Qua, 17 de julho de 2024, 11:20

Projeto de Extensão promove Acessibilidade Cultural e Pedagogia Teatral na UFS
Iniciativa do Departamento de Teatro visa implementar as tecnologias assistivas orCam MyEye e WeWalk para pessoas com deficiência visual em SE.

Dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o país possui 45,6 milhões (23,9%) de pessoas com deficiência. Um levantamento feito pelo Ministério do Trabalho (MTE), através da Plataforma E-social, apontou que, destas, 545,9 mil atuam no mercado de trabalho, sendo 48,7% com alguma deficiência visual.

Em âmbito estadual, os dados do IBGE mostram que 12,1% da população sergipana possuem algum tipo de deficiência, sendo o maior percentual em território nacional. De acordo com o mesmo levantamento, dentre as capitais, Aracaju registrou 70 mil pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 10,4% da população e o segundo maior percentual dentre as capitais, ficando atrás apenas de Recife (11,1%).


Inicialmente, o projeto seguirá até dezembro de 2024. (foto: Arquivo pessoal)
Inicialmente, o projeto seguirá até dezembro de 2024. (foto: Arquivo pessoal)

As informações sobre a realidade das pessoas com deficiência no país e seu alto índice em Sergipe levaram o professor do Departamento de Teatro da UFS, Carlos Alberto Ferreira da Silva, a desenvolver o projeto de extensão intitulado “Acessibilidade cultural e pedagogia teatral: uma abordagem somático-performativa, cênica e poética com equipamentos de inteligência artificial com as pessoas com deficiência visual”, que tem por objetivo fornecer o acesso de pessoas com deficiência visual a tecnologias assistivas partindo de uma perspectiva de estudos teatrais e performáticos sobre o corpo político da pessoa com deficiência na cidade de Aracaju.

“É uma proposta piloto no estado, tendo como principal objetivo a implantação da orCam MyEye e WeWalk. Ambos são equipamentos de tecnologia assistiva voltados a pessoas com deficiência visual, sendo o orCam MyEye um dispositivo que permite o acesso fácil, intuitivo e instantâneo à informação disponível em tempo real que funciona totalmente offline, lendo texto, reconhecendo rostos, identificando produtos e dentre outras possibilidades através da Inteligência Artificia, e o WeWalk é uma bengala que, conectada à internet, utiliza sensores e dados do próprio Google Maps para compreender os arredores e avisar sobre os obstáculos às pessoas com deficiência”, explica o professor, que desenvolverá o projeto junto a 12 bolsistas na Biblioteca Epiphanio Dória, no Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual e no Colégio Estadual Senador Leite Neto.

O coordenador do projeto salienta ainda que a sociedade também tem sua parcela de contribuição ao processo de inserção das pessoas com deficiência, uma vez que os sistemas sociais durante séculos não contemplaram as necessidades específicas provenientes das deficiências humanas.

“O processo deve ser bi-direcional. Assim, garantir as tecnologias assistivas, com base na Lei Brasileira de Inclusão 13.146/2015, através de produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços, trona-se de fundamental importância para promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação social ativa da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social”, reforça.


Primeira reunião realizada com bolsistas do projeto. (foto: Arquivo pessoal)
Primeira reunião realizada com bolsistas do projeto. (foto: Arquivo pessoal)

A primeira reunião do projeto com os bolsistas discentes ocorreu na última sexta-feira, 5, na sala de aulas práticas do Departamento de Teatro (DTE) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e eles se mostraram motivados com a iniciativa extensionista.

“O fato de trabalhar com PCD e usar a tecnologia pela qual tenho formação, a arte que é minha paixão e a educação inclusiva foram fundamentais para a minha participação no projeto. Quando cursei a disciplina de Educação Inclusiva, fiquei fascinado pela forma que ela pode somar no contexto da acessibilidade e, atrelado ao meu conhecimento e aos colegas do projeto, acredito que ele seja de excelência para a comunidade e em benefício dela”, conta Rivanisson Santos da Cruz, estudante do 3º Período de licenciatura em Teatro da UFS.

Cursando o 6º período de licenciatura em Educação Física e já graduado na modalidade bacharelado também pela UFS, o estudante Enaldo Boaventura reforça os benefícios do projeto para a autonomia das pessoas com deficiência.

“Como pessoa com deficiência visual, acho a relação da acessibilidade com as artes cênicas um grande passo para os desdobramentos da nossa autonomia e pertencimento social, uma vez que nos faz conhecer um pouco mais da nossa estrutura corporal frente ao mundo, que pouco ou nada enxergamos. Para além disso, é relevante que o meio acadêmico dissemine cada vez mais a importância e a necessidade das ferramentas de tecnologia assistiva para que possamos estar inseridos em todos os ambientes e cenários sociais”, diz Enaldo.

Inicialmente, o projeto seguirá até dezembro de 2024 e conta com doze bolsistas remunerados das áreas de Cinema, Educação Física, Direito, História, Jornalismo, Letras, Psicologia e Teatro, sendo cinco deles estudantes com deficiência visual.

Jéssica Vieira - Ascom UFS


Atualizado em: Qua, 17 de julho de 2024, 11:17
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