Ter, 04 de abril de 2023, 08:58

Estudantes de Enfermagem levam Brinquedoterapia a crianças hospitalizadas
Ação foi realizada na ala pediátrica do Hospital Universitário de Lagarto e visa construção de brinquedoteca

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê - em seu artigo 16º, inciso III - que brincar e se divertir são direitos fundamentais à liberdade. Além disso, estudos sobre a infância apontam que a atividade é fundamental para o desenvolvimento da criança, sendo determinante para o seu desenvolvimento cerebral, criatividade, habilidades de comunicação, competência social, regulação das emoções, dentre inúmeros outros benefícios para a formação de um indivíduo em sociedade.

Dessa forma, o brincar passa a ser ainda mais necessário e fundamental em situações de contexto hospitalar, nas quais crianças estão privadas da convivência com pessoas que lhes transmitem segurança e com o ambiente externo, podendo acarretar cenários de irritabilidade, medo, angústia e ansiedade, prejudicando a recuperação do paciente.

Com o objetivo de minimizar esse cenário, muitas equipes de saúde se utilizam da aplicação do brinquedo terapêutico no contexto hospitalar de crianças e adolescentes. A intervenção, chamada popularmente de brinquedoterapia, permite que a criança consiga se comunicar com o meio exterior, expressando seus sentimentos com mais clareza e naturalidade, explica a professora do departamento de Enfermagem do campus Lagarto Jussiely Cunha Oliveira.


A ação de extensão “Aplicação do brinquedo terapêutico no contexto hospitalar” foi desenvolvida com estudantes do 3º ciclo de Enfermagem para pacientes infantis hospitalizados na clínica pediátrica do Hospital Universitário de Lagarto (Foto: Arquivo Pessoal)
A ação de extensão “Aplicação do brinquedo terapêutico no contexto hospitalar” foi desenvolvida com estudantes do 3º ciclo de Enfermagem para pacientes infantis hospitalizados na clínica pediátrica do Hospital Universitário de Lagarto (Foto: Arquivo Pessoal)

No início de março, ela coordenou a ação de extensão “Aplicação do brinquedo terapêutico no contexto hospitalar”, desenvolvida com estudantes do 3º ciclo de Enfermagem para pacientes infantis hospitalizados na clínica pediátrica do Hospital Universitário de Lagarto.

“A atividade extensionista foi vinculada à disciplina maternoinfantil, em que os estudantes planejaram a intervenção através dos brinquedos. Nesse contexto, o ambiente hospitalar é apresentado às crianças de forma lúdica, numa linguagem compreensível à realidade e ao entendimento delas. Assim, através dessa intervenção, a criança vai entender melhor o porquê de estar no hospital e a rotina que terá durante sua permanência ali, uma vez que, ao brincar com situações semelhantes às que encontra na pediatria, ela ficará mais calma e consciente dos procedimentos da equipe de saúde”, explica a professora Jussiely.

Ela conta ainda que, atualmente, o hospital não conta com uma brinquedoteca, mas que a ação despertou em vários profissionais a necessidade de pensar na estruturação desse ambiente para as crianças.

“A repercussão positiva dessa ação conjunta possibilitou a abertura de uma licitação para a reforma de uma das salas de Enfermagem na intenção de se tornar a brinquedoteca fixa do hospital, que será de suma importância para os processos intervencionistas. Num futuro breve, poderemos estruturar mais atividades como essa”, salienta a coordenadora da ação.

Foi durante essa ação que o estudante do 3º ciclo de Enfermagem Ernanes Menezes dos Santos entrou em contato com a brinquedoterapia que, segundo ele, representou um momento de transição sobre suas perspectivas junto à Enfermagem Pediátrica.

“No início do curso, cheguei a realizar práticas de Enfermagem com crianças, mas não tinha sido uma boa experiência, uma vez que o ambiente hospitalar por si só gera frustrações e irritabilidade pelos constantes procedimentos aos quais não estão habituadas. Assim, elas choram, gritam e acabamos sempre dependendo dos pais ou acompanhantes para intervir e isso acabou me desestimulando. Com a prática de intervenção através dos brinquedos, pude ver uma outra possibilidade da Enfermagem, mais humana, mais respeitosa com o tempo e o espaço da criança, o que me fez repensar meus caminhos profissionais, pois é notória a mudança da aceitação das crianças frente aos procedimentos de Enfermagem, já que eles são introduzidos de forma que elas compreendam tudo o que está acontecendo ao redor”, explica o estudante.

Ele salienta ainda que o brinquedo terapêutico é um excelente recurso não só na realização prática dos procedimentos, mas na construção do vínculo junto ao paciente e à própria equipe.

“Foi a primeira ação, mas percebemos o quanto ela é significativa se construída de forma estruturada e, por isso, a necessidade da construção de uma brinquedoteca para que os trabalhos não sejam interrompidos e sigam um protocolo. Foi uma motivação a mais para continuar estudando e reconhecendo a importância da tríade ensino, pesquisa e extensão”, finaliza Ernanes.

Jéssica Vieira (Ascom UFS)
comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Ter, 04 de abril de 2023, 09:32
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