O Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) oferece oportunidades de graduação voltadas a pessoas provenientes de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais. A Universidade Federal de Sergipe (UFS) participa do Programa e, a cada ano, vem recebendo um número maior de estudantes beneficiados.
Um deles é Amido Baldé, natural de Guiné-Bissau, que está na UFS desde 2019 e concluiu o curso de Letras Vernáculas em novembro último. Ele obteve uma média de 9,27, e já saiu da instituição aprovado no Mestrado em Linguística da Universidade de São Paulo (USP).
"Fui o primeiro presidente da Associação dos Estudantes Estrangeiros da UFS, participei de mentoria, que é um programa para estudantes estrangeiros e, sobre a minha experiência de PEC-G, foi bastante rica na UFS, porque tive oportunidade de conhecer novas nacionalidades, outros colegas que são de outros países, da África também, além dos brasileiros. Uma universidade federal como a UFS é um centro multicultural", destaca.
"Tenho muito que agradecer à Universidade Federal de Sergipe pelo aprendizado, pela oportunidade, pelos professores que me acolheram, o departamento, a instituição em geral, seu corpo docente, a administração e outros colegas, não só da residência universitária, que também foi incrível, foi um espaço que de fato me permitiu viver mais de perto, principalmente com brasileiros. Consegui de fato conhecer pessoas com hábitos de educação e comportamentos diferentes, mostrando que a vida está muito além da academia. Em suma, eu tenho muito que agradecer à Universidade Federal", pontua Amido.
Ele conta que, como estudante, buscou aproveitar todas as oportunidades oferecidas pela UFS, como Pibid, Pibic e Moradia Estudantil, e conseguiu enxergar no PEC-G uma grande oportunidade para estar em uma universidade gratuita de qualidade. "O PEC-G permitiu sair do meu país, deu minha graduação e graças a Deus terminei o meu curso, porque o programa dá essas oportunidades. Eu tinha muito sonho de estudar na USP depois da graduação, consegui entrar na USP para fazer o mestrado. O processo foi longo, mas tudo deu certo. Agora eu vou seguir o meu mestrado na USP, na área linguística, e seguir o meu sonho de ser professor. O mais importante é preparar e ter bagagem e currículo para concretizar os sonhos que eu tenho desenhado ao longo do tempo", detalha Amido.
Funcionamento
Conforme diz o pró-reitor de Graduação da UFS, Dilton Maynard, o PEC-G tem sido uma iniciativa de resultados importantes não apenas para estudantes estrangeiros, mas sobretudo para discentes brasileiros. "No caso da UFS, temos tido a oportunidade de promover diálogos ricos entre universos culturais distintos e, ainda, temos formado profissionais que retornam a seus países de origem ávidos por colaborar no desenvolvimento tecnológico, educacional, além de ajudarem a difundir a cultura brasileira", comenta Dilton.
Para o reitor Valter Santana, "o PEC-G surpreende muito a todos nós. É um programa rico em possibilidades, possibilita a estudantes terem contato com a cultura brasileira, acesso a cursos de graduação e colabora para a internacionalização da UFS. Também ajuda na promoção de ações inclusivas e de valorização do respeito ao outro."
Na UFS, o Departamento de Licenciaturas e Bacharelados da UFS (Delib) é o responsável pelos trâmites acadêmicos do PEC-G. De acordo com a diretora do Delib, Fernanda Correia, anualmente é feita a consulta dos departamentos que ofertam cursos diurnos para que informem, no máximo, duas vagas a serem oferecidas para os estudantes do programa.
"Isso não significa que os departamentos vão ofertar as duas vagas, eles podem, inclusive, não ofertá-las. No que se refere aos setores responsáveis pelo desenvolvimento do PEC-G na UFS, além do Delib tem a Coordenação de Relações Internacionais, vinculada à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, que atua em parceria com o Delib desde 2022, realizando ações de inclusão desses estudantes estrangeiros", detalha Fernanda.
A diretora informa que o PEC-G é administrado pelo Ministério das Relações Exteriores, por meio da Divisão de Temas Educacionais, e pelo Ministério da Educação, em parceria com Instituições de Ensino Superior de todo o país. Desenvolvido em parceria com universidades públicas, federais, estaduais e particulares, o PEC-G faz a seleção de estrangeiros para cursar a graduação em território brasileiro, determinando a adoção pelo aluno do compromisso de regressar ao seu país e contribuir com a área na qual se graduou.
Fernanda explica que a ideia da criação de um programa de governo para amparar estudantes de outros países adveio do incremento do número de estrangeiros no Brasil, na década de 1960, e das consequências que este fato trouxe para a regulamentação interna do status desses estudantes no Brasil. "Havia necessidade de unificar as condições do intercâmbio estudantil e de garantir tratamento semelhante aos estudantes por parte das universidades", pontua a diretora.
Atualmente, no primeiro semestre de 2023, a UFS possui oito alunos com matrícula ativa, sendo seis deles oriundos de países africanos. Dentre os 32 alunos que passaram pela Universidade, 78,1% (25) destes se formaram. "Acho importante destacar que dois estudantes da Guiné-Bissau, após concluírem suas graduações no curso de Letras Vernáculas, foram aprovados em Mestrado de Linguística e continuam seus estudos na USP. Mesmo mediante todas as dificuldades de adaptação a uma nova cultura, puderam explorar seu potencial e concluir sua graduação com excelente aproveitamento além de poderem dar sequência a sua formação em nível de pós-graduação", enfatiza.
Ascom