Qui, 02 de fevereiro de 2023, 17:55

Conferências homenageiam Maria Thetis Nunes em seu centenário
Abrindo ciclo de tributo aos cem anos da pesquisadora, palestra aborda as ‘origens do despertar intelectual’ de Thetis

Maria Thetis Nunes foi onipresente na educação e na intelectualidade de Sergipe. No ano em que completam cem anos do nascimento da professora, a pluralidade da atuação da professora motivou um ciclo de conferências iniciado na tarde desta quarta-feira, 1º, no auditório que leva o nome de Thetis, no Centro de Excelência Atheneu Sergipense.

Segundo Francisco Diemerson, presidente da Academia de Letras de Aracaju (ALA), uniram-se três instituições onde Maria Thetis teve relevante atuação para organizar o evento.

“A Academia, onde ela é patrona da cadeira nº 4, a Universidade Federal de Sergipe, da qual é uma das fundadoras, e o Atheneu, onde foi aluna, professora e diretora, organizam essas conferências para pensar várias formas de Thetis”, conta Francisco. “Vamos discutir a Thetis estudante e intelectual, a Thetis professora da UFS, a Thetis museóloga, a Thetis escritora e a Thetis conselheira de cultura. A ideia é trazer várias análises importantes e ricas sobre essa pessoa que foi Maria Thetis Nunes”, completa.

+ Confira programação completa do ciclo de conferências


Rosalvo Ferreira, vice-reitor da UFS, destacou o engajamento de Thetis na educação sergipana. (Fotos: Adilson Andrade - Ascom UFS)
Rosalvo Ferreira, vice-reitor da UFS, destacou o engajamento de Thetis na educação sergipana. (Fotos: Adilson Andrade - Ascom UFS)

Para Rosalvo Ferreira, vice-reitor da UFS, o engajamento que Thetis teve na universidade justifica a presença da instituição na homenagem.

“Importante lembrar sempre da relevância da professora Thetis, do compromisso com o qual a professora se dedicou às questões educacionais em Sergipe, chegando a ocupar cargos de relevância no estado, inclusive sendo vice-reitora da Universidade Federal de Sergipe”, pontua o gestor.


Francisco Diemerson, presidente da Academia de Letras de Aracaju, uma das instituições organizadoras do evento.
Francisco Diemerson, presidente da Academia de Letras de Aracaju, uma das instituições organizadoras do evento.

Competência e representatividade

Maria Thetis Nunes nasceu no dia 6 de janeiro, há cem anos, em Itabaiana (SE), onde cursou o ensino primário. Migrou então para Aracaju, onde continuou os estudos no Atheneu Sergipense, construindo uma sólida carreira na educação.

“A trajetória da professora Thetis revela a importância que ela tem no âmbito da educação, com uma visão humanística, uma visão de empoderamento, sobretudo da importância da mulher, inclusive nas decisões de gestão”, prossegue Rosalvo. “Thetis foi um espelho, um modelo, um reflexo para quem esteve e está na vida acadêmica”, completa.


“Ela me inspira muito como itabaianense e educadora”, diz Érica Tavares, pedagoga e professora, presente à conferência.
“Ela me inspira muito como itabaianense e educadora”, diz Érica Tavares, pedagoga e professora, presente à conferência.

O pesquisador e professor do Departamento de Educação da UFS João Paulo Gama de Oliveira foi o conferencista no primeiro dia do ciclo, com o tema “Das aulas com Izabel Esteves à cátedra no Atheneu Sergipense: ‘origens do despertar intelectual’ de Maria Thetis Nunes”.

“O foco da minha fala tem a ver com minha tese, defendida em 2015, onde estudei alguns intelectuais sergipanos, entre eles a Thetis, na perspectiva da formação, ou seja, como esses intelectuais se constituíram na condição de intelectuais”, explica.

“Thetis começa a estudar em uma escola em Itabaiana, com a professora primária Isabel Esteves de Freitas. Ela atribui em depoimento, em uma entrevista concedida a mim em 2007, que é com Isabel Esteves que ela começa esse gosto pela leitura, esse despertar para o conhecimento”, narra João Paulo.

“Thetis é uma interiorana, que sai do interior de Itabaiana nos anos 1930, ingressa em uma escola de renome [o Atheneu] e já consegue um espaço como aluna: escreve em jornais, participa de agremiações estudantis. Ela é uma aluna muito notada, pelo que consegui ver nas pesquisas (pelas notas, pelas escritas, pelo que ela falava dos professores)”, salienta o pesquisador.


João Paulo Gama de Oliveira, pesquisador da UFS, trouxe de sua pesquisa de doutorado o conteúdo para sua conferência.
João Paulo Gama de Oliveira, pesquisador da UFS, trouxe de sua pesquisa de doutorado o conteúdo para sua conferência.

Itabaianense e professora como Thetis, Érica Tavares Santos foi assistir à conferência sobre a conterrânea. “Conhecer um pouco mais da história de Maria, além do que já busquei em algumas leituras”, diz a egressa de Pedagogia pela UFS.

“Ela me inspira muito como itabaianense e educadora, pelos enfrentamentos que desempenhou para estar na [área da] educação”, reconhece Érica. “Venho também aqui pelo interesse de, no futuro, ingressar no mestrado, onde pretendo estudar a inclusão na educação nos séculos XIX e XX”, acrescenta a pedagoga, que atua como professora na educação básica em Itabaiana.


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Homenagens

O ciclo de conferências é mais uma das muitas homenagens que vêm sendo realizadas em Sergipe pelo centenário de Maria Thetis Nunes. Ela se formou em Geografia e História na primeira turma da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, e em Museologia no Museu Histórico Nacional.

No Atheneu foi estudante, professora e diretora. “A professora Maria Thetis Nunes, com todo seu arcabouço, levou o nome do Atheneu para muitos lugares onde talvez nunca chegaria”, observa o diretor do colégio Daniel Lemos. “A história do Atheneu está sendo levada por Thetis Nunes por mais cem anos”, assegura.

“A trajetória de Thetis Nunes mostra que a história de Sergipe também é feita de grandes funcionários públicos que conseguem transcender sua própria história pessoal”, observa ainda o diretor.

Pesquisadora dedicada, Maria Thetis tem diversos livros publicados, além de artigos e ensaios em revistas científicas. Ela ainda presidiu o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe por 30 anos e ocupou a cadeira número 39 da Academia Sergipana de Letras.

Na Universidade Federal de Sergipe, Thetis tem uma história intensa: ajudou a fundar a Faculdade de Filosofia de Sergipe, uma das escolas que se fundiram para a criação da universidade. Prosseguiu lecionando na UFS, chegando a ocupar o cargo de vice-reitora por duas vezes.


Sobrinhas de Thetis Nunes compareceram e apresentaram coleção bibliográfica reeditada pela Secretaria de Estado da Educação.
Sobrinhas de Thetis Nunes compareceram e apresentaram coleção bibliográfica reeditada pela Secretaria de Estado da Educação.

Em seu centenário, Thetis foi homenageada na UFS em um evento em janeiro, na denominação do auditório do Campus de Itabaiana, após aprovação do Conselho Universitário, e o Prêmio Destaque UFS, cuja edição 2023 levará o nome da intelectual sergipana.

“Para nós é muita emoção, muito agradecimento a todas essas homenagens que estão acontecendo pela passagem do centenário de Maria Thetis”, diz Míriam Nunes Carvalho, sobrinha de Maria Thetis, presente à abertura do ciclo de conferências.

“A gente faz questão de estar sempre presente, revivendo, afinal nossa tia era uma pessoa ímpar, não apenas como essa pessoa pública, mas também para a família, sobretudo para nós, os oito sobrinhos”, completa Míriam, que apresentou no evento a coleção de livros de Thetis editados pela Secretaria de Estado da Educação, em comemoração ao bicentenário da emancipação política de Sergipe celebrado no ano passado.

Marcilio Costa - Jornalista / Ascom UFS
comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Qui, 02 de fevereiro de 2023, 18:36
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