Ter, 04 de junho de 2024, 10:30

Profissionais de segurança pública terão acompanhamento psicológico especializado
MJ inclui a UFS como uma das parceiras da iniciativa

Uma parceria entre a Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Federal de Minas Gerais – executora do projeto, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Universidade de Brasília, está ajudando a valorizar profissionais de segurança pública em um projeto piloto que deverá ser ampliado para todo o Brasil.

Trata-se do Escuta Susp, uma iniciativa do Ministério da Justiça e Segurança Pública, voltada diretamente aos agentes de segurança pública, visando ao atendimento psicológico desses profissionais. Na UFS, a ação está sob responsabilidade da professora Zenith Delabrida, do Departamento de Psicologia.

“Esta iniciativa é dividida em dois focos, duas estratégias. O primeiro foco é no atendimento online, com protocolos de atendimento desenvolvidos especificamente para profissionais de segurança pública. A gente fez um vasto levantamento na literatura e, além disso, a gente também recebeu alguns treinamentos nesse sentido, de ter um afinamento com a realidade da segurança pública, no que se refere aos policiais militares, bombeiros militares, polícia civil e polícia científica. A segunda estratégia é focada em capacitações de diferentes formas, utilizando o audiovisual, fazendo palestras, lives, dando cursos, trabalhando a educação para a saúde mental, o cuidado psicológico. Vamos fornecer todas essas atividades de forma online”, detalha a professora.

Promoção à vida

Ela explica que a contratação da UFS é feita pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), parte do Ministério da Justiça. “Os atendimentos acontecerão de forma online em três níveis ou três formatos. O primeiro formato é a chegada desse profissional no projeto, quando ele será acolhido, avaliado e, a depender da sua demanda, da sua queixa, ele vai ficar mais ou menos tempo com a gente. Se tiver uma queixa mais pontual, que a gente acha que em até cinco sessões pode ser resolvida, ele fica na parte do aconselhamento. Se a gente achar que, de acordo com a avaliação, ele precisa de um processo mais longo para o cuidado com a sua saúde mental, então ele vai para a psicoterapia, com uma média de 20 a 22 sessões”, esclarece Zenith.

A professora destaca que casos avaliados como mais graves terão atendimento reforçado. “Se a gente achar que o profissional está em uma situação de sofrimento psicológico grande, que pode colocar a própria vida em risco, ele vai para o programa de promoção à vida, que são 12 sessões a princípio, mas com outros desdobramentos. Ele vai precisar ser acompanhado presencialmente e a corporação vai ser acionada nesse sentido. Mas, de maneira geral, a gente tem um modelo mais curto de aconselhamento, um modelo mais longo de psicoterapia e um modelo mais específico focado na prevenção ao suicídio”, observa.


Imagem: Divulgação
Imagem: Divulgação

Prevenção

Zenith Delabrida entende que o Escuta Susp tem uma função de prevenção no sentido de ofertar oportunidade para os profissionais cuidarem da própria saúde mental. “Estão envolvidos no projeto alunos de graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado e profissionais em pós-doc. É uma equipe que organiza o protocolo, os modelos de atendimento e outra equipe para promover esse atendimento. A atualização desse protocolo vai gerar um produto que a gente pode chamar de Tecnologia Social”, ressalta.

A professora orienta aos profissionais interessados que acessem a página do Programa para encontrar as orientações de como se cadastrar para iniciar o atendimento. “A ideia é que tudo seja bastante amigável, intuitivo, de fácil acesso e que a gente consiga uma ampla divulgação desse projeto. As principais parcerias são as próprias corporações e a Secretaria de Segurança Pública de cada estado. Inicialmente, esse projeto está tendo uma fase piloto nos estados do Rio Grande do Norte, Sergipe, Minas Gerais e Distrito Federal, para que no ano que vem a gente possa expandir para todo o país”, acrescenta.

Ainda de acordo com ela, a colaboração da UFS surgiu porque esse projeto, em sua ideia inicial, sempre foi para agregar as universidades e promover o desenvolvimento de conhecimento para a segurança pública. “Existe um foco transversal de criar profissionais, permitir que profissionais sejam formados nessa área. Para isso, eu estou conduzindo um grupo de estudos, trabalhando com o pessoal da graduação, do mestrado e do doutorado para que saiam pessoas habilitadas para trabalhar com essa questão da promoção de saúde mental para a população que trabalha com a segurança pública. Espero que a Senasp se interesse por continuar investindo nas universidades para esse projeto. O meu papel aqui é a coordenação regional, então eu tenho várias atribuições, respondo à coordenação geral e, de maneira geral, estou acompanhando tanto a parte de viabilização do contato com as instituições quanto a parte que envolve implementar o protocolo”, pontua a professora.

Ela comenta que, em resumo, esse é um projeto de pesquisa que visa entregar produtos para serem utilizados na promoção da saúde mental dos profissionais de segurança pública. “A ideia é iniciar uma ação sistemática de desenvolvimento de conhecimento para a promoção de saúde mental desses profissionais. A gente sabe que há fatores claros dentro da atuação desses profissionais que podem impactar a saúde mental, e que ações, tanto de prevenção quanto de intervenção na saúde mental, são fundamentais”, reforça.

“Os índices de suicídio são altos nessa população. Existe a necessidade real de estratégias claras para a promoção de saúde mental na segurança pública. Então a gente convida os profissionais que estiverem tendo acesso a essa matéria jornalística, que se interessem em saber mais sobre Escuta Susp, que venham e se integrem a esta ação tão importante”, complementa.

Andreza Azevedo - Ascom UFS


Atualizado em: Ter, 04 de junho de 2024, 13:41
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