Criado em 2018 pelo Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe, o Núcleo de Acolhimento de Imigrantes e Refugiados (Nair) tem como objetivo acolher imigrantes e refugiados que vivem no estado de Sergipe, prestando orientações e cuidados básicos para facilitar a instalação e integração na sociedade local.
O Nair foi desenvolvido com base no material produzido durante pesquisas sobre migração e refúgio realizadas pelo Grupo de Estudos Processos Identitários e Poder (GEPPIP/UFS). Atualmente o Nair é coordenado pelo professor Marcelo Ennes e pela professora Flávia de Ávila. O projeto conta ainda com a participação dde três discentes: Dulce Maria Perciano Felizardo, Raissa Amatori e Sayonara Hallin Martins Andrade. Nele, são trabalhadas pesquisas sobre refugiados, processos identitários e fluxos migratórios.
De acordo com o coordenador do Nair, professor Marcelo Ennes, o sistema de acolhimento funciona com o propósito de fazer a intermediação entre os serviços públicos e órgãos responsáveis para resolver os problemas que os imigrantes apresentam, sejam eles na parte da saúde, educação, emprego, moradia, segurança ou regularização de documentação.
“A nossa ideia é basicamente trabalhar com imigrantes, refugiados e estudantes estrangeiros da UFS que estão passando por algum tipo de dificuldade. Então se alguma família de refugiados vier nos procurar porque está com dificuldade de matricular o filho na escola, por exemplo, a gente encaminha pra Seduc”, explica.
Marcelo salienta ainda que a ideia do projeto também é trabalhar com a sociedade para que o respeito e os direitos inerentes aos refugiado seja assegurados, a exemplo de serviços públicos como saúde e educação, que são direitos universais que todo e qualquer cidadão têm.
“Não há uma parceria formalizada entre o programa e as entidades públicas. Não existe um sistema específico na área da saúde voltado para o estrangeiro, mas o serviço ofertado pelo SUS é universal, logo, é de direito do extrangeiro ter acesso aos tipos de serviço como saúde, educação e regularização de documentação”, comenta o professor Marcelo.
Para a professora e também coordenadora do projeto, Flávia de Ávila, o Nair se torna um projeto importante para os imigrantes e refugiados, pois faz a intermediação para a integração desses indivíduos na UFS e na sociedade sergipana. É um programa que se propõe a ser um centro de acolhimento com ações diversificadas no sentido de informar, recepcionar e, principalmente, acolher pessoas que tenham essas características.
“As ações do Nair são no sentido de acolher e conscientizar as pessoas da situação, dos problemas e das carências por que passam migrantes e refugiados que, por serem pessoas em situação de mobilidade, já apresentam muitas vulnerabilidades”, afirma a professora Flávia.
Segundo o professor, atualmente, o programa está com o foco nas escolas públicas da rede básica. A intenção é fazer uma roda de conversa onde possam ser passadas informações sobre a questão da migração e do refúgio para que o racismo, a xenofobia e a violência sejam combatidas.
Quanto à chegada dos imigrantes, o professor explica que para saber quantos imigrantes/refugiados chegaram à Sergipe conta com a ajuda da Polícia Federal e da Cáritas, entidade da Igreja Católica de Aracaju que serve para receber os imigrantes através do projeto denominado como “Acolhida”.
Participante do projeto Nair, Percy Daniel é de Lima, no Peru, e veio para Sergipe no ano de 2010. Ingressou na UFS em 2012, onde cursou licenciatura em Música, mestrado em Filosofia e atualmente faz doutorado em Sociologia. Daniel conta que conheceu o grupo Nair por meio de uma amiga do Paraguai estudante de Sociologia que estava realizando uma pesquisa com imigrantes na UFS e o convidou para fazer parte.
“Eu sou parte do grupo como membro, participante. O grupo tem reuniões periódicas onde discutimos ações acadêmicas e de outras índoles, e nesse sentido, minha contribuição é principalmente na parte acadêmica, dentro do plano de atividades do grupo e inclusão dentro dos eventos onde são realizados encontros e seminários voltados para a discussão da migração”, comenta Daniel.
O Nair, propõe-se ainda em fazer a intermediação entre o imigrante/ refugiado com setores da universidade e com órgãos públicos responsáveis pelo aprendizado da língua portuguesa. Na UFS, por exemplo, existe um projeto voltado para o ensino da Língua Portuguesa, em que eles fazem o encaminhamento.
Gabriel Silva - bolsista
Jéssica Vieira - Ascom UFS
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