O projeto de Extensão “Vigilância em Saúde, Ambiente e Trabalho em Lagarto-SE” da docente Cátia Justo, do Departamento de Medicina do campus Lagarto, foi selecionado no edital "Programa de Extensão para a Implementação da Política Nacional de Vigilância de Saúde do SUS e a Participação da Comunidade - PNVS Comunidade", de bolsas de pesquisa da Universidade de Brasília (UnB). A pesquisa, que vai ser realizada em Lagarto vai ser a parte local do estudo realizado nacionalmente, organizou encontro nesta quinta-feira (2), no Centro de Simulações e Práticas do campus Lagarto, com órgãos e entidades envolvidas na Saúde do Trabalhador. Além do projeto do campus, outras 19 pesquisas foram selecionadas em todo o Brasil.
Após a seleção, o projeto passou a contar com dois coordenadores adjuntos, os docentes Leda Vasconcelos e Victor Vilhena, também do Departamento de Medicina do campus Lagarto. O objetivo do estudo é reduzir a subnotificação de casos de ocorrências relacionadas ao trabalho, como acidentes e doenças ocupacionais. A ideia realizar atividades educacionais e intervenções nos locais de atuação dos trabalhadores, além do estímulo a políticas públicas. “Na Conferência Municipal de Saúde, por exemplo, nós já queremos introduzir a necessidade da criação de uma Vigilância em Saúde do Trabalhador em Lagarto. Temos uma Vigilância Epidemiológica aqui, mas as competências são diferentes”, pontua.
Foi ao perceber a gravidade do problema em Sergipe que a professora resolveu concorrer ao edital e ampliar a pesquisa. O objetivo é alcançar cerca de mil trabalhadores em Lagarto. “É um grande incômodo perceber pessoas adoecendo e até morrendo por causa de sua atividade. Muitas vezes, as soluções adotadas não são suficientes, pois o primeiro passo é sanear o ambiente de trabalho que causa o adoecimento. Do contrário, teremos apenas o afastamento de um trabalhador e a substituição por um outro que deve seguir o mesmo caminho”, observa.
Segundo a docente, a resolução do problema não pode estar centrada em questões individuais. “É preciso estimular que o trabalhador notifique, mas nós sabemos que, sozinhos, cada um deles não tem muita força, pois surge o medo de perder o emprego. É por isso que é importante pensarmos nisso de forma coletiva. Outra etapa importante é a sensibilização dos profissionais de saúde, que devem entender quais são os diagnósticos relacionados ao ambiente de trabalho. Por isso, é importante saber qual o trabalho realizado pelo paciente”, pontua.
O objetivo agora é aumentar as articulações, o número de atividades e também o quantitativo de bolsistas e voluntários, inclusive de outros cursos. Atualmente, o grupo trabalha em parceria com dois sindicatos (trabalhadores rurais e agentes comunitários de saúde). Se algum outro sindicato tiver interesse em estabelecer um diálogo e parceria, deve entrar em contato pelo Instagram do projeto.
Participaram do evento, além da equipe docente e discente do projeto, o gerente da Vigilância Epidemiológica de Lagarto, Carlos Carvalho, o diretor do mesmo órgão, Thiago dos Santos, a diretora do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) Regional Lagarto, Patrícia Fontes, a presidente do Conselho Municipal de Saúde, Daniela Pereira, a representante da Secretaria Municipal de Saúde, Alane Rocha, e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Lagarto- SE (Sintraf), Evandro da Silva.
Ana Laura Farias
Campus Lagarto