
Criado há dez anos e atuando como núcleo, o curso de Engenharia de Petróleo ganhou o status de Departamento e decidiu marcar a mudança com um evento para estreitar laços com o setor produtivo. O encontro aconteceu na tarde da última sexta-feira, 31, no auditório do Núcleo de Competência em Petróleo e Gás de Sergipe da Universidade Federal de Sergipe (UFS), reunindo comunidade acadêmica do curso, gestão da UFS e representantes do empresariado do setor de petróleo e gás e energias renováveis.
A chefe do Departamento, Rosivânia Oliveira, enalteceu os avanços que o curso obteve para mudar seu status administrativo – a unidade precisou atingir o número mínimo de 10 professores efetivos, além da ampliação de sua estrutura, com a criação de novos laboratórios.

“Além disso, temos três professores voluntários, que vieram da indústria para nos dar suporte na parte prática do curso”, acrescentou. “Temos agora, também, a perspectiva de abrir mais uma habilitação – Engenharia de Energias Renováveis”, projeta a docente.
Segundo o reitor Valter Santana, que esteve no evento, tratou-se de um importante momento de comemoração. “Estamos aqui celebrando um avanço no Departamento de Engenharia de Petróleo em um momento muito oportuno para o estado de Sergipe”, disse.
Ele reforçou que a universidade tem o papel de formar profissionais atendendo aos anseios da sociedade. “Como a universidade consegue e deve fazer isso? Aproximando-se do setor produtivo, seja ele no âmbito público ou privado, para oportunizar aos alunos a chance de adquirir esses conhecimentos tendo a prática do dia-a-dia antecipando as dificuldades que enfrentarão quando profissionais”, analisou.

Parcerias
A integração da universidade com o mercado de petróleo, gás e energias renováveis foi a tônica do evento, citada por todos os participantes como essencial para o desenvolvimento do curso e do setor.
Engenheira civil e de segurança pela UFS e presidente da Associação das Empresas da Cadeia Produtiva de Petróleo, Gás e Energias de Sergipe (Pense), Ana Mendonça foi a palestrante do evento. Ela defende com muita veemência a necessidade de uma aproximação entre empresas e a universidade.
“Hoje venho falar sobre a importância da interação da universidade com o mercado de trabalho, com as empresas. Como estou como presidente da Pense, a gente sente falta dessa interação. Eu tento há alguns anos fazer essa parceria, que é de suma importância para os alunos, que vão ter oportunidade de se encaixar mais rapidamente no mercado de trabalho”, disse a dirigente.

Ana fez ampla carreira acadêmica, complementando sua graduação com diversas pós-graduações. “Sou pós-graduada em engenharia de gás, também pela UFS, uma parceria com a Petrobras (foi o primeiro do Brasil, inclusive, de onde saíram 13 engenheiros), e depois fiz em MBA em Auditoria, Perícia e Gestão Ambiental e mestrado em Regulação da Indústria e Energia, pela Unifacs [Universidade Salvador]”, descreveu.
Ela agora vislumbra maiores possibilidades de que a integração entre empresas e a universidade seja ampliada. “Sinto que pela primeira vez essa possibilidade (de aprofundar parceria com a UFS) está sendo aberta de uma maneira mais efetiva”, resumiu.

Em sintonia com a dirigente, Valter Santana enalteceu a necessidade de integrar mercado e academia. “Essa aproximação faz também com que nossas ações de extensão e de pesquisa possam interagir diretamente com a sociedade dentro do âmbito da pesquisa e inovação, transferindo a tecnologia necessária para promover desenvolvimento, cumprindo com a missão institucional de uma universidade pública, preocupada com a formação, mas também em transformar o nosso entorno”, pontuou.
Professora do curso de Engenharia de Petróleo há quatro anos, Hannah Galvão assinala que o corpo acadêmico fez questão de realizar um evento para demarcar a “promoção” de núcleo para Departamento com o objetivo, também, de chamar a atenção da comunidade acadêmica e do mercado.
“Nós quisemos evidenciar essa mudança, até como uma forma de estreitar laços entre a universidade e a indústria. Estamos aqui para desenvolver profissionais e capacitá-los para o mercado industrial, então a interação entre a universidade e a indústria antecipa essa profissionalização. A indústria tem muitas demandas de soluções a serem supridas, e a universidade tem muitos trabalhos através dos quais podemos solucionar essas demandas”, avaliou.

Lara Damasceno cursa o 8º período de Engenharia de Petróleo e estagia há 10 meses em uma multinacional que presta serviços à indústria de petróleo. Ela comemora os avanços do curso.
“Desde 2019, quando entrei, o curso vem melhorando. A grade curricular foi bastante melhorada: conforme os professores foram avaliando, sentiram a necessidade, por exemplo, de pegar disciplinas que são extremamente importantes para a gente aplicar no futuro e destrinchar um pouco mais para podermos aprender cada vez mais aplicada ‘no prático’”, contou a discente.
A estudante confirma a contribuição da combinação entre ensino e prática para sua formação. Atuando em uma grande empresa do ramo, ela lida diretamente com as atividades-fim do setor.
“Sou estagiária de elevação artificial e meu trabalho é dar suporte para a equipe operacional nas atividades, ou seja, contatamos o cliente, organizamos a logística do transporte e a montagem dos equipamentos no poço, fazemos a estrutura do conjunto BCS [Bombeio Centrífugo Submerso], e finalmente fazemos o processo financeiro dos equipamentos instalados no campo”, descreveu.

Homenagens
Como força de enaltecer a integração entre o corpo acadêmico do curso e as empresas do setor, a organização do evento decidiu homenagear egressos de Engenharia de Petróleo que hoje atuam no mercado, mas que continuam mantendo laços com a universidade.
Uma das homenageadas é Juliane Oliveira Rodrigues, graduada em 2022. Ela defende a qualidade do curso, usando sua própria trajetória como exemplo.
“É um curso bem específico, que é a exploração e produção de petróleo, mas também é bastante abrangente no que diz respeito às áreas relacionadas a essa exploração e produção”, disse.
“Eu, por exemplo, pude usar o conhecimento em outras áreas. Estive no Mato Grosso, depois de graduada, trabalhando com licenciamento ambiental em postos de combustíveis e derivados de petróleo, uma região bastante voltada para o agronegócio, mas ainda assim conseguimos aplicar”, contou. “Agora estou em Alagoas, em uma cooperativa de produção de etanol, que inclusive é a primeira planta flex do Nordeste”, acrescentou a ex-discente.

Juliane mantém contato com a UFS, contribuindo para a troca de experiências entre o setor produtivo e o acadêmico.
“Continuo próxima da UFS, em contato com graduandos e atuando com a professora Rosivânia no LCPP [Laboratório de Caracterização e Processamento Primário de Petróleo]. E trabalhamos atualmente na possibilidade de uma parceria do Depet com a cooperativa onde trabalho”, finalizou.
Ascom
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