Com 77 anos de história, o artista plástico Cícero Alves dos Santos, popularmente conhecido como Véio, já levou sua arte a exposições em Veneza e Paris, mas, desta vez, o local de seu mais novo triunfo foi sua terra natal: Nossa Senhora da Glória. Na noite da última terça-feira, 05, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) concedeu a maior honraria da instiuição, o título de Doutor Honoris Causa, ao artesão, no auditório do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
Véio sempre foi "véio", mesmo quando criança. O apelido que se tornou seu nome artístico foi dado por vizinhos e familiares quando, ainda em tenra idade, o menino passava a maior parte do tempo escutando as conversas dos mais velhos. Em seu discurso na solenidade, declamado atrás de uma mesa com algumas de suas esculturas de madeira expostas, o artista contou um pouco da história do Sertão sergipano. E, para contextualizar, disse: “O meu trabalho não é só esculpir. É passar a verdade para o povo”.
"Tenho 70 anos de arte na estrada e na dificuldade. E uma pessoa humilde da roça conseguir mostrar ao povo o que é arte não é difícil, até porque a arte é um forma de expressão que está em cada um de nós. É preciso entender que a arte não passa somente a aparência, mas a qualidade dessa arte em si e do artista", completa Véio.
O reitor da UFS, Valter Santana, fez questão de enfatizar que Véio é um mestre na arte popular sergipana. “Suas esculturas retratam o cotidiano, os costumes, os casos e as lendas do povo nordestino e da cultura sertaneja. De forma autêntica, suas obras carregam consigo não apenas a habilidade técnica do artista, mas também uma narrativa profunda sobre a cultura e a história de Sergipe.”
+Clique aqui para conferir o discurso do reitor da UFS na íntegra
Ao relembrar uma recente e importante conquista da UFS junto ao Ministério da Educação (MEC), ainda o reitor revelou: “É claro que o fato de uma instituição de Sergipe, o menor estado da federação, receber o conceito máximo gera assombro. Parece até que incomoda alguns. Teve gente que perguntou: o que a UFS tem para merecer a nota máxima? Pois bem, senhoras e senhores, a partir de hoje, eu darei como resposta: a UFS tem Véio como doutor. Penso que a justificativa está de bom tamanho”.
O diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS/UFS), Adriano Antunes, é também um artista plástico e colecionador de arte, e partiu dele juntamente com o diretor do Campus do Sertão, Maycon Reis, a proposta do título, que foi aprovada de forma unânime pelo Conselho Universitário (Consu), por meio da Resolução Nº 48/2023.. “Véio é uma memória viva do povo sergipano, um artista reconhecido nacional e internacionalmente, que levou o nome de Nossa Senhora da Glória para o mundo. Véio é a representação máxima do povo sertanejo, da arte e da cultura popular de Sergipe”, ressalta Adriano.
+Clique aqui para conferir na íntegra o discurso de Adriano Antunes
"Nós achamos muito importante que a indicação do título fosse efetivada pelo Campus do Sertão porque Véio é do Sertão de Sergipe e representa em todas as suas obras a cultura sertaneja, inclusive da cidade de Nossa Senhora da Glória. Para a UFS, ter a oportunidade de entregar esse título a Véio imortaliza toda sua obra e homenageia ainda em vida esse artista e sertanejo raíz", celebra Maycon.
Honoris Causa
Maior de todas as honrarias concedidas pela universidade, o título de Doutor Honoris Causa, segundo o Estatuto da UFS, é concedido a personalidades que se destacaram pelo saber seja pela atuação em prol da Filosofia, Ciências, Técnica, Artes e Letras seja pelo melhor entendimento entre os povos ou em defesa dos direitos humanos. O título foi proposto pelos diretores do Centro Campus do Sertão e do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde e concedido por meio da Resolução Nº 48/2023 do Conselho Universitário.
Brunna Martins - Ascom UFS