A pesquisa Start4all, voltada para identificação de novas tecnologias para o diagnóstico da tuberculose, vai ser realizada em sete países simultaneamente. No Brasil, ela será coordenada pelo docente Victor Santana Santos, do Departamento de Medicina do Campus de Lagarto. O professor Ricardo Gurgel, do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde e do Departamento de Medicina do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, em Aracaju, também integra a equipe, como coordenador adjunto. A rede é coordenada pela Escola de Medicina Tropical de Liverpool, na Inglaterra.
O principal objetivo da parte brasileira da pesquisa é acelerar e otimizar o rastreio e diagnóstico da tuberculose. “Estamos analisando o desempenho combinado de testes diagnósticos com o intuito de aumentar a proporção de pessoas diagnosticadas com tuberculose já na atenção primária à saúde, de modo mais rápido, e com melhor custo benefício”, avalia. Quanto mais tarde o diagnóstico for realizado, maiores a chance de complicações, como lesões pulmonares. Queremos ajudar na mudança da política pública de saúde e no protocolo relacionado à tuberculose”, explica.
Segundo o professor, dois grupos despertam uma preocupação mais específica: pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que costumam ter acesso mais dificultado às unidades de saúde e pessoas com HIV/Aids. O protocolo do Ministério da Saúde prevê o aconselhamento e a testagem de HIV para pessoas diagnosticadas com tuberculose. “Da mesma forma, pessoas com HIV também fazem o teste de tuberculose. Isso ocorre porque a coinfecção HIV-tuberculose é um importante problema de saúde pública a ser enfrentado”, explica.
Além do aspecto individual da saúde do paciente, começar o tratamento no início da infecção tem outra vantagem importante: quebrar a cadeia de transmissão. Após 15 dias do início de tratamento, a pessoa já não realiza mais a transmissão, que é feita por vias respiratórias.
O consórcio envolve, além do Brasil, Bangladesh, Camarões, Malaui, Nigéria, Quênia e Vietnã, países com alta carga de tuberculose. Equipes do Reino Unido e da Suíça também integram a pesquisa. Os estados envolvidos na parte brasileira do estudo são Alagoas e Sergipe, com entrega da primeira etapa da pesquisa prevista para março de 2024.
Após esse período, será realizada uma etapa do estudo, na qual a combinação dos testes diagnósticos será avaliada em maior escala. Os custos são financiados por bolsa da agência global de saúde Unitaid. O docente retornou de Liverpool na última segunda-feira (13), após período de reuniões e alinhamento com a Escola de Medicina tropical e os coordenadores de cada um dos países. O consórcio Start 4 All foi criado pelo professor Luís Cuevas, da Escola de Medicina Tropical de Liverpool, falecido no último janeiro.
Ana Laura Farias - Campus Lagarto