análise no computador ou no celular, por meio de rede bluetooth ou através de conexão de internet.
“O teor de água dos grãos geralmente é verificado pelo método da estufa, que dura em torno de 24 horas. O sistema que desenvolvemos consegue determinar essa propriedade em menos de um minuto, possibilitando otimizar o tempo,” explica o estudante.
O professor Welington do Vale diz que o objetivo é introduzir a agricultura digital de forma mais acessível junto ao pequeno produtor rural e, consequentemente, gerar mais rentabilidade, já que os equipamentos existentes no mercado são considerados caros.
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O pesquisador ainda afirma que, após os testes no Laboratório de Máquina e Motores Agrícolas da UFS, a meta é validar a ferramenta com produtores de milho do interior sergipano na colheita da próxima safra, a partir do próximo mês de outubro.
Josafá Neto