
Depois de cinco semanas instalado na Universidade Federal de Sergipe (UFS), o projeto de capacitação profissional de estudantes HackaTruck se despede da instituição. Nesta sexta-feira, 7, os estudantes apresentam os projetos desenvolvidos ao longo da capacitação. São seis grupos pela manhã e quatro grupos no turno da tarde, oferecendo dez propostas de soluções para melhorar a vida das pessoas.
Quem nunca “perdeu” uma planta por falta ou excesso de rega, por exemplo? O grupo do estudante Rodrigo Alves apresentou o protótipo de um sistema que promete facilitar a vida dos “pais e mães de plantas”.
“A gente usa um sensor de umidade e um sensor de temperatura, aí temos um aplicativo que vai monitorar a planta e transmitir os dados em tempo real para o smartphone”, explica o estudante de Sistema de Informação.
A ideia é que seja produzido e comercializado um dispositivo para implantação em jarros comuns de plantas. Os projetos apresentados na capacitação são protótipos, que deverão ser desenvolvidos ao longo da graduação, ou mesmo através de startups ou empresas júnior.


Bárbara Raíssa faz parte do grupo de Rodrigo e conversou conosco quando começaram as atividades do HackaTruck. Ela avalia que progrediu no conhecimento e no trabalho em equipe.
“Os grupos foram formados com uma forma de interesse: no início a gente escreveu umas palavras no papel e aí os que tinham palavras parecidas ficaram juntinhos”, diz a aluna de Ciência da Computação. “Tivemos oportunidade de mexer em aparelhos que a gente dificilmente teria, e trabalhar nessa plataforma foi muito interessante porque é tudo muito bem integrado”, completa.
Facilitar a socialização é o objetivo de outro projeto, o Conect Turma. Trata-se de um aplicativo para smartphones e computador que integraria pessoas de uma comunidade por áreas de interesse. O protótipo foi criado, inicialmente, pensando na comunidade acadêmica da UFS.
“A principal função dele é unir universitários espalhados pelo campus com interesses em comum”, conta Gabriel Oliveira, discente de Ciência da Computação. “Ou seja, se determinado grupo está procurando pessoas para jogar um determinado jogo, ou praticar algum esporte, ou até mesmo quer cadastrar um evento próprio, basta ir lá no aplicativo, fazer o cadastro, e as pessoas interessadas vão poder entrar em contato”, descreve o aluno.


Para facilitar o acesso a interesses vinculados a um local, como um evento, o aplicativo é integrado ao mapa do smartphone. Rodrigo observa que as demandas do público poderão contribuir para a ampliação do aplicativo, como a possibilidade de facilitar contatos para relacionamentos. “A gente até brincou que poderia implementar [a função], futuramente”, comenta.
Sustentabilidade também foi um tema motivador para o desenvolvimento de ideias. O grupo de Jorge Mendonça, aluno de Ciência da Computação, desenvolveu um dispositivo de gerenciamento de energia, que avalia o funcionamento de aparelhos de ar condicionado.
“Ele mede a corrente que está passando pelo ar condicionado e a temperatura da sala [onde ele está instalado]”, detalha Jorge, que inspirou-se, com seus colegas, na própria realidade, “tendo em vista o que a gente teve na UFS agora, que foi um tempo sem poder ter ar condicionado ligado nas salas de aula”, pontua. O discente se refere às medidas tomadas pela universidade em meados deste ano para a contenção de gastos.



Ambiente de desenvolvimento
O Departamento de Computação (DComp) foi o responsável por intermediar a parceria, sendo a UFS uma das seis instituições do país a receberem o projeto. Ricardo Salgueiro, chefe do DComp, comemora a volta do HackaTruck à UFS – o projeto veio à UFS também em 2017.
“É um grande presente de retorno da pandemia integrar nossos alunos em um projeto bom, um projeto que empolga os olhos dos nossos alunos, cria um ambiente de desenvolvimento de alta tecnologia, do que tem de mais avançado no cenário internacional”, afirma o docente.
“[O projeto] cria um movimento muito interessante de conquistar novos espaços, acho que é isso que a gente precisa: incentivar os nossos alunos, mostrar que eles têm capacidade, que eles podem desenvolver coisas novas, e que juntos podemos criar novos projetos e um espaço de desenvolvimento para eles”, diz Ricardo.


Luís Flávio, coordenador do HackaTruck, festeja também a volta do projeto à UFS. “Temos a Universidade Federal de Sergipe como uma das melhores onde passamos. A gente já passou por todas as regiões, 53 universidades, mas aqui realmente teve um quê especial”, assegura o profissional, que é vinculado à IBM, gigante da tecnologia responsável pelo HackaTruck.
O coordenador lembra que na primeira vinda à UFS, a capacitação durava três semanas, com foco no desenvolvimento de aplicativos. Cinco anos depois, a iniciativa progrediu junto ao avanço da tecnologia. “Hoje a gente vem com outra proposta, também com o desenvolvimento de apps, mas usando inteligência artificial, usando internet das coisas, tecnologias de cloud, computing… então a gente traz esse contexto para os alunos, que é um contexto que o mercado está buscando, de formação dos alunos”, disserta Luís.

Segundo o profissional, os alunos participantes da capacitação estão aptos a desenvolver seus conhecimentos e ideias em seus cursos de graduação. “A universidade aqui faz um papel excelente, de formação dos alunos; os alunos são reconhecidos no mercado como alunos formados numa excelente universidade”, pontua Luís.
“Mas existem algumas tecnologias”, acrescenta, “que ainda não chegaram aqui, por uma questão de timing, então a gente traz esse ferramental, que é trazer um laboratório com MacBooks, trazer as questões de inteligência artificial, para que esse aluno tenha contato e possa estar melhor preparado para o mercado”, conclui.
Laboratório sobre rodas
O HackaTruck é um projeto de capacitação profissional de estudantes de Instituições de Ensino Superior de Tecnologia da Informação. O “caminhão tecnológico” foi instalado em um dos estacionamentos do campus de São Cristóvão.
Patrocinado pela IBM Brasil e Flex, em colaboração com a Apple, o projeto é executado pelo Instituto de Pesquisas Eldorado. Concebido através de um laboratório móvel, funciona como uma sala de aula itinerante, integrando e capacitando estudantes do ensino superior de todo o país em novas tecnologias. No espaço, alunos criam e desenvolvem protótipos de aplicativos móveis relacionados aos temas estudados.
A UFS é uma das seis instituições do país a receberem o projeto. Coube à universidade ceder o espaço, logística, internet, além da aplicação das aulas remotas que ocorreram previamente com os alunos interessados e da seleção para preenchimento das 56 vagas do projeto.
Desde seu início (2015), o HackaTruck visitou 66 instituições de ensino superior brasileiras, capacitou gratuitamente 9.627 alunos no seu curso a distância, 2.541 alunos em seu laboratório móvel e em atividades remotas, e proporcionou a criação de 510 protótipos de apps.
Marcilio Costa
comunica@academico.ufs.br