Ter, 18 de outubro de 2022, 13:02

Colaborando com a UFS desde 2006, professor Bernard Charlot recebe título de Doutor Honoris Causa
Docente francês reside em Sergipe desde 2004 e ajudou a construir Pós-Graduação em Educação
Fotos: Adilson Andrade/Ascom UFS
Fotos: Adilson Andrade/Ascom UFS

A trajetória do francês Bernard Charlot está intimamente ligada à Universidade Federal de Sergipe (UFS) e ao próprio estado. Morando no Brasil desde 2003, no ano seguinte veio para Sergipe onde fixou residência. Ingressou na UFs em 2006, para colaborar na construção do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGED).O título de Doutor Honoris Causa, concedido pelos conselhos superiores da instituição, e entregue em cerimônia nesta segunda-feira, 17, consagra essa longa relação.

A solenidade, realizada no Auditório dos Conselhos Superiores, foi prestigiada por familiares, amigos e colegas de trabalho de Charlot. Foi transmitida ao vivo e encontra-se disponível no canal da TV UFS no YouTube.


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Bernard Charlot fez carreira acadêmica na França, onde é Professor Titular Emérito da Universidade Paris 8. Na UFS é professor voluntário dos cursos do PPGED e co-líder do Grupo de Pesquisa Educação e Contemporaneidade. Escreveu 14 livros, organizou mais 10, publicou 66 capítulos em outros livros, mais 15 relatórios de pesquisa e 176 artigos científicos. Colaborou também nas pós-graduações de Cinema (PPGCINE) e de Culturas Populares (PPGCULT).

O reitor, Valter Santana, reconheceu que o prêmio era merecido há muito tempo, abordando o “atraso” com o mesmo bom humor com que o homenageado trata as formalidades.


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“Entregamos o título com uma certa demora”, disse Valter. “Em defesa da nossa universidade poderíamos explicar que o atraso foi motivado pelo fato de que é tão grande e antiga e a intimidade da UFS com o doutor Charlot, que a homenagem nos escapou por um certo tempo”, completa.

“Peço que aceite nossas desculpas com a elegância que marca os seus escritos e conferências, por levarmos tanto tempo para oficialmente reconhecer algo que aos quatro cantos da UFS já era sabido”, brinda o reitor.

Destacando alguns dos motivos por que trata com relevância a condecoração recebida, Bernard Charlot pontua sua conexão com o estado.

“O título de Doutor Honoris Causa confirma minha ligação com Sergipe. Já tenho ligações de vida com o estado: a minha filha nasceu em Sergipe, sou um dos co-fundadores da Academia Sergipana de Educação, recebi o título de cidadão sergipano, e agora é mais uma ligação com Sergipe”, descreve o docente. “É importante para mim, por Sergipe, e também porque isso confirma que eu sou nordestino”, completa, bem humorado, o laureado.


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Homenagens

Representando os conselhos superiores, Ana Beatriz Rodrigues destacou a cooperação de Bernard Charlot com a UFS.

“A partir de 2006, veio para Aracaju, como professor visitante da Universidade Federal de Sergipe, desde então tem dado relevantes contribuições à educação nesse estado”, frisa a conselheira. “Conforme seu pensamento, o ato de aprender é colocar em marcha nossa condição de aprendiz, é avançar para novos desafios e possibilidades, aprender com o outro, consigo mesmo e com o mundo”, assinala.


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“Para ele, a educação é um processo de humanização, socialização e subjetivação. Segundo suas palavras, na pesquisa em educação, devemos considerar o aluno como ser humano indissociavelmente social e singular, e talvez essa seja a especificidade da disciplina educação”, disserta Ana Beatriz.

“São inumeráveis, portanto, as contribuições do professor Bernard Charlot, não apenas à UFS, mas a Sergipe, ao Brasil e a todos os lugares por onde passou. Comparo-o em alguns pontos a Paulo Freire, pelo caráter humanizador que atribui à educação, por propor uma relação necessária do homem com a sua realidade e com o mundo à sua volta”, finaliza.


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Eliana Sampaio, professora do Departamento de Educação (DED), abordou a ligação que o professor estabeleceu com a UFS. “Bernard Charlot, um francês, como nós sabemos, 78 anos, que escolheu o estado de Sergipe para fazer aqui a sua morada. Poderia escolher qualquer outro lugar do país, qualquer outra universidade de renome, seria muito bem-vindo. Aqui, no entanto, decidiu seu endereço, cuidou da terra e dela colheu seus frutos”, disse.

“Deu sentido à pedagogia do saber, pedagogia diferenciada, que privilegia a inclusão”, prosseguiu Eliana. “Além de professor que ensina e educa, brinda docentes e discentes na área das ciências humanas e sociais, com especial relevância ao conhecimento no campo da educação em seus níveis básico e superior, incluindo programas de pós-graduação”, completa.


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“O Departamento de Educação, que está celebrando 50 anos de história, recebe este dia como um presente pela honra de pôr em marcha e ver concluída, referendado pelo Centro de Ciências Humanas a merecida comenda com o título de Doutor Honoris Causa ao professor Bernard Charlot, em reconhecimento à toda a sua produção e mergulho em pesquisas científicas, bem como em seus plurívocos papéis", congratulou a docente.

Bernard tratou com carinho o prêmio recebido, demonstrando sua relação de intimidade com a UFS. “Estou recebendo esse título em uma universidade em que trabalhei muito, mas sempre de forma como se fosse de passagem. Esse título confirma e institucionaliza a minha ligação com a Universidade Federal de Sergipe. Trabalhei quase dezessete anos aqui, enquanto trabalhei dezesseis anos em minha universidade de Paris”, recordou.


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Um dos motivos que valorizam o prêmio, segundo Charlot, é porque ele valeu pelo que o docente fez pela educação. “A educação nesse momento da história do Brasil não é qualquer coisa”, professou.

“O meu mais recente livro, escrito na França e traduzido no Brasil, se chama Educação ou Barbárie?. São duas palavras opostas: o contrário de educação não é ignorância. A ignorância é o contrário de conhecimento, o contrário de educação é a barbárie. Porque a educação é fundamentalmente um processo de humanização. E a barbárie é a recusa de reconhecer o outro como sendo plenamente e completamente humano, recusa a humanidade do outro e no outro”, ensina.


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“Devemos defender absolutamente a educação, porque ela é um direito antropológico, é mais do que um serviço público”, enfatizou ainda Charlot. “Devemos defender absolutamente a educação pública, porque sem ela não há direito antropológico. E devemos defender absolutamente as universidades, porque são as universidades que fazem a ligação entre todo esse patrimônio humano, o qual recebemos, herdamos e vamos ter que transmitir para as futuras gerações. Seria impossível conceber isso sem a educação e sem a universidade”, arrematou.

Valter Santana também enfatizou o engajamento da docência e da pesquisa de Bernard Charlot. “Falamos de um intelectual que ajudou a mudar perspectivas e tem convidado seus colegas pesquisadores e pesquisadoras a refletir sobre o modelo de educação humanizadora, uma educação que seja entendida como ferramentas de transformação social”, proferiu.


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“A Universidade Federal de Sergipe, desde o seu nascimento, tem trajetória marcada pela missão de transformar realidades, de combater a desigualdade social, de empreender ações de fortalecimento da cidadania e de mudar vidas”, acrescentou o reitor.

“Provavelmente, pela semelhança dessa preocupação com o combate à desigualdade social, os destinos da UFS e do professor Charlot se cruzaram. Afinal de contas, embora em continentes diferentes, França e Brasil compartilham problemas muito parecidos: em quase todos eles, encontrar solução é improvável sem que a educação seja considerada ponto fundamental”, concluiu.


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Trajetória

Bernard Charlot orientou ou supervisionou 130 mestrados, doutorados e pós-doutorados (na França, no Brasil, na Argentina). Foi Professor Assistente na Universidade de Tunes (Tunísia), Professor na Escola Normal de Le Mans (França), Professor Titular de classe excepcional da Universidade Paris 8 Vincennes-Saint-Denis, Pesquisador-Visitante da Universidade Federal do Mato Grosso e da Universidade Federal de Sergipe, Professor Visitante Catedrático da Universidade de Porto.

Foi Presidente da Associação Francesa dos Professores e Pesquisadores em Educação, Consultor da UNESCO-Brasil, é membro-fundador do Comitê Internacional do Fórum Mundial da Educação e membro fundador da Academia Sergipana de Educação. É membro de numerosos conselhos de revistas. Doutor Honoris Causa da Universidade de Patras (Grécia), e também da Universidade Federal de Pernambuco.

Ascom UFS
comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Ter, 18 de outubro de 2022, 15:32
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