Sex, 30 de setembro de 2022, 10:44

Pesquisadora da UFS é reconhecida como ‘Bolsista Destaque’ pela Capes
Recém egressa de doutorado, Mayara Alves Menezes estudou na UFS desde a graduação

Pesquisa realizada por egressa de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, na Universidade de Sergipe (PPGCS/UFS), recebeu destaque da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Mayara Alves Menezes investiga a eficácia da Estimulação Elétrica Nervosa (TENS) na redução da dor muscular tardia (DMT) e na recuperação muscular em atletas e sujeitos destreinados.

“Alegria imensa ser reconhecida pela Capes como ‘Bolsista em Destaque’ em razão das minhas publicações em revistas internacionais de alto impacto, do mestrado ao doutorado”, comemora Mayara.

“Ser considerada um destaque pela Capes é a certeza de que pude contribuir com respostas que impactaram clinicamente a vida das pessoas, e com o incremento do conhecimento científico na minha área de pesquisa”, opina a pesquisadora. “Além disso, é a comprovação de que na UFS fazemos ciência de alta qualidade”, completa.


Mayara fez carreira acadêmica na UFS, da graduação ao doutorado. (Foto: Adilson Andrade - Ascom UFS)
Mayara fez carreira acadêmica na UFS, da graduação ao doutorado. (Foto: Adilson Andrade - Ascom UFS)

Contaram para o reconhecimento da Capes as publicações feitas por Mayara, em revistas internacionais. Fruto de sua dissertação, publicou um artigo em 2018 na revista internacional European Journal of Applied Physiology. Após defender a tese de doutorado, publicou recentemente uma revisão sistemática em uma revista internacional, de alto fator de impacto: The Journal of Pain.

“Considero que as publicações têm grande importância na minha trajetória como pesquisadora, uma vez que artigos são uma forma de comunicação com o meio científico. Publicar em uma revista internacional, de alto impacto, facilita o acesso de qualquer pessoa no mundo ao conhecimento de qualidade”, defende a cientista.

Trajetória

O PPGCS, onde Mayara cursou o mestrado e o doutorado, é um dos programas considerados de excelência pela Capes, após ter alcançado a nota seis em sua última avaliação – em uma escala que vai até sete. Faz parte do rol de 42% da pós-graduação a ter melhorado sua pontuação.

“Sou muito grata à UFS por todo apoio durante a minha formação”, diz Mayara, que cursou Fisioterapia. “Participei de programas de iniciação científica durante a maior parte da minha graduação e fui residente no Hospital Universitário de Sergipe. Em seguida, obtive meus títulos de mestra e doutora pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde”, conta.

Professora de Mayara desde a graduação, Josimari Santana orientou a aluna também no mestrado e doutorado.

“Esse destaque que a Mayara recebeu não se trata apenas de um produto da sua tese de doutorado, mas reflete todo o processo de aprendizado e amadurecimento acadêmico vividos em todas essas etapas em que ela se dedicou à construção de ideais e execução de métodos científicos, mostrando seriedade, disciplina e afinco”, elogia a docente.

“Ela desenvolveu diversas habilidades inerentes à carreira científica, que vão desde a concepção de uma ideia e formulação de uma pergunta até a autonomia para análise e interpretação de dados e divulgação de resultados científicos, as quais lhe conferem atualmente plena possibilidade de independência para liderança quando o assunto é educação e ciência”, reforça.

De acordo com Josimari, o grupo de pesquisa liderado por ela tem se dedicado a realizar estudos de alta relevância para problemas relacionados à saúde da população humana, em especial os pacientes que têm diagnóstico de dor crônica.

“A dor é a queixa mais relatada tanto em urgências e emergências hospitalares como em consultórios, e pode promover uma série de alterações em diferentes domínios da vida de uma pessoa, prejudicando bem-estar, relacionamentos, produtividade e qualidade de vida geral”, explica a professora do Departamento de Fisioterapia.

A pesquisa

Segundo Mayara, a dor muscular tardia (DMT) é um sintoma comumente relatado por sujeitos destreinados ou atletas, após a realização de exercícios não familiarizados ou por exercícios de alta intensidade. A DMT também é considerada uma lesão ultraestrutural. A incidência da DMT corresponde de 10% a 55% das lesões esportivas e são responsáveis por uma perda de treinamento ou dias de competição.

A estimulação elétrica, diz a pesquisadora, é um conjunto de correntes elétricas não invasivas e não farmacológicas, que tem sido alvo de investigações na ciência do esporte para melhorar o desempenho físico dos atletas. Entre essas terapias, as correntes elétricas periféricas são um recurso bastante utilizado na fisioterapia, que proporciona a estimulação elétrica do nervo através da aplicação de eletrodos sobre a pele ou sobre o músculo. No entanto, a eficácia das correntes elétricas ainda não tinha sido investigada na DMT e na recuperação muscular em atletas ou sujeitos destreinados.

Durante o mestrado, então, Mayara desenvolveu um ensaio controlado que investigou os efeitos imediatos da Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) aplicada durante o exercício resistido na intensidade de dor e no desempenho do físico de sujeitos destreinados (sujeitos sedentários ou irregularmente ativos fisicamente) em comparação com placebo (simulação). A TENS é uma corrente elétrica comumente utilizada na prática clínica, porém sua eficácia durante o exercício ainda não tinha sido investigada na DMT e na recuperação muscular nessa população.

Durante o doutorado, ela reuniu todos os ensaios controlados aleatorizados publicados na temática pesquisados em diferentes bases de dados até março de 2021. O objetivo foi investigar a eficácia da estimulação elétrica na prevenção ou no tratamento da DMT e na recuperação muscular em atletas ou sujeitos destreinados em comparação com os grupos placebo (simulação, sem estimulação elétrica) ou grupo controle (sem intervenção) nos períodos imediatamente, 24, 48, 72, e 96 horas após a aplicação da intervenção.

Os resultados do estudo mostraram que a utilização da TENS durante o exercício não reduziu a percepção de dor muscular. Porém, a utilização da TENS induziu maior trabalho muscular durante o exercício, contribuindo para maior percepção de fadiga em comparação com o placebo. Baseado na análise das evidências que variaram entre qualidade “muito baixa e baixa” dos estudos incluídos na revisão, a estimulação elétrica não mostrou nenhuma redução da DMT e nenhuma melhoria da recuperação muscular em adultos destreinados.

“De acordo com o nosso conhecimento, esta é a primeira revisão sistemática com metanálise de ensaios controlados aleatorizados que investigou os efeitos da estimulação elétrica na DMT em atletas e adultos destreinados”, diz Mayara. “Um dos pontos fortes e diferenciais dos estudos desenvolvidos é a avaliação dos desfechos como a intensidade de dor e força muscular, que são relevantes para essa população”, acrescenta.

“Clinicamente para DMT, nós estamos mais interessados em saber se uma intervenção pode ajudar ao retorno à atividade física ou ao esporte com menos dor. Sendo assim, baseado na investigação desses desfechos, não há recomendações que apoiem o uso da estimulação elétrica para esses fins terapêuticos”, explica.

“No entanto, uma limitação do presente estudo é que esses resultados são aplicados apenas a uma população de sujeitos destreinados, visto que não foram possíveis comparações entre a atletas devido aos dados incompletos em um dos artigos com essa população”, finaliza a fisioterapeuta.

Ascom
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Atualizado em: Seg, 03 de outubro de 2022, 14:48