Um grupo de estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS) realiza vigília durante todo o dia desta quarta-feira, no hall da reitoria, no campus de São Cristóvão. Iniciada às 7h30, a manifestação se dá em protesto contra os bloqueios de verba dos ministérios da Educação e Economia no orçamento de 2022.
A mobilização estudantil foi iniciada após os dois últimos bloqueios de repasse anunciados na última sexta-feira, 02. Somente nesses dois contingenciamentos, o valor bloqueado ultrapassa R$ 3 milhões.
“Assim que soubemos do bloqueio que impactaria diretamente no pagamento das bolsas e auxílios dos estudantes da graduação e pós-graduação, reunimos os centros e diretórios acadêmicos e decidimos pela realização deste ato”, conta João Pedro Vieira, presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
“Ficaremos em vigília durante toda esta quarta-feira, tendo em vista que já estamos sendo afetados, não recebemos os pagamentos das bolsas e auxílios deste mês de dezembro”, anuncia o estudante.
“Esses mais de três mil estudantes que precisam do auxílio e da bolsa têm contas a pagar, estamos passando por uma situação extremamente delicada, nossas contas estão atrasadas, não temos condições de sequer nos alimentar, e não temos perspectivas de receber essas bolsas”, avalia João Pedro.
Segundo João Vítor Santos Pinto, presidente do Centro Acadêmico de Geografia, o contingenciamento prejudica a permanência dos discentes em seus cursos. “Impacta diretamente na vivência do universitário, para que ele se mantenha presente na universidade. Os auxílios funcionam justamente para permitir que o aluno consiga continuar no curso durante a graduação”, analisa.
“[Prejudica] inclusive a produção de pesquisas dos departamentos, pois a pesquisa é um trabalho que demanda dedicação do estudante, o qual não pode ter vínculo profissional”, acrescenta ainda João Vítor.
“O corte não ataca só os universitários”, opina Artêmis Luísa Gouveia Silva, discente de Geografia, “ele ataca diretamente a universidade pública, porque impossibilita a existência do universitário. Muitos estudantes, como eu, por exemplo, só têm esse dinheiro para se manter. Quando cortam esse recurso, o objetivo é inviabilizar a sua existência na universidade”, enfatiza.
A mobilização tem apoio do Sindicato dos Trabalhadores da UFS (Sintufs), cujo coordenador geral, Gentil Melo, esteve presente. “O Sintufs já vem denunciando publicamente essa política de cortes orçamentários nas universidades federais”, diz o funcionário.
“Temos debatido com os movimentos sindicais, com o movimento estudantil e nas ruas para denunciar essa política que contraria os anseios da população brasileira. Então, essa vigília organizada pelos estudantes tem o apoio do movimento sindical por entender que é uma causa coletiva”, afirma Gentil.
“Nos preocupamos também em relação a um possível impacto negativo sobre trabalhadores contratados, que são muitos na Universidade Federal de Sergipe, em um momento como esse, de desemprego, de falta de expectativa do trabalhador brasileiro”, alerta o sindicalista.
Bloqueios orçamentários
O bloqueio mais recente afeta diretamente mais de três mil discentes, que poderão ficar sem bolsas e auxílios no mês de dezembro. Para além disso, caso o valor não seja desbloqueado, o contingenciamento afetará também os alunos que utilizam diariamente os Restaurantes Universitários (Resuns). No total, o número de estudantes atingidos pode chegar a mais de 6,6 mil.
“Por exemplo, os auxílios transporte e moradia, Apoio-Inclusão e o Programa de Residência Universitária vão ser afetados neste mês de dezembro e a gente não tem a clareza de como isso vai funcionar para os próximos meses se esse quadro financeiro não for revertido o mais urgente possível. Defender os auxílios é defender a permanência do estudante e a igualdade no direito de aprendizagem. E isso é defender a Universidade Federal de Sergipe”, ressalta Marcelo Mendes, pró-reitor de assuntos estudantis.
Ascom UFS
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