Começou ontem e segue até esta quarta, 18, no Centro de Excelência Atheneu Sergipense, o “Centenário Maria Thetis Nunes”, promovido pela Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese) em parceria com instituições culturais e educacionais.
Em mesa redonda, na manhã desta terça, estiveram como expositores os professores Anamaria Gonçalves Bueno, do Departamento de Educação, e Joaquim Tavares da Conceição, do Colégio de Aplicação, discutindo o papel de Thetis Nunes como intelectual da Educação.
Escolhendo mostrar Thetis Nunes a partir de sua principal obra, “História da Educação em Sergipe”, a professora Anamaria Bueno diz que “Thetis Nunes foi uma intelectual que produziu muito sobre a história de Sergipe e a história da Educação de Sergipe, nesse campo ela é pioneira e sua obra, publicada em 1984, é referência ainda hoje”.
Em seu livro, Thetis Nunes analisa a educação no estado do período colonial até o fim da Primeira República, em 1930, acessando fontes primárias e oferecendo informações que tratam do contexto político, econômico, social, cultural e educacional dos períodos retratados.
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Anamaria diz que os leitores, especialmente os mais jovens, precisam ler esse livro “como quem assiste a uma série, com personagens, ação, suspense; vale a pena conhecer essa obra porque ela guarda muitas emoções, informações, e um conjunto de personagens marcantes da nossa história”.
Já o professor Joaquim Tavares da Conceição, fez um levantamento da fortuna crítica de Thetis Nunes no campo da história da Educação, pesquisando as teses e dissertações produzidas no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFS entre 2003-2022.
“Encontrei cerca de duzentos trabalhos, e nesse montante, a professora Thetis Nunes é bastante presente, seja como objeto de pesquisa, seja através de suas memórias, nas entrevistas que concedeu, e vimos como a sua obra, que é um clássico, é bastante citada e referenciada sob diferentes perspectivas”, explica Joaquim.
Quanto à atuação de Thetis na educação superior, o docente destaca que “Thetis foi importante para a própria fundação da UFS, ela que já era professora da Faculdade Católica de Filosofia, que foi incorporada à universidade, e ela se tornou docente, teve uma longa carreira com várias ações, especialmente no Departamento de História, onde acabou se aposentando”, conclui.

Anne Emilie, doutoranda em Educação na UFS, tem participado entusiasmada do evento de centenário. Ela conta que “Thetis Nunes estimulou, através de sua obra, futuros pesquisadores da história da Educação a se aprofundarem, conhecerem diferentes estudos”, diz. “Ela é uma referência, e para mim está sendo uma oportunidade única poder ouvir sobre ela.”
Programação
Quarta, 18, às 9h, o evento tratará do papel de Thetis Nunes como enquanto pesquisadora, e contará com a coordenação da professora Simone de Lucena Ferreira, do Departamento de Educação, e como expositores o professor Luiz Eduardo Menezes Oliveira, coordenador da Cátedra Marquês de Pombal, e a professora Janaína Cardoso de Mello, do Departamento de História.
Quinta, 19, também às 9h, a mesa será coordenada pela professora Ester Fraga Vilas Boas e analisará a Thetis Nunes historiadora, tendo como expositores o professor aposentado da UFS e presidente da Academia Sergipana de Educação, Jorge Carvalho do Nascimento, e José Lima Santana, professor do Departamento de Direito.
Homenagens na UFS
Na UFS, dois marcos foram estabelecidos neste ano de centenário de nascimento de Thetis Nunes: a denominação do auditório do Campus de Itabaiana – homenagem aprovada pelo Conselho Universitário (Consu) –, e o Prêmio Destaque UFS, cuja edição 2023 levará o nome da intelectual sergipana.
Quem foi Thetis Nunes?
Natural de Itabaiana, nascida em 6 de janeiro de 1923, Maria Thetis Nunes formou-se em Geografia e História na primeira turma da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, e em Museologia no Museu Histórico Nacional. Iniciou sua carreira acadêmica no Atheneu Sergipense, vindo a trabalhar como professora e pesquisadora na UFS, onde foi titular de História do Brasil, História Contemporânea e Cultura Brasileira.
A sergipana se aposentou com 47 anos de dedicação ao magistério, tendo ocupado o cargo de vice-reitora por duas vezes. Foi autora de várias publicações em livros, além de artigos e ensaios em revistas científicas, presidiu o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe por 30 anos e ocupou a cadeira número 39 da Academia Sergipana de Letras. Veio a falecer em 2009, aos 86 anos.
Ascom